O médico sanitarista e ex-prefeito de Santos, David Capistrano da Costa Filho, poderá dar nome ao antigo Hospital dos Estivadores, futuro complexo hospitalar de Santos. A proposta partiu do vereador professor Reinaldo Martins (PT) na sessão extraordinária de quarta-feira (dia 23), durante a aprovação, em segunda votação, do projeto de lei que autorizava a Prefeitura a comprar o imóvel, hoje pertencente ao INSS e desativado.

“Já que o Complexo Hospitalar de Saúde da Mulher não foi realizado, o qual se propunha levar o nome do Dr. David, que nós defendamos aqui o nome desse grande sanitarista, ex-secretário de Saúde e ex-prefeito da Cidade, comprometido como ninguém com a saúde pública do nosso Município e do País, e que quando prefeito interveio no próprio hospital (dos Estivadores) para resolver uma série de questões à época, para o novo equipamento”, justificou o vereador.

A proposta teve a simpatia do vereador da base governista, Antonio Carlos Banha Joaquim (PMDB): “Eu sou a favor. Justiça seja feita.”

Votação

Mesmo a favor da aprovação do projeto, Reinaldo, líder da bancada do PT, lamentou a rejeição das quatro emendas apresentadas por sua colega de partido, Cassandra Maroni Nunes, que buscavam especificar, entre outras questões, o destino do imóvel, alterando a redação da proposta de “serviços de saúde” para “serviços hospitalares”, além de garantir a ampliação do número de leitos e reportar o modelo de gestão à apreciação do Conselho de Saúde.

O propósito das emendas, de acordo com Reinaldo, era apenas o de garantir que um futuro governo não transforme o prédio em um outro equipamento de saúde que não um hospital, como será permitido da maneira como o projeto foi aprovado, com o texto escrito de forma genérica, bastando apenas o prefeito em questão não ter o mesmo conceito do atual.

“Eu confio na palavra do prefeito Papa de que será aberto ali um hospital, mas, quando o equipamento entrar em funcionamento, ele não será mais o governante, portanto, um próximo prefeito poderá não se ver obrigado a cumprir o prometido pelo atual governo. As emendas tornariam a lei mais clara e cravariam o cumprimento de que ali será um hospital”, observou Reinaldo.

Para o vereador, “as discussões na Câmara não devem se tornar um Fla X Flu, pau a pau, e sim a formação de consensos que favoreçam a população.” Com esse intuito, o vereador revelou ter procurado o prefeito João Paulo Tavares Papa e o chefe de Gabinete, Edson Pinzan, para discutir essas emendas, “a fim de tentar convencê-los de que a nossa intenção era a de aperfeiçoar o projeto, pois a bancada era favorável à compra do hospital.”

Porém, disse o vereador, “essa conversa foi infrutífera. Estabeleceu-se uma teimosia, uma intransigência em não aceitar nada proposto pela oposição, numa insistência em manter o debate entre esta Casa e o Executivo, com a vantagem, é claro, de vitória da base governista. Essa demonstração de força esconde uma fragilidade.”

História

David Capistrano era natural de Recife, Pernambuco. Foi secretário de Saúde de Bauru, de o­nde saiu para, em 1989, ocupar o mesmo cargo no governo da então prefeita de Santos, Telma de Souza, e, em seguida, foi eleito prefeito da Cidade.

Em sua gestão, foi responsável pela criação de uma eficiente rede de atendimento básico, por meio de unidades básicas de saúde, as denominadas policlínicas, e pela implantação de audaciosos programas de combate à Aids, que se tornaram modelos no Brasil e em outros países.

O médico morreu no dia 10 de novembro de 2000. Estava internado desde o dia 2 de outubro no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, o­nde foi submetido a um transplante de fígado, uma tentativa de superar um problema originado pelo tratamento para combater uma leucemia mielóide aguda. Era casado com Haidê Benetti de Paula e pai de quatro filhos.

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