O vereador Benedito Furtado de Andrade (PSB), autor da propositura, fez o discurso de saudação ao homenageado. A Solenidade foi presidida pelo vereador Braz Antunes Mattos Neto(PPS).

A Sessão Solene aconteceu na Sala Princesa Isabel, situada no 1ºandar do Paço Municipal de Santos.
 

Íntegra do discurso do vereador Benedito Furtado

Senhor Presidente,
Senhores Vereadores,
Senhoras e Senhores,

Entre as qualidades que mais admiro nas pessoas que constroem uma carreira sólida, galgando postos passo a passo, figuram a capacidade de saber planejar, a coragem em empreender mudanças, a sensibilidade em reconhecer talentos e o bom senso em respeitar adversários.

Muitas vezes paga-se um preço alto pela ousadia das transformações, na medida que o ser humano comum resiste a tudo que vá interferir de forma brusca  no  seu cotidiano, seja no âmbito familiar, seja no universo de seu trabalho, ou num plano mais amplo de sua cidade ,  de  seu país e em   tudo mais que englobe os  avanços das várias  vertentes do conhecimento humano. 

Romper com o conhecido e seguro e partir para a adoção de novos métodos, valores e tecnologias é talvez um dos processos mais desafiadores e instigantes no caminhar da humanidade.
 
Até intelectuais acostumados a filosofar sobre o mundo e suas transformações também resistem a mudanças. 

Quem não conhece a história de um ou outro escritor que diz produzir melhor em sua velha máquina de escrever, ignorando as facilidades proporcionadas por um computador de última geração, numa mistura de medo em abraçar novas tecnologias e o arraigado amor a objetos que fazem parte de sua história de vida ? 

Todos nós trazemos sentimentos contraditórios diante de conceitos inovadores e das transformações que acontecem de forma muito rápida nesse mundo globalizado, inclusive nas relações capital/trabalho. Dificilmente aceitamos mudanças que abalem a tranqüilidade do nosso lar, a segurança do emprego e os rumos de nossas vidas. Mas as mudanças são inevitáveis e acontecem cada vez mais e de forma acelerada.

Os que se aventuram em mexer em velhas estruturas, modificando métodos e usos, e ainda conquistando  simpatizantes,    têm  como característica a inquietação que é um dos traços marcantes da boa liderança.

É altamente positivo quando às qualidades de pensar e empreender, junta-se a capacidade de persuasão, do convencimento pela inteligência, agregando  adeptos e fazendo   amigos. 

Essa reflexão faço a propósito da homenagem que esta Casa presta hoje a Carlos Eduardo Bueno Magano, conferindo-lhe o título de “Cidadão Santista”.

Tenho grande admiração por Magano, por suas qualidades pessoais de líder, criativo e inovador, sobretudo por sua capacidade de enfrentar desafios e conquistar  respeito. Esse engenheiro nascido na cidade de São Paulo, começou sua carreira em Santos justamente no período em que  antiga Companhia Docas  que administrava o porto de Santos  se transformava na Codesp.

Como engenheiro nível 2 Magano passou a fazer parte dos quadros da  empresa a partir de 15 de janeiro de 1981. Ficou apenas dois anos nesse cargo, passando, nos anos seguintes, a galgar vários postos de responsabilidade numa carreira sólida e bem construída, fruto de seu grande preparo acadêmico. 

É mestre pela Escola Politécnica da Usp, sendo que seu plano de pesquisa versou sobre a Estruturação dos Serviços Portuários. Realizou diversos cursos complementares no Brasil e no exterior.

Visitou inúmeros portos para avaliações técnicas como os portos de Miami, New Orleans, Antwerp, Roterdam, Hamburg, Lisboa, Valparaíso, Buenos Aires, Barranquilha, Shangai entre outros, sempre trazendo novas informações nos processos de gestão e operação portuárias.

Na Codesp suas atividades iniciais, no prédio do Tráfego, envolveram  pesquisas das operações do Porto, organizando e sistematizando dados em computador, o que naquela época era uma raridade.

A partir de 1983 passou a implementar  mudanças  significativas na condição de  Chefe do Departamento de Planejamento e Controle das Operações ,  onde permaneceu até janeiro de 1990. 

Nesse cargo criou a possibilidade da Codesp realizar seu planejamento estratégico e social na própria Cidade, o que antes era feito fora de Santos com todas as dificuldades inerentes à distância.  

De fevereiro de 1990 a julho de 1993, ocupou diversos cargos, como assessor do diretor presidente, coordenador de marketing, coordenador de assuntos estratégicos, promovendo a criação da Gerência de Planejamento Estratégico, da qual foi titular até meados de 1993, quando esse órgão foi transferido para a Diretoria de Gestão Portuária. 

Também exerceu outro importante cargo: o de diretor da Área Administrativa, entre 95 e 96.

A partir de então, deu prosseguimento à sua carreira de executivo, desta vez na iniciativa privada, atuando no Grupo Cosan, colaborando de forma decisiva para a implantação do terminal açucareiro dessa empresa, que é líder na exportação de açúcar por Santos. 

Seu grau de projeção, seu poder de articulação, e as qualificações de grande dirigente, o conduziram à presidência do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de S.Paulo – Sopesp.

Outro traço de seu caráter que merece referência é o amor que desenvolveu por Santos, onde já havia morado quando criança, acompanhando seus familiares, (o pai, Roberto Bueno Magano atuou como  engenheiro  residente da Estrada de  Ferro Sorocabana) .

É preciso lembrar que os laços de convivência que desenvolveu teve papel importante em seu empenho de aproximação do Porto com a comunidade, diminuindo as barreiras que sempre distanciaram esses dois universos.  

É de seu punho a iniciativa incluída na Lei 8630/93 que obrigou a homologação pelo Conselho  de Autoridade Portuária – CAP -  do  Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto.

Dessa forma, a  comunidade tem hoje  a oportunidade de participar dos Planos Estratégicos do Porto,  discutindo questões que visam a harmonização dos interesses portuários com o cotidiano da Cidade.

Essa integração figura como uma das alavancas principais dos planos de desenvolvimento da Cidade, idealizados pelas últimas administrações municipais, e que o governo de João Paulo Tavares Papa tem se empenhado em concretizar.

A ocupação de antigos armazéns desativados para empreendimentos turísticos e culturais, a construção de marinas na área do Valongo, a valorização de todo o complexo portuário como gerador de riquezas para a Cidade muito em breve poderão sair do papel, uma vez que importantes passos já foram dados nesse sentido. 

Em vários anos de convivência, nem sempre pacífica, entre os anos de 80 e 96, quando aconteceram grandes transformações nas relações de trabalho no Porto, tive a oportunidade de respeitar a personalidade marcante de Magano,  agindo como um líder moderno, estimulando  sua equipe de colaboradores a pensar e a agir com  criatividade e  inovação.

Voltando no tempo, descobrimos que essa capacidade de liderar e conquistar adeptos não foi fruto apenas de sua formação escolar. Magano já mostrava seu perfil de liderança desde criança, conforme revela sua irmã, a advogada Ana Lúcia.

Nos períodos de férias escolares, quando ao lado de primas passava férias na fazenda do avô, no Vale da Paraíba, Ana lembra bem de como o irmão mais novo conseguia dar as ordens em todas as brincadeiras.  “Ele não impunha. Ele convencia”, diz ela.

Na infância ele também aprendeu a gostar de animais, especialmente de cavalos. Por isso fiquei agradavelmente surpreso, ao saber dessas histórias campestres e mais ainda quando, consultando a Internet, descobri que nosso homenageado é também um bem sucedido empresário rural.

A fazenda do avô, em Santa Branca, que depois passou para o pai, tradicionalmente voltada à pecuária leiteira, hoje, sob o seu comando mostra aspectos da modernidade, criando exemplares da raça simbrasil, que vem se estabelecendo com força naquela região. 

Amigo dos animais, o que para mim é uma ótima qualificação, praticante de esportes, consumidor de alimentos balanceados, torcedor do Santos F.C. o que é uma referência de seu amor à Cidade, executivo exemplar e excelente pai de família, como atestam seus filhos Caio, de 28 anos, também formado na Politécnica da Usp e Carol, de 26 anos, formada em Turismo, consideramos um orgulho para Santos atribuir a Carlos Eduardo Bueno Magano o título de Cidadão Santista.
  
Não é comum um ex-dirigente sindical do Porto propor  homenagem a  uma pessoa que durante anos ocupou cargos de direção na  Companhia Docas do Estado de São Paulo – Codesp -.  Afinal, por essa circunstância, estivemos, ao longo de muitos anos, em lados opostos da mesa, nas negociações trabalhistas, havendo inevitáveis confrontos de opinião.  

Eu, na condição de sindicalista, agia como representante da massa de trabalhadores do Porto, e nosso homenageado, como preposto da empresa. Mas o respeito sempre foi permanente e mútuo. 

Hoje podemos dizer, olhando para nossas trajetórias de vida, eu vindo de uma humilde família nordestina e construindo minha identidade na prática da vida, ao lado dos trabalhadores sofridos do porto, Magano vindo de uma família de classe média, estudando em boas instituições e se preparando para funções executivas, que soubemos conduzir nossos destinos com finalidades claras e respeitando valores.

As diferenças não são abismos.

O que mais nos aproxima é o nosso imenso amor ao Porto, à sua gente e à Cidade como um todo.

Quero aproveitar a oportunidade e pedir sua autorização, amigo Magano, para estender simbolicamente esta homenagem a todos que vindos do mais variados pontos do Brasil e do exterior, contribuíram de forma decisiva para transformar o Porto no orgulho de nossa Cidade, do nosso Estado, e por que não dizer, do nosso País.

Finalizando, gostaria de saudar a extinta CDS, hoje Codesp, celeiro de brilhantes profissionais, que a exemplo de nosso hoje homenageado dignificam a História de Santos.

Parabéns Magano e que Deus o abençoe.  

BENEDITO FURTADO DE ANDRADE
Vereador - PSB