Santos é uma cidade portuária e não uma cidade com porto. Esta afirmação, na avaliação do secretário Municipal de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, Sérgio Aquino, é fundamental para entender e planejar a cidade e esta conscientização precisa ser coletiva e considerada pelos gestores públicos. Com essa reflexão, o secretário abriu o último painel do seminário O Porto da Minha Casa, realizado pela Câmara Municipal de Santos dia 25 de abril, numa iniciativa do vereador Reinaldo Martins, presidente da Comissão Permanente de Cultura.
Aquino falou sobre a origem de Santos a partir das atividades portuárias e afirmou que o "DNA portuário de Santos é indestrutível. Tudo que acontece no porto reflete na cidade e vice-versa." Segundo o secretário, entender quem somos e onde queremos chegar como cidade e porto é fundamental para discutir a relação entre os dois pólos. Durante muito tempo, ressaltou, a cidade se mostrou cosmopolita, mas de fato se comportou como provinciana quanto confrontada com a questão portuária e muito se perdeu. Ele lembrou que em 1993, quando o primeiro grande passo para a modernização se deu, poucas empresas santistas perceberam o momento e tiveram agilidade para ocupar o novo cenário. Por isso, destaca, a cidade precisa estar atenta ao que ocorre no mundo e aberta à comunidade externa.
Aquino citou experiências de cidades portuárias, como Roterdã, que soube estar atenta às mudanças e saber interferir no processo de modernização.
Destacou como outras cidades enfrentaram as alterações na relação de trabalho, requalificando principalmente sua mão-de-obra. O Brasil, disse, entrou neste processo 25 anos atrasados e as consequências sociais foram as piores possíveis. Resultado disso em Santos foi o pior possível porque o governo federal nas gestões passados cometeu graves erros, escolhendo modelos falhos.
Mudanças no porto ao longo do tempo
O secretário Sérgio Aquino resgatou no desenvolvimento e o período em que o porto de Santos cresceu e estagnou-se e destacou as mudanças provocadas com a chegada dos contâineres. "Sabemos que os contâineres devolveram ao porto sua competitividades, mas também sabemos que houve os reflexos negativos iniciais e transitório nos municípios portuários, principalmente com a reducão dos postos de trabalho. A realidade da transição portuária na região foi recessão econômica, problemas sociais e urbanos."
Hoje, com o novo cenário, as mudanças exigem a participação da comunidade.
Outras cidades na Europa, lembrou, enfrentaram melhor estas mudanças porque dedicaram maior atenção aos aspectos urbanos e arquitetônicos, investiram em requalificação, em atividades logísticas e idustriais. "O Porto tem de voltar a ser amigo da cidade".
Para alcançar este objetivo, o secretário expôs as ações da Prefeitura, como Porto-Educação, que prevê a inserção de disciplina específica na rede municipal; Porto Convívio urbano, Dia a ver Navios e rota alternativa de ônibus para turismo marítimo.
"Temos de trabalhar com o conceito de complexo portuário e não mais como porto e dele temos que falar". Aquino falou ainda das propostas de revisão do sistema viário deste complexo e defendeu a ligação do continente com a ilha paralelamente ao projeto Barnabé-Bagres. Destacou dois grandes projetos, o de Expansão do porto e de revitalização urbana.
Comentário durante seminário "Porto da Minha Cidade" realizado em 25/04/08