Legislativo promove Sessão Solene no aniversário da Cidade

Atividade aconteceu na Sala Princesa Isabel

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Sábado 26/01/08 ao completarar 462 anos de fundação de Santos, a Câmara Municipal promoveu Sessão Solene às 11h, na Sala Princesa Isabel, no Paço Municipal. A solenidade foi presidida pelo presidente da Casa, o vereador Marcus de Rosis e contou com diversas autoridades, entre  eles o prefeito João Paulo Tavares Papa, o ministro dos Esportes Orlando Silva, o diretor executivo da Agem (Agência Metropolitana da Baixada Santista), Rubens Lara, como representante do governo José Serra e o prefeito de Paranaguá (PR), José Baka Filho.

Na ocasião, foi outorgado o “Diploma de Gratidão” ao historiador Waldir Rueda, conforme Resolução nº 95, de 05 de outubro de 2006. A homenagem fez parte da solenidade e o vereador Braz Antunes Mattos Neto fez o discurso alusivo ao aniversário da Cidade e de saudação ao diplomado. Após a cerimônia, o prefeito agradeceu o empenho de cada secretário da atual administração municipal, destacando a importância de se manter a Cidade comprometida não só com seu passado de glórias, mas também com o que é importante para o seu futuro.

Travessia Renata Agondi - Já a entrega da Medalha de Honra ao Mérito – III Travessia Renata Câmara Agondi, conforme Resolução nº 104, de 9 de dezembro de 2005 que institui a medalha, foi realizada no mesmo dia, a partir das 13h, no palanque armado em frente a fonte da Praia do Boqueirão. O vereador Antonio Carlos Banha Joaquim fez o discurso de saudação aos sessenta melhores  atletas classificados nas diversas categorias.

DISCURSO DO VEREADOR BRAZ ANTUNES MATTOS NETO NA SOLENIDADE DO DIA DA CIDADE, EM 26 DE JANEIRO DE 2008, NA SALA PRINCESA ISABEL DA CÂMARA MUNICIPAL DE SANTOS.
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 Falar sobre a nossa Cidade é sempre emocionante e motivo de profundo orgulho. Indicado para fazer a saudação a Santos no dia de seu aniversário, confesso publicamente que estou muito emocionado. Jamais pensei, em toda a minha vida, que um dia estaria na belíssima Sala Princesa Isabel discursando em homenagem a Santos.   Podem existir muitos que amam muito Santos, e certamente existem. Mas garanto que ninguém supera o meu amor por Santos. Pode ter igual; maior, jamais!

É por isso que estar hoje aqui é certamente uma das grande honras da minha vida. Agradeço e agradecerei sempre ao Presidente desta Casa, Vereador Marcus de Rosis - na minha opinião um dos políticos mais habilidosos da nossa Cidade -, pela minha indicação para dizer algumas humildes palavras. Muito obrigado, Vereador!

A História da Cidade que hoje completa 462 anos é exatamente a relação entre as formidáveis batalhas travadas por todas as gerações de santistas  e, de outro lado, as condições de vida e os sentimentos do nosso povo.                                                      
Aliás, dizem que o santista reclama muito, reclama de tudo e vive dizendo o que está faltando à Cidade. Mas não admitimos que alguém de fora fale mal da nossa Cidade. Nós podemos, eles não. Mas o que não se escuta, nunca, são reclamações contra o povo santista : ninguém diz que o santista é preguiçoso, salafrário, desalmado, sem coração...

Esta Santos querida, amada como poucas, escreveu sua História rica e brilhante travando lutas que tinham - e ainda têm - uma amplitude enorme : ao longo dos tempos, nós santistas lutamos orgulhosamente  em benefício do País inteiro. Lutamos em defesa do povo brasileiro , em defesa dos ideais de Justiça, democracia, igualdade, solidariedade, liberdade e caridade.

Lutamos pela construção de um futuro que deixe orgulhosos todos os nosso descententes e que proporcione uma qualidade de vida ainda melhor para as nossas crianças. E brigamos para ensinar ao País os fundamentos da Cidadania. Este espírito de luta e esta visão social, que nos impregnou através dos tempos, está presente nas ações dos mais ilustres filhos desta terra abençoada. Certamente todos nós fomos influenciados por seus atos, os atos que construiram a História não só da Região,  mas  de todo o Brasil!

O maior de todos os brasileiros, o santista José Bonifácio de Andrada e Silva,  deu ao Brasil a sua Independência. E foi aqui, na Rua XV de Novembro, que esta Independência foi gestada, foi idealizada!  Daqui, meus senhores e senhoras, saiu o ideal de liberdade e independência da Nação!

Da mesma forma, Bartolomeu de Gusmão, o nosso Padre Voador, nascido na Rua do Comércio, ensinou ao mundo a importância de usar a Ciência, a ousadia, o talento e o conhecimento, para expandir os horizontes da humanidade! Alexandre de Gusmão expandiu fisicamente o Brasil, alargando suas fronteiras e dando mostras da sua excelência como Diplomata. E José Feliciano Fernandes Pinheiro, o Visconde de São Leopoldo, ensinou à Pátria o valor fundamental da Justiça , do estudo e da igualdade, criando os primeiros cursos jurídicos do País.

Como comunidade, Santos uniu esforços para ser ousado, para antever o futuro. Tanto que libertou os escravos dois anos antes do restante do País; elegeu o primeiro Vereador negro, Quintino de Lacerda; escreveu com fervor a sua própria Constituição; instituiu o voto direto para Prefeito e o voto femino.

Enfrentamos sempre, na primeira hora, os casos de tirania, injustiça, insensatez,  ditadura. E por isso sofremos muito. Nas pedras do cais, em todos os cantos do Porto e da Cidade, abrimos caminho para o Sindicalismo brasileiro e para a garantia dos direitos trabalhistas. E aqui construímos a porta de acesso do Brasil para todo o Mundo Exterior. Unidos fomos buscar, com ânimo e muita coragem, a nossa autonomia  política, em duas ocasiões diferentes.

Este histórico povo santista desenvolveu uma alma tão rica e tão desprendida, que concebeu os meios para transformar,  expandir,  afirmar o  próprio território brasileiro, participando  da fundação de São Paulo e do Rio de Janeiro. Foram os santistas que atravessaram as serras e as matas para iniciar uma idéia de Nação.

Idéia que poderia  ser ainda mais ampla, se os interesses de grupos e a ganância de muitos não tivessem exilado o nosso Patriarca. Eis a verdade, amigos : não deixaram que José Bonifácio, um santista nascido na Rua XV, concebesse e construísse uma Nação ainda mais opulenta, mais séria, mais organizada, mais civilizada e mais próspera. Existem muitos outros fatos e nomes de santistas importantes  que merecem uma citação ou uma reverência.  Mas neste momento solene, é obrigatório reverenciar e festejar BRAZ CUBAS. Que, conforme está comprovando o Historiador Waldir Rueda, tem o primeiro nome originalmente escrito com “Z” e sem acento agudo. Assim como o meu próprio nome, fato que só pode mesmo aumentar o meu orgulho.

Pois  devemos destacar ainda mais BRAZ CUBAS, realçar seu papel , recuperar a sua dimensão histórica, sua importância política e administrativa. Existem inclusive estudiosos que o colocam, ao lado de João Ramalho, como o nome mais importante do Brasil nos tempos coloniais. Aliás, Presidente Marcus De Rosis, temos o dever de corrigir o nome da nossa Medalha de Honra ao Mérito.

E falando em BRAZ CUBAS, aproveito o momento para fazer um apelo dos mais veementes ao Prefeito João Paulo Tavares Papa : Prefeito, vamos fazer o possível e o impossível para que permaneça aqui em Santos o texto original do testamento de Pedro Cubas, filho do nosso fundador, material ultra valioso e que está momentaneamente com a Curadoria do Meio Ambiente do Ministério Público. E que corre o risco de ser devolvido a um mero depósito da Justiça,  em Jundiaí.

Senhor Prefeito: a nossa História nos pertence , é o nosso grande orgulho, é o nosso legado! Esta luta, amplamente meritória, deve ser encampada por toda a população e especialmente por toda a nossa classe política. Sobre BRAZ CUBAS, quem tem as melhores condições de discorrer é o historiador Waldir Rueda, que ainda será homenageado hoje e que acaba de lançar, com o apoio inclusive da Prefeitura e da Câmara Municipal, um magnífico livro, repleto de revelações, pesquisas e comprovações.

Agora, vamos tentar olhar para o futuro. Santos acerta seu passo aos poucos, prestando contas ao passado e pedindo a benção aos seus grandes formadores, seus grande filhos, seus benfeitores, seus construtores.  A nossa alma, a essência do ser santista, é um legado ofertado por grandes homens, grandes nomes, grandes gestos.

E ainda temos a suprema glória de ter gerado aqui o maior time de futebol de todos os tempos e revelado ao mundo o incomparável  Pelé, o Atleta do Século.    

Nossos prédios históricos, nossas ruas, paralelos ou asfalto, areia ou rocha, estão carregadas da energia do passado. Os mesmos caminhos que pisamos hoje foram as trilhas utilizadas pelos nossos ancestrais, acumulando energias, sonhos, realizações, sentimentos.         

Agora,   são  outros os desafios. Mas temos sonhos e esperanças para superá-los.  Começam a surgir no horizonte, tal qual um arco-íris, os indícios de novos tempos mais afortunados, mais promissores. Acredito cabalmente que o Prefeito Papa tem desempenhado o seu papel de forma excelente, admirável até, desenhando a Santos do futuro imediato, desatando nós ( como ele mesmo gosta de dizer) e acabando com alguns problemas crônicos.  Sempre com lealdade e transparência e, na minha modesta opinião, com a visão de um estadista.

Sem cabotinismo, creio que a Câmara Municipal, dirigida com mão segura e consciente, tem dado uma valiosa contribuição para que Santos possa alavancar o seu futuro. Com os recursos gerados pela exploração de petróleo e gás, possivelmente a Cidade terá condições de investir em obras necessárias, na correção de distorções antigas e situações crônicas, preparando Santos para a chegada do amanhã. As perspectivas são realmente animadoras, incluindo a valorização histórica, o aumento do movimento turístico ( que está a exigir cada vez mais o profissionalismo do setor e investimentos em infra-estrutura), a implantação de cursos técnicos e de reciclagem dos trabalhadores. E igualmente a valorização do próprio trabalho.

E, como centro irradiador da nossa Região, poderemos ainda operacionalizar os meios para o desenvolvimento Metropolitano. Faremos força também para a criação dos Centros Logísticos e Industriais Aduaneiros - as chamadas indústrias alfandegadas -, que trarão novas divisas e novos empregos. Além disso, contamos com a implantação de marinas no canal do estuário, a ocupação da plataforma do Emissário Submarino, o tão aguardado  Museu Pelé e a avenida perimetral.

E, logicamente, começa a existir um consenso sobre a necessidade de reaparelhamento do nosso Porto, que continua sendo o maior terminal marítimo do Hemisfério Sul. Com novos recursos, será possível investir em tecnologia, em  Cultura, desafogar a Saúde Pública , elevar o patamar da Educação, construir uma grande rede de proteção ambiental, atrair novas empresas e novos contingentes de Turistas.

E também prosseguir com a integração e promoção das comunidades mais carentes , elevar  a rede de amparo social, a proteção à Criança e ao Adolecente e à Terceira Idade. Bem como a busca permanente da igualdade étnica. E desenvolver novos projetos de animação urbana, visando inclusive aumentar a participação popular na vida e nos destinos da Cidade e a elevação da qualidade de vida e de conscientização comunitária.

Queira Deus que os recursos que teremos daqui para frente permitam a redução drástica - quem sabe, a eliminação total - do cinturão de pobreza e do déficit habitacional. Não há como   não sentir orgulho por viver em Santos. Estes 462 anos produziram uma Cidade que proporciona  um elevado índice de qualidade de vida. É muito agradável morar em Santos, Município que a cada dia atrai habitantes de outras localidades, que buscam mais tranquilidade para viver.

E quem passa a viver aqui, num instante se transforma em santista. Precisamos contar a todos eles a nossa rica História, a História de um povo altivo e generoso, para que todos eles passem a sentir também o mesmo orgulho. Ao mesmo tempo em que desejo sinceramente que toda a população santista tenha pela frente bons ventos e anos novos mais risonhos e prósperos, gostaria de saudar os 69 anos da inauguração, também no dia de hoje, do Palácio José Bonifácio, o centro da vida administrativa e política do Muncípio. 

Resta, meus senhores e minhas senhoras, bater no peito com muito orgulho e dizer: eu vivo na terra aonde nasceu José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, o Herói  Nacional, o maior de todos os brasileiros!

DISCURSO DA ENTREGA DO DIPLOMA DE GRATIDÃO
AO HISTORIADOR WALDIR RUEDA, EM 26/1/2008.

Neste momento, tenho a honra de proceder à entrega, pela primeira vez nesta Câmara Municipal, do “Diploma de Gratidão”, criado por meio da Resolução nº 95 de 5 de outubro de 2006, de minha autoria. O objetivo é, exatamente no dia do aniversário de Santos, homenagear personalidades de destaque, entidades ou empresas, que tenham de alguma forma contribuído para o desenvolvimento do Município.

A primeira pessoa a receber este Diploma é o Historiador Waldir Rueda, a quem vim a conhecer recentemente, através do sempre Juiz de Direito Messias Cocca. Nossa atuação junto à Promotoria Pública,  para tratar de uma certa legislação referente à pesquisa arqueológica no nosso Centro Histórico, revelou para mim um estudioso dos mais combativos e mais criativos, alguém que acredita no trabalho árduo e na pesquisa científica incansável.

Além de tudo, Rueda tem oferecido uma feição renovada sobre diversos aspectos da nossa História. Agora, por intermédio de seu livro  Braz Cubas - Homenagem a Uma Vida - lançado ontem no Centro Português-,  Rueda ratifica sua inclinação para a tarefa de desvendar fatos obscuros ou mal explicados da nossa História. Incluindo a grafia certa de BRAZ com “Z”, sem acento agudo, e o local em que está sepultado o nosso fundador, bem como a reprodução do testamento de seu filho Pedro Cubas. Além da excelência do seu trabalho, fica patente que estamos diante de alguém que tem a mente em permanente ebulição, buscando, formulando, desvendando, criando.

O livro é lançado no exato momento em que comemoramos os cem anos do Monumento a Braz Cubas, localizado na Praça da República.  Waldir Rueda Martins nasceu em São Paulo, em 18 de dezembro de 1966. Formou-se em História pela Universidade Católica de Santos em 2003, integrou o Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, é Professor da rede estadual e procura orientar suas aulas para História da nossa Região.

Taxidermista e também Professor de Taxidermia, atualmente faz Mestrado em Arqueologia, como aluno especial do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Defensor do Patrimônio Histórico, solicitou o tombamento de diversos imóveis ao Condepasa e tem atuado junto ao Minstério Público visando a preservação de monumentos.

Violinista, estudando música clássica desde os seus 15 anos, chegou a tocar no Conjunto de Câmara da Secretaria de Cultura de Santos e  na Orquestra Sinfônica de Santos.

Para nós, integrantes desta Câmara Municipal, e para todos os amantes da preservação da memória histórica, Rueda tem mais um ponto a seu favor : foi dele a inspiração para a Lei Complementar nº 496, de 21 de maio de 2004,   determinando que sejam fotografados, antes de serem eventualmente demolidos, todos os imóveis com mais de cinquenta anos. Receba pois merecidamente, meu caro Waldir Rueda, o primeiro “Diploma de Gratidão” desta Câmara Municipal.
 
Ou seja, do Povo de Santos.

Muito obrigado.