(Jornal A Tribuna - Quinta-Feira, 24 de Maio de 2007, 08:18)

Da Redação

Anualmente, cerca de 12 mil trabalhadores segurados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) se afastam das atividades profissionais devido a Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (Dort) e a Lesões por Esforços Repetitivos (LER).

Tendo em vista que os segurados da Previdência representam apenas um terço da População Economicamente Ativa (PEA) e que 85% dos casos de afastamento por LER e Dort não são notificados como acidente de trabalho pelos empregadores, este número, na prática, é muito maior.

As informações foram divulgadas por Maria Maeno, médica e pesquisadora da Fundacentro (instituição ligada ao Ministério do Trabalho que desenvolve pesquisas sobre a segurança do trabalho), durante audiência pública promovida ontem pela Comissão Especial de Vereadores (CEV) da LER/Dort, que é presidida pelo vereador José Antonio Marques Almeida, o Jama (PDT).

A médica afirmou que a maioria dos empregadores não emite a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) em casos de afastamento por LER ou Dort por receio de difamar a imagem da empresa ou para não arcar com os benefícios garantidos por lei aos trabalhadores em caso de afastamento por acidente de trabalho, como a estabilidade de emprego de 12 meses após o período de afastamento médico.

Porém, a outra palestrante do dia, a médica perita do INSS, Adalís Antonio Lopes dos Santos Soares, que representou a gerente-executiva do órgão em Santos, Ivete Bittencourt, explicou que a tática das empresas para “camuflar” afastamentos por acidente de trabalho sofreu um grande golpe com a criação do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP), que passou a ser colocado em prática no dia primeiro de abril deste ano.

Com o NTEP, a CAT não será obrigatória no momento da concessão do benefício por acidente de trabalho. De acordo com Adalís, a partir de agora, o médico perito do INSS irá avaliar a doença que o trabalhador está sofrendo e confrontar o seu código na Classificação Internacional de Doenças (CID) com o ramo de atividade econômica da empresa e, se for constatado que no exercício de sua função o trabalhador está exposto ao risco de contrair tal doença, o acidente de trabalho fica comprovado.

As especialistas esperam que o número de segurados afastados por acidente de trabalho com LER e Dort deva crescer significativamente.

O que são LER e Dort

As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Dort são representadas por tenossinovite, tendinites, síndrome do túnel do carpo, bursite, entre outras. Elas atingem principalmente os membros superiores e o pescoço. São causadas por esforços repetitivos, má postura, condições inadequadas de trabalho. Os especialistas afirmam que as pessoas que sofrem de algum tipo de LER ou Dort podem desenvolver outras doenças, como ansiedade, medo e depressão.

Como prevenir

Estas doenças podem ser prevenidas com a adoção de posturas e ritmo de trabalho adequados, pausas durante o horário de serviço. Evitar o estresse, a insatisfação no trabalho, ambientes excessivamente frios ou quentes e realizar alongamentos e exercícios também ajudam a prevenir as LER e as Dort.