Sexta-Feira, 23 de Fevereiro de 2007, 08:24
Constantino reclama de falta de apoio
Da Reportagem
‘‘Tem de haver uma conversação. A base governista não pode ser um queijo furado’’. A queixa partiu do líder do Governo na Câmara, vereador Manoel Constantino (PMDB), que promoveu o esvaziamento da sessão de ontem pelo grupo aliado ao Executivo para não correr o risco de ver rejeitado um projeto de lei (PL) do prefeito João Paulo Tavares Papa. Com a falta de quórum em plenário, a sessão foi encerrada, conforme determina o regimento da Casa.
O PL do prefeito previa a adição de quatro entidades às 35 que já integram o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Santos (CDES), órgão consultivo criado em julho de 2001, com o objetivo de discutir propostas para alavancar a economia local.
Dos novos membros, três seriam ligados ao setor patronal — Petrobras, Associação Profissional dos Usuários dos Portos do Estado de São Paulo (Apupesp) e Agência de Desenvolvimento Tietê-Paraná (ADTP) — e um à Prefeitura — Secretaria Municipal de Assuntos Portuários (Seport).
A vereadora Cassandra Nunes (PT) apresentou emenda ao PL, na qual propunha a incorporação de outros três membros, todos ligados aos trabalhadores — Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Distribuição e Refino de Petróleo de Cubatão, Santos e São Sebastião (Sindipetro), Sindicato dos Bancários de Santos e Região e Sindicato dos Trabalhadores Administrativos em Capatazia, nos Terminais Privativos e Retroportuários e na Administração em Geral dos Serviços Portuários do Estado (Sindaport).
‘‘Não entendo a Prefeitura querer, na contramão da modernidade, discutir desenvolvimento sem a participação dos trabalhadores’’, reclamou o petista Reinaldo Martins. ‘‘Toda a sociedade civil, de forma ampla, está contemplada na formação do conselho’’, defendeu Constantino.
Aparentemente com maioria na Casa, após muitas articulações nos bastidores, o líder do Governo preferiu não arriscar votar o projeto, recorrendo ao esvaziamento do plenário. A falta de quórum força o adiamento da votação da matéria. Segundo Constantino, a bancada de apoio ao prefeito não estaria ‘‘totalmente envolvida’’ — ou, em outras palavras, comprometida com o posicionamento do Governo. Ele não citou quais seriam os vereadores ‘‘destoantes’’ do grupo.
Após o encerramento da sessão, Constantino informou que Papa retirará o projeto da pauta de votações. Ele garantiu, ainda, que o prefeito se reunirá com sua bancada na Câmara para ‘‘conversar e discutir posturas’’.
Libras
A Câmara de Santos passou a ter a primeira TV Legislativa com tradução simultânea pelo sistema Libras (Língua Brasileira de Sinais), destinado aos deficientes auditivos.
Ontem, a tradutora Nilcéia Furquin apresentou a tradução das falas de todos os vereadores. Na tela, sua imagem fica disponibilizada em um pequeno quadro. As sessões são transmitidas pelo Canal 9 da Net.
Luiz Andrade, diretor técnico da Associação Assistencial Cáritas, entidade que promove a tradução simultânea, elogiou a iniciativa do presidente do Legislativo, vereador Marcus De Rosis (PMDB). ‘‘É um processo de inclusão do deficiente’’.