Câmara lança livro
e premia poetas da terceira idade
“O relógio quebrado”, poesia de Leda Sylvia Mendes Szochalewicz, foi a vencedora do 4º Concurso Municipal de Poesia para a Terceira Idade, promovido pela Câmara Municipal de Santos. Em solenidade realizada em 29/08, na Sala Princesa Isabel, houve o lançamento do livro com a coletânea das poesias inscritas e entregues medalhas para os cinco primeiros classificados no certame.
Criado a partir de projeto apresentado pela vereadora Suely Morgado, o concurso foi oficializado pela resolução legislativa nº 111, de 14 de junho de 2004. Desde então, o Legislativo, por meio da CEV que é responsável pelo Programa Qualidade de Vida para um Envelhecimento Saudável, em parceria com a Associação de Poetas e Escritores da Baixada Santista (Apebs), promove anualmente solenidade para a entrega da Medalha “Poesia para a Terceira Idade”, concedida a cinco poetas com 60 anos de idade ou mais, residentes no município.
Nesta quarta edição, o concurso recebeu a inscrição de 92 poetas, inclusive de pessoas de outros municípios paulistas e até de outros estados. Em cumprimento à legislação, foram julgadas apenas as obras de poetas santistas, mas todas as poesias enviadas para o concurso foram incluídas na publicação.
A arte da capa do livro foi elaborada por Carlos Rodrigues, estudante da Universidade Santa Cecília, escolhida após seleção de trabalhos produzidos pelos alunos do primeiro ano do curso de Produção Multimídia, sob a orientação da professora Márcia Okida.
Antes da entrega das medalhas, houve três apresentações musicais do espetáculo “Velhos Tempos...Novas Emoções”, no qual idosos do Centro de Convivência Isabel Garcia dublam cantores e cantoras das décadas de 1940 e 1950.
Além de Leda Szochalewicz, foram classificadas as poesias de Marlene Paul (“Ai! Tempo bom que se foi, 2º lugar), Dalva de Araújo (“Um novo dia”, 3º lugar), Jaíra de Oliveira Presa (“Janela”, 4º lugar) e Regina Lúcia Alonso Peres (“Ilusão”, 5º lugar).
A vereadora Suely Morgado saudou os poetas que participaram do evento e preferiu não fazer um discurso formal, como de praxe, optando por declamar fragmentos da poesia “Estatutos do Homem”, de Thiago de Mello, escrito na década de 60 como protesto à censura imposta pela ditadura militar. Segundo Suely, a obra foi importante para despertar-lhe o interesse pela participação política e o compromisso com as questões ligadas aos direitos humanos.
Os trechos da poesia declamados pela vereadora foram estes:
“Fica decretado que agora vale a verdade.
Agora vale a vida,
E de mãos dadas,
Marcharemos todos pela vida verdadeira.
Fica decretado que todos os dias da semana,
Inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
Têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Fica decretado que, a partir deste instante,
Haverá girassóis em todas as janelas,
Que os girassóis terão direito
A abrir-se dentro da sombra;
E que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
Abertas para o verde onde cresce a esperança.
Fica decretado que o homem
Não precisará nunca mais duvidar do homem
Que o homem confiará no homem
Como a palmeira confia no vento,
Como o vento confia no ar,
Como o ar confia no campo azul do céu.
O homem confiará no homem
Como um menino confia em outro menino.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido
Tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes
E caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.
Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
A qual será suprimida dos dicionários
E do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
A liberdade será algo vivo e transparente
Como um fogo ou um rio,
E a sua morada será sempre
O coração do homem”.
Assessoria de Imprensa
Gabinete: Vereadora Suely Morgado
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