Economia Popular Solidária busca se estruturar

Soluções foram apontadas em audiência pública

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Para que a Economia Popular Solidária consiga dar certo em Santos é preciso que se resolva três problemas na estruturação: ter uma legislação de fomento ao movimento, o poder público apoiar a comercialização e compra de produtos das cooperativas locais, além da criação de um fundo municipal para apoiar a produção e o comércio.

As soluções foram apontadas na audiência pública realizada na Sala Princesa Isabel sobre o tema, e presidida pelo vereador Arlindo Barros (PSDB). Participaram do encontro as maiores instituições de Economia Solidária no País como a ITCP-USP, ITCP-FGV, Rede de Gestores Públicos e UNISOL.

Para o palestrante da UNISOL, Marcelo Mauad, na Economia Popular Solidária são os trabalhadores que administram o próprio negócio. Mas para isso dar certo é preciso seguir uma disciplina que deve ser respeitada e valorizada. "Assim os membros da comunidade serão seus principais consumidores".

Mauad entende que é necessária a criação de um fundo municipal para que a máquina funcione, mas faz ressalvas. "O Estado tem que agir de maneira diferente com as cooperativas em relação as empresas, senão dificilmente conseguirão seguir em frente, por isso a necessidade dos fundos públicos de investimentos". Sem esses fatores, o palestrante entende que a lei de Economia Solidária ficará apenas no papel.

Outro palestrante foi o coordenador da ITCP-USP, Reinaldo Pacheco. Ele explica que a Economia Solidária é diferente do capitalismo, já que qualquer indivíduo tem condições de se desenvolver sozinho. "A auto-gestão é o diferencial da Economia Solidária, já que não existe patrão. Agora, para que dê certo, é preciso ter boa vontade e saber gerir sua própria máquina".

Pacheco explicou que a criação de um banco comunitário é uma alternativa eficiente para as comunidades carentes, já que cria uma moeda social na região, onde o crédito seria gerido por esse banco. "Com essas condições, o resultado seria o crescimento econômico no bairro, não dependendo dos investimentos de fora, já que é uma auto-gestão".

Já Felipe Bannitz da ITCP-FGV apresentou modelos de sucesso que atuam na Baixada Santista como a Cooperilha, um grupo de artesãs de coleta seletiva, Café Solidário Sonhos e Sabores, que prioriza os alimentos integrais e orgânicos, e a LimPet, que produz vassouras de garrafa pet. "Se o Executivo tiver interesse em comprar dessas cooperativas, vai gerar mais empregos na experiência da Economia Solidária em Santos", diz.

O representante da Rede de Gestores Públicos da Economia Solidária, Antonio Silvestre Leite, explicou como foi o processo de aprovação da lei na cidade de Registro. Leite acredita que a Economia Solidária precisa ser levada em parceria com o poder público para dar frutos e citou o exemplo da comunidade do Jardim Ângela, em São Paulo. "O resultado tem sido aumento na taxa de emprego, educação e até queda nas taxas de homicídios".

O apoio do poder público é importante, segundo Hamilton de Almeida Duarte, da UniSantos. Para ele, as cooperativas locais devem concorrer sem desvantagem nos processos licitatórios de compra, "senão o processo não vai funcionar".

O vereador Arlindo Barros reconhece que tem muito a ser feito para que o processo da Economia Solidária se solidifique na região, mas elogiou a audiência. "Foi uma aula de administração e gestão da Economia Solidária. Mostra que o empenho do Legislativo, Executivo, sociedade civíl organizada e cooperativas é de suma importância para que ocorra o sucesso da lei em Santos".

Assessoria do vereador Arlindo Barros