Coletividade Italiana é lembrada pela Câmara

Solenidade aconteceu na Sala Princesa Isabel

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A Câmara Municipal comemorou ontem dia 04/06/08, o Dia da Coletividade Italiana, conforme Decreto 1.887 de 15 de junho de 1989. A solenidade que foi realizada às 19h na Sala Princesa Isabel, no Paço Municipal teve como orador para o discurso de saudação, o vereador José Lascane, autor da propositura.

Para o vereador se trata de uma justa homenagem devido a saga de uma comunidade que sempre lutou pelos seus ideais como retrata a imigração italiana no Brasil. Os italianos começaram a chegar em número significativo no Brasil a partir da década de 70, sendo impulsionados pelas transformações sócio-economicas em curso no Norte da península italiana, que afetaram, sobretudo, a propriedade da terra.

Discurso do vereador José Lascane

Exmo. Sr. Presidente
Saudações às autoridades
Saudações aos colegas vereadores
Saudações ao público

A Lei nº 1787/99 criou e oficializou a data que homenageia a
coletividade italiana e passamos a comemorá-la aqui no Plenário do Poder
Legislativo Santista.
2 de Junho é o dia do aniversário da República Italiana. É esta a data
do referendo que, em 1946, após a tempestade da 2ª Guerra Mundial, trouxe de
volta a República.

A primeira viagem de imigrantes aconteceu no dia 3 de janeiro de 1874, às 13
horas, do Porto de Gênova, em um navio à vela, o "La Sofia", na expedição
Tabacchi, e a segunda pelo "Rivadivia", ambos de bandeira francesa. O "Sofia"
chegou ao Brasil em fevereiro de 1874 trazendo 386 famílias.

Contudo, oficialmente, a imigração teve início no Brasil com a chegada do
navio "Rivadivia", que aportou em 31 de maio de 1875, com 150 famílias
italianas, encaminhadas para Santa Leopoldina, de onde seguiram para Timbuí e
fundaram Santa Teresa, todas localidades situadas no Estado do Espírito Santo.
Grande parte dos italianos que imigraram para o Brasil era do norte e do sul
da Itália. Do norte veio o maior contingente no período de 1876 a 1920 (os
vênetos eram um terço do total).

De 1876 a 1886 a primazia pertenceu ao Vêneto, ao Piemonte e a Lombardia -
essas três regiões do norte forneceram, sozinhas, 65% do total de imigrantes
nesse período. Entre 1887 a 1890, os vênetos continuam em primeiro lugar, mas
são acompanhados agora por italianos do sul: Campânia, Basilicarta, Calábria e
Sicília. Em menor número vieram os habitantes da Itália central: Abruzzo,
Molise, Lazio e Úmbria.

No final do século XIX, os principais pontos de desembarque no Brasil
eram os portos do Rio de Janeiro e de Santos. Os que entravam no país pelo Rio
de Janeiro eram recolhidos na Hospedaria da Ilha das Flores. Os que tinham São
Paulo por destino seguiam viagem por trem até a Capital.
Antes da construção da estrada de ferro, os imigrantes que
desembarcavam no porto de Santos, iam a pé ou em lombo de mula, por estradas
de terra, até seu destino. Com a inauguração da estrada de ferro São Paulo
Railway, em 1867, ligando Santos a Jundiaí, o transporte passou a ser feito
por trem até a Capital.

A maioria dos imigrantes chegava a São Paulo pelo porto de Santos e
subia a serra de trem, desembarcando na estação rodoviária ao lado da
Hospedaria dos Imigrantes, no Brás. Os que procediam do Rio de Janeiro
viajavam pela Estrada de Ferro Central do Brasil e o desembarque era feito na
Estação do Norte, atual estação do Brás, onde eram aguardados por funcionários
da hospedaria.

Dos quase 5 milhões de estrangeiros que entraram no Brasil, entre 1870
e 1949, mais de 50% vieram para o Estado de São Paulo. Os italianos formavam o
grupo mais numeroso - quase 1 milhão de pessoas. Entre o início de 1890 e a
Primeira Guerra Mundial, os italianos chegaram a compor ¼ da população do
Estado.

Em São Paulo o Brás foi o bairro da preferência dos italianos que se
fixaram na cidade, mas eles também tiveram presença expressiva na Moóca, Bom
Retiro, Belenzinho, Canindé, Bexiga, Pari, Vila Carrão e Santana. Agrupavam-se
conforme sua região de origem - napolitanos no Brás, calabreses no Bexiga e
venezianos no Bom Retiro - mas sua influência se fez sentir em outros pontos
da cidade, na  arquitetura de edifícios públicos ou residências particulares
nos Campos Elíseos, Higienópolis, Vila Buarque, Consolação.

A Societá Italiana Di Beneficienza foi a primeira a ser criada, em
1878 e dirigiu por muitos anos o Hospital Humberto I. Também fundam vários
colégios populares para alfabetizar crianças da comunidade. Em 1919, esses
colégios chegaram a abrigar 9 mil alunos. Em 1911, os italianos fundam o
Colégio Dante Alighieri.

A presença de artistas italianos nas artes plásticas brasileiras foi essencial
para sua formação e desenvolvimento. Basta lembrar de nomes como Cândido
Portinari, Victor Brecheret e Pietro Maria Bardi, que teve participação
importante no processo de criação do Masp, atuando como um consultor na
aquisição do acervo do museu, Alfredo Volpi. Paschoal Segreto rodou o primeiro
filme no país; Franco Zampari foi um importante diretor de teatro.

São Paulo é considerada, hoje a terceira maior cidade italiana fora da Itália,
perdendo apenas para Buenos Aires e Nova York. Estima-se hoje um contingente
de cerca de 6 milhões de italianos e descendentes só na Estado de São Paulo, e
em todo o Brasil, cerca de 20 milhões.

O Carnaval vem das famosas festas pagãs da antiga Roma, como as festas em
homenagem à Saturno e em homenagem à Loba de Rômulo e Remo.

A palavra  Carnaval  vem  do  italiano carne e vale. O dialeto milanês
tem "carnelevale", de baixo latim "carnelevamen" de carne e "levamen" ação de
tirar; o tempo em que se tira o uso da carne, pois o carnaval é propriamente à
noite antes da quarta-feira de Cinzas.

Existem carnavais em: Nápolis, Veneza (máscaras), Viareggio, cidade de
Putignano em Puglia.

Santos, 04 de junho de 2008.

José Lascane
Vereador - PSDB