Telma reverencia o pioneirismo da Unisantos

Entidade recebeu Placa Comemorativa

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O pioneirismo da Sociedade Visconde de S. Leopoldo, mantenedora da Unisantos, deu o norte da homenagem prestada pela vereadora Telma de Souza (PT) aos cursos da universidade que completaram 40 anos. Em solenidade realizada na última sexta-feira (25/06/10), foi concedida uma Placa Comemorativa de Honra ao Mérito aos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Serviço Social.
 
Proposta por Telma, a sessão foi presidida pelo vereador Marcelo Del Bosco (PPS) e contou com a presença da direção, representada pelo reitor Marcos Medina, professores, funcionários e alunos da universidade. Confira na íntegra o discurso de Telma.
 
Construindo o saber, formando o pensamento
 
É com muito orgulho que recebemos todos na data de hoje para celebrarmos o ensino acadêmico com a entrega de uma singela, mas profunda homenagem, pelo seu significado, pela intenção, pelo simbolismo reunido em torno da exaltação do conhecimento.
 
Ao louvarmos o saber, seus promotores, seus beneficiários, sua construção coletiva e dinâmica, nós reverenciamos uma história de pioneirismo, de conquistas, da promoção do homem e do ser humano, das ciências e da evolução permanente da espécie e do planeta. Não fossem a coragem e a ousadia da Sociedade Visconde de S. Leopoldo, uma instituição solidificada, firme em seus propósitos, detentora do respeito e da admiração de toda a comunidade, jamais poderíamos hoje celebrar os 40 anos da criação dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Serviço Social.
 
O início desta trajetória remete-nos a tempos que não podem ser considerados fáceis. A partir dos anos 50, o país atravessou crises diversas. Uma sociedade em construção vivia, na pele, a dureza do desabrochar de um processo político autônomo, inaugurado com a República, menos de um século antes. Aplicar esforços e investir no ensino, na formação do homem, não era exatamente uma tarefa realizada com tranquilidade. O regime de exceção do final dos anos 60 não facilitava o ato de ensinar, de formar, por meio do exercício e do estímulo do livre-pensar. Foi necessário conviver com as adversidades de um tempo não propício à pesquisa, à iniciação científica, ao questionamento, ao pensamento independente, como pressupõe o bom saber.
 
Dificuldades à parte, a instituição estruturou-se, construindo uma marca sólida, forte e reconhecida, a partir do trabalho, do empenho e da dedicação. É de louvar a opção pela criação de cursos humanistas, com forte bagagem na preparação de seus alunos para um mundo que se descortinava perante os avanços mais significativos da tecnologia. Preparar o homem para o convívio social que ora se desenhava, a partir da segunda metade do século passado, com as transformações no cotidiano das pessoas quanto à economia, política, as novas ideias que chegavam com a televisão, com os ideais de uma imprensa livre, com o esforço de redemocratização, exigiram permanente atualização, aprofundamento, manutenção de princípios éticos e morais, e foco em um conteúdo humanista e filosófico, de ideal de um mundo melhor, da utilização do saber para promover o bem-estar do homem, do seu meio, da humanidade e do planeta.
 
Estes méritos e opções elencados caracterizam de forma eloquente o pioneirismo de um grupo que soube, ao longo do tempo, dialogar com a sociedade, ora representando-a, sempre servindo-a, prestando-lhe um relevante serviço, e, mais do que formando pessoas, formando pensamento.
 
É inestimável o quanto a Unisantos contribuiu para a elevação da inteligência humana, que jamais se poderia dizer, inteligência local, uma vez que o saber é universal. Confirma esta constatação a presença, por sucessivas décadas, de profissionais formados em Santos, hoje ao redor do mundo, participando da condução dos destinos da Pátria, de diversas instituições, atuando, influenciando, tendo a oportunidade de praticar e aprimorar os ensinamentos colhidos, em constante evolução.
 
Quantas não são hoje as gerações que vivem do seu profissionalismo, mantendo sua prole a partir de sua atuação sócio-trabalhista, usufruindo e reciclando os conhecimentos adquiridos nas áreas de saber escolhidas para o decorrer de suas vidas. Com confiança, gerações de formados disputam o concorrido mercado de trabalho, de igual para igual com estudantes das maiores instituições do país.
 
Ao homenagearmos os 40 anos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Serviço Social, homenageamos toda uma história de dedicação pessoal e coletiva de uma instituição, de seus dirigentes, professores, funcionários e seus alunos. Estes são merecedores de todo o apreço, de carinho, atenção e zelo por parte dos dirigentes; afinal, constituem o motivo de existência da universidade. O estudante precisa ser compreendido em sua essência. Quando ele vai para os bancos escolares, está se dispondo a assimilar aquele conteúdo oferecido, ele aceita aquele pensar, ainda que questione. O questionamento é natural, saudável, inerente ao ser. O aluno quer participar, ajudar a decidir o futuro e os destinos do seu meio, do seu redor, de sua vida, da instituição em que está e, por que não, do seu país. Este ímpeto não é, se não, uma mostra de que ele acredita em si mesmo, na pedagogia do seu curso e na universidade que frequenta.
 
Certamente, e aqui faço um apelo, afirmando crer que a universidade e as lideranças estudantis, bem como o conjunto representado pelo corpo discente e docente, abrirão um canal de diálogo, a fim de construir as possibilidades de entendimento e de harmonia, sempre que necessário.
 
Ao homenagearmos o curso de Arquitetura e Urbanismo, reverenciamos aqueles que por opção escolheram ensinar ou aprender sobre o desenho, a fruição, a reflexão sobre o lugar de morar, suas premissas estéticas e culturais, a qualidade de vida por meio da construção harmônica das cidades. Reverenciamos aqueles que acompanham e estudam o desenvolvimento do Urbanismo, observando o crescimento do país - evoluindo de uma economia agrária, um Brasil rural, para as grandes metrópoles -, de uma sociedade comunitária, para um modo de vida cosmopolita, uma sociedade societária.
 
Arquitetura e Urbanismo descrevem de forma poética como diversos fatores provocam a mudança de concepção quanto aos modos de construir, de habitar, de espelhar no aço, no concreto, na madeira, ou em outros materiais, seja o objeto uma máquina de morar, um abrigo coletivo, uma casa de artes, uma oca, taba ou ainda um suntuoso palacete. Metafisicamente, a casa simboliza o próprio receptáculo do espírito humano, ou seja, seu corpo é a sua casa, donde redundam seu pensamento e sua ação.
 
A Arquitetura ajuda-nos a criar novas e diferentes formas de olhar e interferir positivamente sobre o universo, a compreender como o homem evoluiu em sua forma de arquitetar e em suas elaborações.
 
Ao homenagearmos a Publicidade e a Propaganda, exaltamos nossas capacidades de comunicação, hoje muito caracterizadas justamente por esta linguagem, qual seja, veloz, fugaz, em que o meio é a mensagem. Exaltamos campos do conhecimento como a criatividade, o humor, o refinamento, dialogando com os padrões de comportamento, em que a linguagem flerta com o cinema, o teatro, a telenovela e as diversas formas de expressão.
 
O saber do marketing provou ser de vital importância, não apenas para vender um produto, mas, e principalmente, ideias. Refletido em todas as mídias, contribui na disseminação de mensagens de reforço positivo para uma sociedade ou nação, quer seja numa campanha contra as drogas, de saúde pública, ou que exija mudança de comportamento.
 
O profissional de Relações Públicas, a seu turno, caracteriza-se pela exata compreensão da dimensão da diplomacia em seus vários ambientes, seja industrial, comercial, negocial, financeiro, mercadológico, político ou social. Trata-se do ser humano com noção precisa da grandeza das instituições, de sua preservação, da polidez nas relações, da necessidade da construção e manutenção permanente de canais de diálogo entre os diversos atores e agentes sociais. Tarefa nobilíssima em nossa sociedade moderna, por vezes extremamente áspera.
 
O que dizer do segmento que precisamente significa a ação naquilo que o homem mais necessita, seja o bem estar pessoal ou familiar, relacionamento social, saúde, ou outra demanda. O serviço social não o abandonará, nunca. Ao contrário, vai ampará-lo, ouvi-lo em sua intimidade, encaminhando-o, fortalecendo-o. Não é possível que haja corporações sem o serviço social, não é possível que haja a indústria sem o serviço social, ou, a empresa, o município, o Estado e o país.
 
Trata-se de um setor em que houve grande evolução do pensar, permitindo e promovendo teses e concepções que nos permitem, hoje, termos programas como o Renda Mínima, o Bolsa-Família, baseados na visão do cidadão enquanto pleno de direitos, no gozo total de suas capacidades. E, quando tal não houver, o serviço social atuará na remediação, na reparação, no resgate do indivíduo em suas aspirações mais essenciais, no amparo ao desamparado, no estímulo ao ser, para que ele seja atuante, protagonista, capaz de decidir, estimulando e aplaudindo a vitória do ser humano em todos os campos da vida. Enfim, construindo a cidadania.
 
A atuação histórica e firme da Sociedade Visconde de S. Leopoldo na construção, descoberta e transmissão do saber, nestas áreas específicas aqui hoje delineadas, constitui ação por demais benéfica e transformadora do universo. Brindamos a este passado de glória, em que a ética tem sido o fio condutor, a linha mestra a edificar uma trajetória de sucesso, de honradez, de princípios e conteúdos humanistas, tão bem contemplados pelas faculdades, nos seus cursos hoje homenageados, com a concessão de Placa Comemorativa de Honra ao Mérito.
 
Muito obrigada,
 
Telma de Souza