Legislativo homenageia Instituto Arte no Dique

Vereador Braz é o autor da propositura

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Conforme Decreto Legislativo nº 22/2008, de autoria do Vereador Braz Antunes Mattos Neto, a Câmara Municipal de Santos homenageou com a Medalha de Honra ao Mérito “Braz Cubas” o Instituto Arte no Dique, em Sessão Solene realizada na noite de ontem na Sala Princesa Isabel.

A solenidade foi precedida por um pocket show da banda Querozinho, que apresentou-se nas escadarias do Paço Municipal sob a coordenação de Ubiratan Santos, vocalista da Banda Querô. Os pequenos talentos brilharam e esbanjaram alegria, encantando a todos que passavam pela Praça Mauá com um som forte e contagiante.

Após a apresentação, a criançada lotou a Sala Princesa Isabel para assistir à Solenidade de entrega da Medalha. A execução do Hino Nacional Brasileiro foi realizada pelos integrantes da Banda Querô, de forma emocionante.

O Vereador Braz proferiu o seguinte discurso de saudação:

Srs. e Sras.

Meus amigos e minhas amigas Boa noite a todos. O som é firme, o som é profundo, o som é contagiante. É assim um som contínuo, ritmado. É um som alto, volume máximo, invadindo todos os ouvidos, despertando todas as sensações. Som percussivo, envolvente, que esquenta o sangue e faz a gente viajar por novos mundos..

É um som desafiador, um som que de imediato vai avisando a quem passa perto: você está na área do Dique, lugar de gente que resiste, insiste e reinventa o mundo, com arte e consciência social.Lugar de gente que aprendeu que solidariedade salva o mundo. Gente que reinventa o destino.

Gente que bate forte e desenha novas harmonias no ar. O Sistema costuma fazer assim: não dá chance e oportunidade, não dá diversão e arte, não dá esperança nem tranqüilidade. Não dá casa nem dá saúde. E tenta sequestrar os sonhos de cada um de nós. Pois assim, fica mais fácil de dominar toda essa gente que insiste em viver com dignidade.

Eles pensam assim: “ Vamos dar um destino difícil para eles, um monte de problemas e nenhuma esperança. Pois assim eles se conformam, não têm nem tempo para reclamar...

Pois assim a gente faz o que quiser sem ninguém pra atrapalhar e vai ter muita pouca gente para dividir as riquezas, os prazeres, o conhecimento.
E então vai estar tudo nas nossas mãos”.

É assim que eles pensam é assim que eles fazem...
É assim que eles destroem a vida das crianças e fazem os adultos seguirem sem rumo pela vida afora. Mas um som que vem do íntimo não se consegue abafar para sempre. Uma batida firme e vigorosa sempre pode subverter todas as coisas. Sempre pode recriar o universo. E sempre pode revigorar corações e almas.

O trabalho abnegado, que busca o crescimento da comunidade também é assim: um trabalho de resistência! Vem junto com o som um trabalho corajoso, criado por quem acredita no espírito comunitário. Que acredita, como eu acredito, que sozinho ninguém consegue fazer nada.

E que a vida só tem sentido quando um passa para o outro todo o seu saber, a sua sensibilidade, a sua experiência e a sua vivência. Pessoas que acreditam que os carentes merecem mais do que qualquer um. Porque, afinal, de um jeito ou outro, somos todos carentes.

Agora, meus amigos, é hora de contar uma historinha. Era uma vez alguém que, sabe-se lá por qual razão, de repente decidiu virar político, depois de muito resistir.

E acabou eleito, virou vereador. E sentiu necessidade de conhecer melhor a sua terra, saber o que se fazia de bom, de proveitoso, assim como as imensas carências da Cidade.

Não era campanha nem nada, era apenas uma necessidade de quem recebeu uma ordem da sua comunidade: conhecer a realidade e fazer todo o possível para transformar pelo menos um pouquinho essa realidade.

Um dia, levado pela bondade do Seo Antonio, o Bacana, que trabalha lá no Instituto, estava ele caminhando pelos Caminhos. O São José, o da União, o São Sebastião, da Capela, a Vila Pelé, todos os caminhos. E veio a vontade de ver de perto o que se fazia no Dique.

Sem hora marcada, sem audiência, sem qualquer formalidade, veio então o contato com algumas pessoas responsáveis pelo trabalho que ali se fazia.

E agora é hora de confessar: o que vi, me deixou muito impressionado.
Conheci pessoas de imenso valor: o José Virgílio, a Sylvia Bari, a Helena, a Miriã, o Bira, e muitos outros colaboradores, que mantém o sentido de progressão do Arte no Dique.

E com muita humildade, pensei: o que puder fazer, farei com muito gosto. Se deixarem, ajudarei. O jeito de ajudar, como político que me tornei, é batalhar para fazer uma lei, declarando o Instituto Arte no Dique uma entidade de Utilidade Pública Municipal. Assim foi feito, com a aprovação da lei nº 2.544, de 25 de maio de 2008.

Outro jeito era conceder a Medalha Braz Cubas, a maior honraria que a Câmara Municipal de Santos pode oferecer, como reconhecimento pela excelência do trabalho realizado pelo Arte no Dique. E também para chamar a atenção de toda a população, abrindo caminho para que novos parceiros e voluntários se apresentem e ajudem a engrandecer ainda mais este trabalho social.

Pois isso também foi feito, por meio do Decreto Legislativo 012/2008.
Estas duas ações legislativas, que são muito modestas diante da grandeza e da importância do Arte no Dique, me deixam muito contente e orgulhoso. Ambas abrilhantam o meu mandato nesta Casa de tantas tradições. E mostram a minha disposição em apoiar sempre este projeto.

Criado em 2002, sem fins lucrativos, o Arte no Dique desenvolve um meritório trabalho sócio-cultural junto à população do Dique da Vila Gilda. Ali, numa das áreas mais carentes de Santos, vivem cerca de 22 mil pessoas.

Ali, vive-se em palafitas, vive-se em permanente insegurança.
Pois este trabalho feito ali na região do Rio do Bugre cresceu e apareceu. Motivou pessoas e empresários, conquistou parceiros, colaboradores e admiradores. Promoveu e promove sempre a inclusão social, despertou e desperta talentos.

Trouxe esperança para o coração de milhares de pessoas.
O Instituto levantou a bandeira da valorização cultural e incentivou habilidades pessoais. Proporcionou a formação profissional em meio à carência e elevou o auto respeito.

Criou novos futuros em meio à miséria, à violência, ao desemprego.
A Escola Popular de Arte e Cultura Plínio Marcos e as suas oficinas culturais são iniciativas que certamente seriam percebidas com satisfação pelo próprio Plínio, um dos grandes dramaturgos e escritores brasileiros, uma das grandes personalidades santistas. O som que parte do Dique vai cada vez mais longe e está sendo ouvido praticamente em muitas partes deste Brasil.

Grandes artistas prestaram atenção, muitos deles vieram pessoalmente conhecer todo este trabalho, inclusive o então Ministro da Cultura Gilberto Gil, o Sérgio Mamberti, o Moraes Moreira, com quem estive lá, e muitos outros. E todos ouviram a Banda Querô e o seu som poderoso, afro reggae de primeira.

E tem ainda a Querozinho, que deu um toque especial a esta nossa noite.
Mas tem muito mais sendo pensado e germinando no Dique: grupo de teatro – o Bando do Dique -; o curso de Percussão, que tem aulas ministradas por um mestre do Olodum; curso de dança livre, audiovisual, customização e costura, artesanato, artes cênicas e mais um pouco.

Sem falar na integração com as escolas da região e as entidades representativas da comunidade. Tudo isso dentro da missão do Instituto, que inclui entre outros estes importantes pontos: inclusão social através da profissionalização para a Cultura, arte e entretenimento; cultura da paz e não violência; estimular a participação social, principalmente de crianças e jovens, buscando a construção de uma sociedade mais justa, solidária, próspera e livre;conscientizar as populações sobre sua relação com o ambiente e padrões de convívio sustentáveis; combater a discriminação e devolver a dignidade a todo ser humano.

Mais ainda: criar uma rede de atenção para proteção da infância e juventude contra todas as formas de violência, seja física, sexual, psicológica, social ou econômica; criar novas práticas de interação social baseadas na necessidade de redistribuição de renda e oportunidades; defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural; promover comportamento crítico sobre hábitos de consumo e interação comunitária, para preservar o equilíbrio ambiental e social; e combater a discriminação contra a mulher, reforçando os princípios democráticos de participação social.

Creio sinceramente que estas metas estão sendo alcançadas, na medida do possível e até do impossível, com base em muito trabalho e muita generosidade. Mas não é só para a comunidade do Dique ou da própria Zona Noroeste que o Instituto trabalha. Na verdade, ao buscar a promoção de cada pessoa, o Arte no Dique está beneficiando cada um dos habitantes de Santos e da Baixada Santista.

Ou seja: Santos é uma cidade melhor também porque o Arte no Dique existe.
E para mim, pessoalmente, o Arte no Dique permitiu o orgulho de dar uma pequenina ajuda, fazendo e aprovando estas duas leis, que são modestas mas foram feitas com todo o coração.

Assim, só resta parabenizar cada um dos integrantes deste Projeto e dizer que esta Medalha de Honra ao Mérito Braz Cubas pertence a todos vocês.

Muito obrigado e boa noite.

Braz Antunes Mattos Neto
Vereador – Líder do PPS.


O Prefeito João Paulo
Tavares Papa foi representado pelo Presidente da Cohab santista, Hélio Hamilton Vieira. Fizeram também parte da Mesa a Presidente do Instituto Arte no Dique, Helena Mecena de Jesus, e José Virgílio Leal de Figueiredo, coordenador cultural do Instituto.

Após receber a Medalha das mãos do Vereador Braz, Zé Virgílio relembrou sua história e a história do Arte no Dique e destacou todas as conquistas do Instituto, que já ganhou seu espaço no cenário cultural nacional.
Helena Mecena de Jesus anunciou publicamente que está se despedindo do cargo de Presidente, mas jamais vai se afastar do Arte no Dique. "Trabalhar com essas crianças é a melhor coisa que existe.

Estou me despedindo do cargo, com dor no coração, mas não dá pra ficar longe deles!"

A Sessão Solene foi encerrada com a alegria da Banda Querô, tocando "O que é, o que é?", do Mestre Gonzaguinha.

O Instituto Arte no Dique foi fundado em 2002 e desde então vem realizando um magnífico trabalho social em prol da Cultura e a defesa da Cidadania, dos Direitos Humanos, da criança e do adolescente e o atendimento à família.

A Ética, a Paz e a Democracia estão entre os valores que a Entidade busca desenvolver através da Educação gratuita, atuando como catalisadora das manifestações culturais e artísticas.

Com a manutenção da Escola Popular de Arte e Cultura Plínio Marcos, o Instituto criou uma tradição de alta qualidade cultural e abre oportunidades aos jovens e crianças carentes da Zona Noroeste de Santos, obtendo conhecimento nacional e divulgando a força cultural existente em nossa Região.

A Banda Querô, primeiro produto cultural formado pelo Instituto Arte no Dique, foi formada pela oficina de percussão do Instituto e já faz parte do cenário musical nacional, tendo gravado um CD e participado de apresentações com os cantores Gilberto Gil e Moraes Moreira.

As oficinas e cursos profissionalizantes possibilitam a inclusão social dos jovens e a descoberta de novos talentos.

Após a primeira visita do Vereador Braz ao Instituto Arte no Dique, Zé Virgílio esteve no Gabinete do Vereador apresentando o portifólio do Instituto. “É realmente um trabalho muito bacana, feito por pessoas que amam a arte, a cultura e a nossa juventude, como o Zé Virgílio”, comenta o Vereador, que é Presidente da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Além do Projeto de Decreto Legislativo que confere a Medalha de Honra ao Mérito Braz Cubas, Braz apresentou em outubro de 2007 Projeto de Lei que declara de Utilidade Pública o Instituto Arte no Dique, que foi aprovado e originou a Lei no 2544/08.