CEV se reúne com Papa e recebe apoio

Prefeito vai nomear comissão executiva para coordenar agenda festiva do centenário dos canais e ações.

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Uma Comissão Executiva, formada por representantes da Prefeitura, Câmara Municipal, UniSantos, Sabesp, e de entidades ligadas às áreas de urbanismo e história, será nomeada pelo prefeito João Paulo Tavares Papa com a finalidade de coordenar os trabalhos em comemoração aos cem anos dos canais de Santos. O grupo foi definido em reunião do prefeito com membros da Comissão Especial de Vereadores que trata do centenário dos Canais, realizada na tarde da última segunda-feira, dia 29.
Papa acolheu a proposta encaminhada pela vereadora Cassandra Maroni Nunes, presidente da CEV, de preparar uma ampla programação até agosto de 2007, quando se comemora a entrega do primeiro canal (Canal 1). O lançamento da agenda festiva está previsto para o dia 19 outubro deste ano, marco do
início das obras há cem anos. Neste dia, a Sabesp, que já participa das discussões da CEV, vai iniciar uma série de atividades, entre elas uma exposição de mobiliário utilizado por Saturnino de Brito, mapas e fotografias.
Segundo a vereadora Cassandra — que esteve acompanhada dos vereadores Reinaldo Martins e Fábio Nunes, além do arquiteto Cláudio Abdala (FAUS- Unisantos), é importante que o Executivo assuma a condução do processo, de maneira a mobilizar toda a cidade em torno do tema. Ela reforçou o papel do Legislativo como fomentador das discussões na cidade e ressaltou a importância dos canais no passado, presente e futuro de Santos. "Certamente, vamos aproveitar a programação para promover debates sobre o desenvolvimento do município à luz da questão ambiental e urbanística".
Papa avaliou o calendário festivo como uma oportunidade singular para que a cidade faça o resgate documental da obra. Ele lembrou que na época em que esteve à frente da superintendência regional da Sabesp procurou recuperar alguns registros da obra e de Saturnino. "Muita coisa estava deteriorada", disse. O prefeito acredita que agora a própria população poderá contribuir para esse resgate documental do passado, fornecendo, por exemplo, fotos antigas que registrem esse período.
 
 
Entre as sugestões apresentadas ao prefeito para integrar a agenda festiva e discutidas pela CEV estão:
 
• Criaão de Comissão do Centenário dos Canais, que coordenará todas as atividades programadas e ações da agenda.
• Lançamento de logomarca comemorativa, a partir da realização de concurso na cidade.
• Lançamento de concursos fotográfico e literário, com o tema 100 anos dos canais.
• Elaboração de Plano de Revitalização dos Canais.
• Realização de simpósios para debater a questão ambiental dos canais e projetos para o futuro.
• Exposição itinerante resgatando a memória do projeto de Saturnino, a obra e os benefícios.
Desenvolvimento de programa paralelo na rede municipal de ensino, com atividades específicas para o conhecimento dos alunos.
• Produção de publicações, de peças comemorativas e cartões-postais.
 
 
PALESTRA
Na última reunião da CEV, realizada dia 25 de agosto, a professora Wilma Terezinha, da Unisantos, proferiu palestra sobre a memória dos canais. Ela ressaltou os problemas que Santos enfrentava no final do século 19, com prejuízos econômicos no porto em razão do avanço das epidemias.
"A drenagem de Santos era mal resolvida. Além disso, para servir ao porto — principal escoador da produção de café do Estado foram montadas várias cocheiras no centro da cidade, porque o transporte do produto até os navios era feito por carros puxados por animais. Isso ajudou a piorar a questão sanitária e a aumentar o número de ratos e mosquitos. Com o crescimento de doenças como febre amarela, maleita, tuberculose e peste bubônica, houve uma pressão para que o Estado agisse, principalmente porque o porto de Santos havia adquirido má fama e corria o risco de perder para o porto de São Sebastião o posto de principal corredor do café", explicou.
Segundo a historiadora, o projeto de Saturnino não saneou apenas a cidade, mas garantiu sua economia e seu futuro. "Foi muito importante também para o país". As obras de saneamento começaram no início em 1905, com a canalização de rios e criaão da rede de canais de drenagem para a urbanização dos terrenos inundáveis da região Leste/
Sudoeste da Cidade, onde, hoje, estão situados os bairros do Marapé, Campo Grande, Boqueirão, Aparecida, entre outros.
Os primeiros canais inaugurados em Santos foram o Canal 1 e o da Rangel Pestana, em 27 de agosto de 1907, canalizando o Ribeirão do Soldado, que nascia no morro da Nova Cintra/Jabaquara e desaguava na Bacia do Mercado, acompanhando a então rua Rangel Pestana, hoje avenida.