Iniciativa do vereador Reinaldo Martins, a CEV pretende resgatar a memória dos primeiros imigrantes que chegaram ao país em 18 de junho de 1908, pelo Porto de Santos, e inserir a cidade no calendário nacional dos festejos dessa importante data.

Segundo Reinaldo Martins, que presidirá a comissão, o Legislativo santista tem de assumir o compromisso de devolver à colônia japonesa seu verdadeiro valor na história da cidade.

Humilhados pelo governo brasileiro durante os anos da Segunda Guerra Mundial, explica Reinaldo, os japoneses que se estabeleceram pelas regiões da Alta Paulista, Noroeste, Mojiana, Sorocabana e também em Santos viveram dias sombrios. A declaração de guerra do Brasil contra o Japão, no dia 6 de junho de 1945, pegou de surpresa muitos imigrantes.

“Foi um período de perseguições. O grande golpe sofrido pela colônia em Santos foi a perda do imóvel localizado na Rua Paraná, na Vila Mathias, onde funcionava a Escola Japonesa e a Sociedade Japonesa de Santos. No auge do conflito entre Estados Unidos e Japão, o governo brasileiro confiscou o imóvel”, conta Reinaldo. Desde então, muitos têm trabalhado para reparar esse triste ato, como o ex-deputado Koyu Iha e o ex-vereador Adelino Rodrigues.

Em razão do centenário e com a constituição de 2008 como o Ano do Intercâmbio Brasil-Japão, pelo presidente Lula, o vereador Reinaldo acredita que o momento é bastante oportuno para devolução da antiga casa à colônia japonesa em Santos.

Ações integradas de parlamentares santistas podem contribuir para o sucesso da empreitada.

“Já temos apoio da deputada federal Telma de Souza nesse sentido. Também estão engajados na campanha de comemoração do centenário a deputada federal Mariângela Duarte e o senador Aloísio Mercadante. A hora da reparação chegou, ainda que tardia”, disse, ressaltando que a CEV dos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil pretende propor ao Executivo uma agenda própria para comemorar a data, o que demandará planejamento em conjunto com lideranças da colônia na cidade.

O vereador lembra que, por lei municipal, Santos foi declarada cidade-irmã de Nagasaki e Shimonoseki. Segundo dados da Associação Japonesa de Santos, mais de 600 famílias nisseis e sanseis vivem no município.

PASSADO
O primeiro grande grupo de imigrantes japoneses chegou ao Brasil no dia 18 de junho de 1908.

Eram 9h30 quando o vapor Kasato Maru atracou no Porto de Santos. A chegada de 165 famílias, num total de 781 pessoas, cumpria o tratado firmado entre a Companhia Imperial de Emigração e o Governo do Estado de São Paulo. Com a obrigação de trabalhar em lavouras de café do Interior, os japoneses não obtiveram sucesso no primeiro ano. Mesmo assim, uma nova leva de imigrantes (mais 247 famílias) chegou a Santos em 28 de junho de 1910, no navio Ryokun Maru.

Com o passar dos anos, muitos que aqui chegaram, se estabeleceram em chácaras pela Ponta da Praia, Marapé, Saboó, Campo Grande e Morro da Nova Cintra. Até a Segunda Guerra, Santos era abastecida exclusivamente por produtos cultivados nessas plantações. Na década de 60 ainda havia algumas delas na área do Conjunto Habitacional Castelo Branco (Aparecida), na Av. dos Bancários e na Rua Epitácio Pessoa.

A declaração do Brasil de guerra ao Japão, depois de 30 anos de imigração, produziu efeitos arrasadores na colônia em Santos. Os imigrantes foram obrigados a se retirar de uma faixa de 50 quilômetros do Litoral por questões de segurança nacional. Os registros da época indicam que a remoção ocorreu em 24 horas para São Paulo. Depois, muitos foram levados a várias cidades do Interior.

Foi um momento dramático para aqueles que já haviam criado raízes na cidade. As famílias corriam para se desfazer de seus bens a qualquer preço. Vendiam de tudo, desde porcos, galinhas e até burros.

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