Ministro Amorim é homenageado pela Câmara

Chanceler recebeu medalha Braz Cubas

Compartilhe!

2 curtiram

O ministro de Relações Exteriores, o santista Celso Amorim, foi saudado no dia (12/08/10), em nome da Câmara Municipal, pela vereadora Telma de Souza (PT), como o responsável pelo direcionamento humanista da política externa brasileira. “Uma política acertada e justa que incluiu entre seus objetivos a luta contra a fome, a pobreza e o unilateralismo”, afirmou Telma.

Numa proposta da parlamentar, aprovada por unanimidade no Legislativo de Santos, Amorim foi homenageado com a Medalha de Honra ao Mérito “Braz Cubas”. O ato, conforme discurso da autora da honraria, prestigiou não apenas o chanceler, mais a figura humana de Celso Amorim e a nova condição do Brasil e da sua diplomacia no cenário internacional, focada principalmente nas forças de paz e na resolução de conflitos.

“Sob a batuta de Celso Amorim, o Brasil exerceu uma diplomacia generosa, sem descuidar da defesa dos interesses nacionais, sem medo de enfrentar contenciosos comerciais”, afirmou.

À vontade, o ministro relatou a história familiar e de como viveu em Santos, onde nasceu há 68 anos. Falou de sua vivência, na forma de conduzir as questões que surgem. Discorreu sobre o avanço alcançado pelo país. “Nós comerciamos com o mundo inteiro, nós vendemos, recebemos investimentos estrangeiros, os nossos turistas vão ao exterior, os de fora vem ao Brasil. E tudo isso acontece porque o mundo está em paz. E nós, como um grande país, temos de contribuir com esta paz. E temos de pagar o nosso preço. O ideal é que este preço seja o preço diplomático. É o mais barato que se pode pagar”.

Após a sessão solene, o ministro atendeu a imprensa e respondeu sobre as mais variadas questões relacionadas à diplomacia brasileira. Veja nos principais jornais.

Leia na íntegra o discurso de Telma de Souza

A GRANDEZA DAS PESSOAS DE SANTOS

Este ato tem um valor histórico que as futuras gerações interpretarão como o orgulho de um povo, de uma cidade, ou nação. É de um brilho tal qual a polidez das relações entre estas duas casas, a Câmara de Vereadores de Santos e a Associação Comercial de Santos, irmanadas neste solene ato. São entidades de extrema fidelidade no registro histórico da grandeza de sua cidade, da sua economia, da sua política e da sua gente.

Cumprimento a presidência da Câmara e demais vereadores, diretoria da Associação Comercial, na pessoa do Sr. Presidente Michael Timm, gentil anfitrião, embaixadores, secretários, assessores  do Sr.  Ministro.

Em linguagem musical, o empilhamento de valores (notas) neste ato cria uma escala de cromatismos, dando nobre melodia a tão singela, porém tão valiosa homenagem, com a concessão da Medalha de Honra ao Mérito “Braz Cubas”.

Muito nos honra, a presidência da Câmara, demais vereadores, autoridades presentes, a todos os convidados, santistas e também aqueles que adotaram esta cidade para viver, a Baixada Santista e o estado de São Paulo, receberem na data de hoje, em solenidade, nesta Associação Comercial de Santos, o Excelentíssimo Sr. Ministro de Relações Exteriores da República Federativa do Brasil, Celso Luiz Nunes Amorim.

Digo da grandeza deste ato, uma vez que esta homenagem ocorre justamente quando o Brasil celebra no mundo uma nova condição de soberania, de prestígio e de respeito. Esta nova era na diplomacia exercida pelo Brasil na comunidade internacional não ocorre senão, pela condução correta, justa e acertada, com vistas a buscar um mundo de paz, tendo à frente, para nós, santistas, orgulhosamente, o nosso querido homenageado.

Não à toa a imagem do Brasil no mundo emerge ligada às forças de paz e segurança, em defesa de nobres valores, como os direitos humanos ou no combate à fome ou ainda na reconstrução de um país abalado por catástrofe. É exemplar na nova ordem mundial o esforço brasileiro em usar a sua influência na solução pacífica de conflitos, quer sejam entre nações ou entre uma nação e determinado cidadão.

Esta nova diplomacia, diante das profundas e aceleradas transformações políticas e econômicas no cenário internacional, soube pautar-se pela mais alta doutrina, mas também, pela mais alta sensibilidade em relação aos problemas que afligem ou podem vir a afligir povos, indivíduos ou a relação entre povos.

Por isso, senhoras e senhores, é de inestimável significado, sob todos os aspectos, celebrar hoje, este novo momento da diplomacia brasileira, esta nova condição do Brasil, de reconhecimento e respeito diante da comunidade mundial. Principalmente, quando temos à frente aquele que se tornou o responsável pelo direcionamento humanista da política externa brasileira atual, que incluiu entre seus objetivos a luta contra a fome, a pobreza e o unilateralismo.

A gestão do ministro Celso Amorim à frente do Ministério é de uma eficácia que deve ser reconhecida. Ao tempo em que se beneficiou da política econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agregou valor a ela, impulsionando os negócios comerciais das empresas brasileiras por todo o globo terrestre.

O crescimento da economia brasileira promovida por Lula permitiu que o Brasil conseguisse pagar a sua dívida externa, recuperando a credibilidade com os analistas, os organismos e os investidores.  Ao emprestar dinheiro para o Fundo Monetário Internacional - FMI, como fez o Brasil, o país passou de devedor a credor, rompendo definitivamente com uma imagem do passado. O Brasil ainda perdoou dívidas de outros países e ajudou, emprestando a necessitados.  Mas, antes de tudo isso, e até porque um país não é respeitado se não respeita a sua gente, o Brasil de Lula fez o Programa de Aceleração do Crescimento. O país foi transformado num canteiro de obras, de infraestrutura como estradas, usinas de energia, pontes, dragagem de portos, habitações, gerando desenvolvimento, promovendo renda para a classe trabalhadora, e mais: inclusão social e econômica.

Dentro do novo sistema geopolítico, a diplomacia exercida pelo Brasil, com Celso Amorim à frente do seu principal instrumento de política exterior, soube manter, aprimorar e fazer novos parceiros comerciais, tanto globalmente, quanto em blocos regionais. O Brasil investiu na diversificação das parcerias comerciais, ampliando e criando mercados para o agronegócio e para a indústria nacional. Foi sob a batuta de Celso Amorim que o Brasil participou, pela primeira vez, do G8, o grupo das maiores economias do mundo.

Esta nova condição do Brasil, ator principal no novo cenário global, não foi conquistada senão pela condução firme e deliberada de uma política sintonizada com os principais acontecimentos mundiais. Para que o país possa ter posicionamento franco sobre questões estratégicas ou do dia-a-dia, é necessário o acompanhamento profundo dos diversos cenários. Somente assim e com muito respeito, é possível ao país agir com segurança e soberania. Para tanto, competência e dinamismo são alguns dos predicados necessários à diplomacia ora aqui reconhecida.

Predicados que Celso Amorim foi colher no Instituto Rio Branco, a escola brasileira de formação de diplomatas, em Brasília, onde se formou aos 25 anos de idade. Filho de uma família atuante no ramo do café, este diplomata brasileiro, é nascido em Santos, a 3 de junho de 1942. Concebido no mesmo solo de outros personagens de nossa história, aos quais o Sr. já faz companhia na galeria de ilustres, tais como Martim Afonso de Souza, José Bonifácio de Andrada e Silva, e outros mais de renome, seja no campo das artes, da política, da justiça, alguns deles, também em Brasília, como o ministro do Supremo, César Peluso, e outros santistas que fizeram e fazem nos orgulharmos.

A tão nobre carreira de diplomata escolhida, no entanto, nunca empanou os olhares atentos e humanos, que hoje são responsáveis por guiar a política exterior brasileira. Formado ainda jovem, com o seu empenho, o estudioso Celso Amorim, logo em seguida, obteve o título de pós-graduação em Relações Internacionais pela Academia Diplomática de Viena, na Áustria. Isto foi no ano de 1967.

Ainda sem saber que se tornaria Ministro de Relações Exteriores, a carreira acadêmica foi por longos anos, uma preparação. De aluno, tornou-se professor no Instituto Rio Branco, na cadeira de Língua Portuguesa. Na Universidade de Brasília - UnB foi professor de Ciência Política e Relações Internacionais. Na Universidade de São Paulo – USP é membro permanente do Departamento de Assuntos Internacionais do Instituto de Estudos Avançados.

Mas, foi em 1987 que Celso Amorim começou efetivamente a sua atuação dedicada a servir ao país em grandes fóruns. Foi nomeado secretário para Assuntos Internacionais do Ministério da Ciência e Tecnologia. Nesta função, permaneceu até 1989. Ainda naquele ano tornou-se o diretor-geral para Assuntos Culturais no Ministério das Relações Exteriores.

Em 1990 foi nomeado diretor-geral para Assuntos Econômicos. E, em 1992, foi representante do Brasil no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Assumiu pela primeira vez como titular o cargo de ministro de Relações Exteriores, em 1993, aí permanecendo até 1995.

Nos quatro anos seguintes, Amorim foi chefe da Missão Permanente do Brasil nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Em 99 assumiu a chefia da missão brasileira na Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, Suíça. E, em 2001, foi transferido para Londres, assumindo a embaixada brasileira no Reino Unido.

Em 2003, Celso Amorim foi convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser seu chanceler e assumiu pela segunda vez, o Ministério de Relações Exteriores. Permanece até os dias de hoje, sendo um dos únicos da formação do primeiro gabinete do presidente Lula.  Em 7 de outubro de 2009, a revista norte-americana Foreign Policy indicou Celso Amorim como "o melhor chanceler do mundo".

Celebrando este brilhantismo de soberania e diplomacia representado pelo nosso homenageado, é de elevado espírito, neste momento, dar as honras a este que soube manter uma política externa generosa, porém, em defesa dos interesses nacionais, sem medo de enfrentar contenciosos econômicos, vencendo alguns deles, expondo-se aos holofotes da opinião internacional. De uma vez por todas, o Brasil tem vez, tem voz, não pode e não deve se omitir diante das questões mundiais. Aceite, humildemente, Excelentíssimo Sr. Ministro, pelo conjunto da sua obra em favor do Brasil e dos povos, a Medalha de Honra ao Mérito “Braz Cubas”.

Telma de Souza, vereadora - PT