Legislativo defende saúde vocal

Vereador quer mudança em programa para assegurar a saúde vocal dos professores

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O vereador Reinaldo Martins, líder da bancada do PT na Câmara Municipal de Santos, apresentou projeto de lei que altera o Programa Municipal de Saúde Vocal, criado em 1999. Segundo Reinaldo, o programa é falho, não tem continuidade e não atende o seu real objetivo. Por isso propôs mudanças na Lei 1781/1999.

Atualmente, o programa consiste apenas em palestras anuais. Reinaldo defende que sejam realizados todos os anos a avaliação e o treinamento dos docentes da rede municipal de ensino e que este procedimento passe a integrar as atividades de planejamento escolar. preciso que essa questão deixe de ser apenas uma preocupaão da Secretaria de Saúde. "Precisamos encará-la também do ponto de vista educacional. Nossos professores precisam de suporte e acompanhamento nessa área”, avalia Reinaldo, que conhece bem o problema, pois é professor há mais de 30 anos.

Além da avaliação, o vereador propõe que o programa tenha caráter permanente e sistemático com objetivo de prevenir disfonia nos professores. E que, caso seja constatado o problema durante avaliação médica, a Prefeitura garantirá o pleno acesso a tratamento fonoaudiológico e médico. Vale ressaltar que a Caixa de Pecúlio não oferece atendimento fonoaudiológico aos servidores municipais. Atualmente, há apenas um convênio com o sindicato da categoria, mas o servidor tem de pagar pelo serviço se precisar.

Pesquisa realizada em 2003 por profissionais do Programa de Saúde Vocal do Professor aponta problemas preocupantes. Foram ouvidos 978 professores municipais. Deste universo, 28% afirmaram terem problema contínuo de rouquidão, 37% sentem cansaço ao falar, 31% precisam esforçar- se para falar e 69% falam muito alto. E mais: 56% apresentam mudança na voz durante o dia. Do total pesquisado, 78% disseram ainda que trabalham em ambientes com muito barulho.

ESCOLAS COM MELHOR ACÚSTICA

Um dos problemas que também prejudica a saúde vocal dos professores é a própria sala de aula que, muitas vezes, não oferece acústica adequada. Há quatro anos, iniciou-se nos Estados Unidos uma das maiores campanhas de construão e renovaão escolar, com ênfase na construão de salas de aula com melhor qualidade acústica.

Isso porque estudos apontaram que a baixa qualidade acústica tem sérias implicaões para o aprendizado. Reverberaão e ruído em excesso interferem com a inteligibilidade da fala, resultando na reduão do entendimento e, portanto, na reduão do aprendizado. Um ambiente com condições de som prejudicadas dificulta a comunicação entre professor e aluno, o que resulta em dispersão e baixa de aprendizado para o receptor, e fadiga vocal para o locutor.

Pensando nisso, o vereador Reinaldo está sugerindo ao prefeito Papa que determine aos profissionais envolvidos na construção dos prédios escolares municipais que observem a necessidade de garantir condiões de acústica e eliminaão de ruídos nas salas de aula e demais dependências de uso pedagógico, adotando, por exemplo, revestimentos adequados, rebaixamento de tetos, uso de cortinas, entre outras alternativas. Reinaldo acredita que as próximas unidades que Papa anunciou devem ser edificadas seguindo novos critérios tecnológicos com esse fim. “Tal medida mostrará o respeito a que devemos aos professores. Além disso, vai prevenir doenças que ocasionam afastamentos e conseqüentes substituições”, alerta.