Risco Brasil desaba pelo terceiro mês e registra maior queda do ano

O risco Brasil desabou 12,6% em agosto, o maior tombo desde dezembro passado. Foi o terceiro mês seguido de queda, após recuar 8,6% em julho e 7% em junho. Mas o indicador ainda acumula alta de 12% em 2004. Quanto menor o risco, mais barato fica a tomada de empréstimo no exterior.

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Nesta terça-feira, o risco-país, medido pelo banco norte-americano JP Morgan, subiu 1,76% e somou 518 pontos. Segundo o diretor da corretora López Leon, Felipe Brandão, a alta refletiu um movimento de realização de lucros. Alguns investidores preferiram vender títulos da dívida externa no mercado secundário e aguardar o lançamento de novos bônus pelo governo brasileiro.

Na próxima semana, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, e o diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman, farão uma viagem, na próxima semana, para a Europa, onde vão visitar grandes investidores institucionais.

A expectativa é a de que as conversas abram espaço para um lançamento de títulos da dívida externa brasileira em euro, mas o governo nega que a viagem seja um "roadshow" (apresentação) do novo bônus. O Tesouro Nacional e o BC ainda não divulgaram o roteiro da viagem.

A última captação externa do Brasil foi feita no último dia 7 de julho, no valor de US$ 750 milhões com emissão de papéis de dez anos. Foi a oitava operação realizada pelo governo Lula, que ainda não fez nenhuma emissão de bônus em euro.

Os investidores estrangeiros voltaram a apostar nos ganhos proporcionados pelos títulos da dívida externa do Brasil. Sem perspectiva de uma forte alta dos juros nos EUA, os papéis dos países emergentes, liderados pelo Brasil, oferecem a possibilidade de um lucro maior e mais rápido.

Nas últimas semanas, o governo Lula divulgou dados que costumam agradar os credores da dívida externa, como os bons números do superávit primário (economia de recursos para pagar juros da dívida), de arrecadação de impostos, além de sinais de recuperação da atividade econômica (aumento da produção industrial, das vendas do comércio e redução do desemprego). Nesta terça-feira, foi divulgado que a economia brasileira cresceu 4,2% no primeiro semestre, a maior taxa desde 2000.

Até o preço do petróleo deu uma trégua. Após encostar em US$ 50 há duas semanas, o barril devolveu parte da forte alta dos últimos meses. Hoje, o principal contrato de petróleo na Nymex (Bolsa Mercantil de NY) --com entrega para outubro-- recuou 0,38% para US$ 42,12.

SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online