Protesto contra área privada em praça pública

Vereador invoca Castro Alves, Rui Barbosa e Caetano para criticar estacionamento privado em um espaço público, no Centro.

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O vereador Reinaldo Martins voltou a criticar duramente a CET e a Justiça Federal por manterem um estacionamento privado em um espaço público, no Centro. Ao falar em plenário na sessão de segunda-feira, dia 12 de fevereiro, Reinaldo lembrou versos do poeta baiano Castro Alves para tratar do tema: "A praça é do povo como o céu é do condor". No entanto, disparou o vereador, "a Praça Barão do Rio Branco agora se tornou espaço de privilegiados", disse.

Há meses, a CET fechou parte da praça, o­nde antes funcionava terminal de algumas linhas de ônibus, para estabelecer informalmente um estacionamento para funcionários da Justiça Federal. A justificativa de alguns juízes é a insegurança gerada por conta dos ataques do PCC, que não mais ocorrem.

"Tanto a CET quanto a Justiça Federal insistem em desrespeitar os direitos do cidadão. Pior, a CET ignora também o poder Legislativo, pois, embora tenhamos contestado essa prática já há algum tempo, só agora se manifestou na imprensa em resposta a uma carta publicada no jornal A Tribuna recentemente", ressaltou o vereador, citando ainda trecho de Oração aos Moços, escrita por Rui Barbosa.

Reinaldo lembrou que fiéis e o frei da Igreja do Carmo também têm protestado contra o abuso e fizeram até manifestação no Centro. "Como nem o presidente da CET e nem o Papa fizeram alguma coisa para solucionar o problema, talvez o bispo tenha de protestar para que o poder público ouça o cidadão e acabe com a pouca vergonha em se manter um privilégio indecente enquanto o cidadão santista tem de pegar ônibus quase no meio da rua para voltar para casa".

O vereador ainda invocou outro baiano, ao encerrar sua fala. "Como Caetano escreveu no início da letra de um frevo: ´A praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião´, espero que a Praça Barão do Rio Branco volte a ser do cidadão santista".

Oração aos Moços
Parece que Rui Barbosa estava certo, em Oração aos Moços. "De tanto ver triunfarem as nulides e agigantar-se o poder dos bons nas mãos dos maus. O homem chega a rir-se da virtude e ter vergonha de ser honesto". O clássico discurso do jornalista e advogado foi proferido em 1920, em formatura da turma da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que o convidou para ser paraninfo.

Na verdade, Rui Barbosa não compareceu porque sua saúde estava bastante debilitada. Mas o mestre  escolheu o professor Reinaldo Porchat para ler o discurso, que se tornaria uma obra até hoje alvo de inúmeros estudos.
Em Oração aos Moços, Rui Barbosa fala de valores, posturas, princípios, ética e ressalta a justa aplicação da lei, lembrando que o direito dos mais miseráveis dos homens não é menos sagrado, perante a justiça, que o do mais alto dos poderes.

Gabinete Vereador Reinaldo Martins