Corte Real recebe Medalha de Honra ao Mérito

Sessão solene aconteceu na Câmara Municipal

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Emocionado, advogado Corte Real foi homenageado
Propositura é de autoria do vereador Benedito Furtado

Em solenidade realizada na noite de sexta-feira (17), na Sala Princesa Isabel, no Paço Municipal,  a Câmara Municipal de Santos fez a entrega da Medalha de Honra ao Mérito Brás Cubas ao advogado Carlos Augusto Soares Corte Real, pelos relevantes serviços prestados à comunidade da Baixada Santista. A sessão contou com a presença de desembargadores, advogados, promotores e do deputado federal Márcio França.
 
O vereador Benedito Furtado (PSB), autor da propositura,  fez a saudação ao advogado de 75 anos, cuja trajetória na vida política ,  profissional e como cidadão consciente   foi especialmente marcada como ativista dos direitos humanos e das liberdades políticas.  Corte Real há 48 anos atua como advogado, integrando diretorias de importantes empresas, sociedades civis, instituições financeiras e sindicatos,  sem contar que foi destacado dirigente do Santos Futebol Clube colaborando com as conquistas e campeonatos do quadro santista,  entre as quais  em 1978 e 1984.
 
Ganhou  admiração  da sociedade ao defender na fase mais negra da ditadura presos políticos, inclusive os encarcerados no navio presídio Raul Soares, líderes sindicais, deputados cassados e estudantes perseguidos pelo regime militar.   
 
Fundador do MDB , Corte Real participou em Santos, em 1968, na primeira fila, da histórica marcha contra a ditadura e as violências cometidas pelo regime militar . Dois anos antes havia se candidatado a deputado estadual pelo MDB, obtendo a 7ª. Suplência. Mas quando estava prestar a assumir a cadeira de deputado estadual   ato institucional do  regime militar  fechou a  Assembléia. Em 1978 voltou a candidatar-se pelo MDB, conseguindo votação de quase 22 mil sufrágios, 18 mil obtidos em Santos, numa época em que o poderio político e econômico se concentrava na Arena, partido de apoio ao regime. 
 
Em 1979 participou de outro episódio marcante de nossa história política, ao defender, ao lado do advogado Paulo Sérgio Leite Fernandes, dois líderes estudantis – Clóvis e Max – indiciados em Inquérito Policial Militar – o único IPM – instaurado em Santos, conseguindo absolvê-los na Auditoria Militar em S. Paulo.  
 
Após a extinção do MDB não se filiou a nenhum outro partido, até  1999  quando aceitou convite do deputado federal Márcio França, então prefeito de São Vicente e filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro – PSB.

Assessoria de Imprensa
Vereador Benedito Furatdo
gabinete@beneditofurtado.com.br

Confira o discurso do vereador Benedito Furtado

Saudação ao advogado Carlos Augusto Soares Corte Real

A trajetória de vida profissional e política do advogado Carlos Augusto Soares Corte Real, que hoje recebe desta Casa a medalha de mérito Brás Cubas, é marcada pela coerência, defesa dos ideais da democracia, respeito à ética e aos valores da família. Foi conduzida, sobretudo, com muita coragem, o que ficou patente durante a ditadura militar, imposta ao país nos idos de 1964 e que perdurou por longos 20 anos, deixando um rastro de mortes, torturas e marcas de sofrimento em dezenas de lares brasileiros.

Durante 48 anos exercendo a advocacia, sempre com brilhantismo, Corte Real ganhou respeito e admiração da sociedade santista  ao defender, de forma destemida, presos políticos, inclusive os encarcerados no navio presídio Raul Soares.

Muita gente, especialmente os mais jovens, não têm idéia dos riscos que representava defender, ou apenas compartilhar, de sentimentos contrários a um regime autoritário, que não admitia qualquer manifestação em defesa da restauração do Estado de Direito. 

Em 1979,  Corte Real conduziu a defesa,  ao lado do também brilhante advogado Paulo Sérgio Leite Fernandes,  de  dois líderes estudantis – Clóvis e Max – indiciados em um IPM – Inquérito Policial  Militar - instaurado em Santos, conseguindo a absolvição dos jovens militantes políticos que ousaram discordar do regime. 

É bom lembrar que o clima era tão pesado que o próprio Paulo Sérgio Fernandes admitiu,  em algumas de suas belas  crônicas publicadas na imprensa,  que sua mudança para a Capital, naquela época visou proteger  a família e sua própria integridade, do braço da ditadura que promovia prisões arbitrárias e o desaparecimento de muitos brasileiros.

Fundador do MDB, o partido político que na ocasião reunia a duras penas, a oposição ao regime, Corte Real destacou-se  como ativista dos direitos humanos e das liberdades democráticas, tendo participado em Santos, em 1968,  na primeira fila,  da histórica marcha contra a opressão  e violência. 

Dois anos antes havia se candidatado a deputado estadual pelo MDB, obtendo 7.556 votos, e a 7ª. suplência. Quando estava prestes assumir a cadeira de deputado estadual, a ditadura militar editou um ato institucional fechando a Assembléia Legislativa.

Em 1978, candidatou-se a deputado federal, e com poucos meses de campanha, recebeu 21.995 sufrágios, 18 mil deles em Santos, mesmo enfrentando políticos tradicionais da Arena, partido que representava o status dominante e o poderio econômico.

Após a extinção do MDB, Corte Real não se filiou a nenhum outro partido.  Em 1999, aceitou convite do então prefeito de S. Vicente, hoje deputado federal Márcio França e ingressou no Partido Socialista Brasileiro - PSB, fato que muito nos honra.

Acho importante fazer um parêntese e lembrar que o PSB estará sempre de portas abertas para nomes que venham engrandecer o partido, tal como recentemente aconteceu com a vinda da ex-deputada federal Mariângela Duarte.

Além de sua destacada atuação no campo do Direito e sua contribuição em movimentos políticos, Carlos Augusto Corte Real exerceu vasta atividade esportiva e social. Foi praticante de vários esportes, destacando-se em seleções de voleibol, e também como dirigente de agremiações. 

Participou de conquistas importantes do Santos Futebol Clube, seu time de coração, entre elas em 1984, quando exercia a  vice-presidência  de futebol e o time da Vila Belmiro conquistou  título de campeão paulista.

Na ocasião, Corte Real foi escolhido por equipe de jornalistas como melhor dirigente esportivo, na promoção Melhor no Esporte, da Rádio Atlântica.

Nosso homenageado é sócio da irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos, da Irmandade Nosso Senhor dos Passos, foi diretor e conselheiro  da Associação Protetora de Menores de Santos, Cidade da Criança.

Exerceu a atividade de despachante aduaneiro, a mesma carreira exercida por seu pai, Joaquim Soares Corte Real, que foi um dos primeiros despachantes de Santos. Do pai Joaquim e da mãe Zelita herdou o gosto pelos esportes, já que os dois praticavam várias modalidades esportivas e chegaram a participar como representantes de Santos em Jogos Abertos e Campeonatos Estaduais. .

Foi diretor do Sindicato dos Exibidores Cinematográficos. Atuou como advogado para o Sindicato dos Arrumadores, Carregadores e Ensacadores (atualmente denominado Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Carga) e para o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários. Dirigiu empresas comerciais, associações e sociedades civis.

Carlos Augusto Soares Corte Real é viúvo de Regina Helena, falecida em 9 de fevereiro deste ano, com a qual  manteve um sólido casamento de quase  50 anos . Dessa união nasceram três filhos, Heloisa Helena, assistente social, casada com o advogado Oto Salgues, Carlos Augusto, advogado e casado com Magna Terezinha, também advogada e Luiz Marcelo, falecido ainda criança. Completam sua família os netos Mayara, Alessandra, Lucas e Pedro.

Na visão dos filhos, a qualidade que mais destacam em seu pai é a firmeza de seu caráter, sempre passando valores de ética e exercendo destacada e natural liderança na família.

Heloísa Helena lembra de uma infância e adolescência  de casa cheia de lideranças estudantis,  da presença de políticos de renome como Freitas Nobre, Mário Covas, Orestes Quércia, e do apoio que seu pai emprestou a novas lideranças que surgiam, como Rubens Lara, que na primeira eleição apareceu com um caminhão de som em sua porta para comemorar seu ingresso na Câmara. Ela mesma chegou a se filiar ao MDB jovem e quase ingressou na política, embora tenha optado pela carreira de assistente social.

Carlos Augusto, que seguiu os passos do pai na advocacia e atua como secretário adjunto da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de São Vicente, revela que o grande exemplo paterno foi o de ter feito política com idealismo, sempre fiel a princípios, num comportamento hoje muito raro na política.

É essa história de vida que merece ser resgatada. Nos orgulhamos de ser partícipes desse momento significativo para Santos, que só enaltece nossa Casa e valoriza a Medalha de Mérito Brás Cubas.

Amigo Corte que Deus continue a iluminar e abençoar seu caminho e de seus familiares.

Muito obrigado.
Benedito Furtado.