Uma experiência de dor, revolta, mobilização e solidariedade. O livro “Do silêncio ao grito contra a impunidade: o caso Márcia Leopoldi” traz o relato de um assassinato brutal cometido em Santos 23 anos atrás, mas cujo desfecho só aconteceu em 2005, quando o homicida foi preso no Maranhão, após sua foto ter sido divulgada em um programa de televisão.

A obra, escrita por Deise Leopoldi, foi lançada no dia 13/11/07, às 18 horas, na Sala Princesa Isabel, por iniciativa da vereadora Suely Morgado (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal. A parlamentar deseja que o livro sirva de instrumento de discussão e reflexão sobre a violência contra as mulheres. Além da autora do livro, esteve presente na audiência uma das fundadoras da União das Mulheres de São Paulo, Maria Amélia de Almeida Teles.

Márcia Leopoldi era uma estudante de Arquitetura, de apenas 24 anos, quando foi torturada e estrangulada pelo ex-namorado, José Antonio Brandão do Lago, após ter rompido um relacionamento de apenas três meses.

O agressor foi condenado a 15 anos de reclusão em 1992, em um julgamento que se tornou célebre por causa das manifestações de movimentos feministas e pelo duelo verbal travado entre os advogados   Vicente Cascione (defesa) e Waldir Troncoso Perez (acusação), com a participação do promotor público Octávio Borba Vasconcellos Filho.  Entretanto, o mandado de prisão foi expedido somente 84 dias depois da condenação, quando Lago já havia desaparecido da cidade.

A irmã de Márcia, Deise Leopoldi, fez de tudo para que o caso não caísse no esquecimento. Em 1995, conseguiu que fosse aprovada uma moção de apoio na Conferência Mundial da Mulher, em Beijing, e encaminhou uma representação à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA no ano seguinte.  

Ela passou a participar de movimentos feministas e tornou-se diretora do grupo União de Mulheres de São Paulo. Em seus contatos com a imprensa, foi convidada a participar do programa Mais Você, comandado por Ana Maria Braga, na TV Globo, quando mostrou a foto do assassino. No mesmo dia, Deise recebeu telefonema de um telespectador sobre o paradeiro de Lago. A denúncia foi confirmada. Cerca de 48 horas depois, o assassino foi preso no Maranhão. Atualmente, Lago cumpre pena em São Vicente e pode ser beneficiado com o regime semi-aberto.

O livro ainda traz informações gerais sobre a violência contra a mulher e observações sobre a Lei Maria da Penha, que criou novos mecanismos de proteção à mulher vitimizada.

Mais informações: 3219-5707
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