Câmara homenageia professora com Medalha Brás Cubas

Sessão Solene acontecu na Sala Princesa Isabel. Confira

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O vereador José Antonio Marques Almeida, o Jama, entregou na última sexta-feira 07/03/08, a Medalha de Honra ao Mérito "Braz Cubas" à professora Maria Floriscena Tassara Giraldes, na Sala Princesa Isabel, na Câmara Municipal de Santos. A homenageada tem a sua vida totalmente dedicada ao magistério. No dia 1º de março último, completou 55 anos ininterruptos de professorado.
 
Aos 82 anos de idade, Maria Floriscena continua lecionando. "Apesar de estar aposentada não consigo largar o ofício", explica. Hoje ela dá aula particular de Língua Portuguesa para candidatos de concursos de magistratura e de vestibular.
 
Para o vereador, Santos, por intermédio da Câmara Municipal de Santos, presta uma justa homenagem a uma pessoa que dedicou sua vida incansável e admirável ao ato do bem ensinar. "Sem dúvida alguma, vemos na vida Maria Floriscena um grande caso de amor pelo Magistério, e quem se beneficiou com certeza foram os seus alunos, que hoje são homens e mulheres bem formados e educados", elogia o vereador Jama, autor da propositura que concedeu a Medalha de Honra ao Mérito "Braz Cubas".
 
Maria Floriscena começou a lecionar aos 17 anos de idade na antiga Casa Pia São Vicente de Paulo. Formada em Letras Neolatinas pela Universidade de São Paulo (USP), ela compatibilizou a sala de aula com o seu aperfeiçoamento profissional, fazendo cursos de aperfeiçoamento em Filologia Portuguesa, de Orientação Educacional e de inglês e francês.
"É muito bonito o exemplo da nossa professora para as gerações mais novas de perseverança, responsabilidade e amor à profissão", observa Jama, acrescentando que o "ensinar" foi para Maria Floriscena "um constante exercício de rigor, na busca de ações produtivas".
 
A homenageada da Câmara Municipal de Santos também dedicou-se às atividades literárias. Ela é sócia-fundadora e primeira vice-presidente da Academia Feminina de Letras de Santos e diretora da Academia Santista de Letras. Fundou o Ateneu Oswaldo Cruz. Lecionou Português e Literatura Francesa na Faculdade de Filosofia da UniSantos e no Colégio Tarquínio Silva e no ex-Colégio Marçal (hoje Santa Cecília). Foi diretora do Cursinho Saturnino de Brito.
 
Assessoria de Imprensa
Rosângela Ribeiro Gil
Tels.: 9712-8067 e 3219-3085
rosangelaribgil@uol.com.br
 


 

 

Discurso do vereador José Antonio Marques Almeida, o Jama, em homenagem à professora Maria Floriscena Tassara Giraldes

Boa noite, senhoras e senhores. Vamos participar de uma noite especial e mágica.

Minha querida professora Floriscena Tassara Giraldes, vou lhe confessar: não é fácil desenhar as palavras, neste discurso, para celebrar a vida de uma pessoa com a sua estatura intelectual, profissional e humana.  Tudo o que posso dizer parece pouco, ainda, frente à magnitude de 55 anos de trabalho ininterrupto. Na arte de ensinar. Na arte de ajudar o ser humano, o próximo, a ser formar para as boas coisas da vida.

Nas palavras de Carlos Drummond de Andrade:
"O professor disserta sobre ponto difícil do programa.
Um aluno dorme,
Cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudi-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professor baixa a voz,
Com medo de acordá-lo."

Minha querida professora, nos esbarramos, algumas vezes, nos corredores e pátio do Colégio Tarquínio Silva, talvez as recordações não sejam lá muito boas da sua parte, mas as minhas, com certeza, são positivas.

A Cidade nesta noite rende uma justa homenagem para quem nasceu em Piracicaba, mas adotou Santos no seu coração. Desde o início, ainda muito nova, já mostrava que veio para este mundo para fazer “a” diferença.

Santista de coração, a sua história de aprendizagem foi exemplar, acredito que desde os cinco anos de idade, quando cursou os primeiros anos escolares no Colégio São José de sua cidade natal. Foi um processo natural, onde houve apenas convergência e harmonia. E assim, nossa homenageada de hoje, fez um caminho tranqüilo quando curso o ginásio e o normal no Colégio Sion, na cidade de Campanha, em Minas Gerais.

E prestem atenção, senhoras e senhores, por ser aluna interna, neste colégio, já que seus pais moravam longe, aproveitou o tempo disponível para se dedicar ao estudo e à leitura de livros especializados em psicologia e pedagogia. Minha querida professora, obrigado por sua doação.

E a menina de dedicação exclusiva à arte intelectual passou classificada em terceiro lugar, para o curso de Letras Neo-Latinas da Universidade de São Paulo, a USP.

Como o saber não tem limite, nossa querida professora prosseguiu o caminho das letras, e se aperfeiçoou em Filologia Portuguesa, Literatura Brasileira e Literatura Francesa. Muitos outros cursos foram feitos, com sucesso e louvor.

Paulo Freire, o nosso grande pedagogo, nos avisa que  “Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”.

Ma chère professeur, você é um exemplo de amor sincero e irreverente ao Magistério. Um exemplo que começa cedo, ainda na adolescência, aos 17 anos de idade. Professora na Escola Infantil da Casa Pia São Vicente de Paulo, já em Santos. Depois uma sucessão brilhante de novos alunos em muitas escolas e faculdade, como nos colégios Osvaldo Cruz, Mackenzie, Tarquínio Silva, Marçal, Santana (em São Paulo), Universidade Católica de Santos...

Tantos anos dedicados carinhosamente ao Magistério, mas assim mesmo não lhe faltou tempo para olhar o mundo. Para falar do “ser mãe”. As suas palavras são reveladoras: “Tudo passa, tudo se acaba, tudo é esquecido, menos o amor de mãe”.

Para falar sobre o papel da mulher na sociedade, tecendo críticas delicadas, porém certeiras: “Ficamos pensando no longo caminho que a mulher ainda tem para percorrer a fim de ser considerada como uma criatura humana racional, com os mesmos deveres e direitos do homem”. E eu completo: sem a visão machista de mulher-objeto.

Minha querida professora, neste dia que antecede o Dia Internacional da Mulher, você mostrou, na realidade e com belos exemplos, que a mulher não é um objeto de consumo, mas um ser humano com capacidade infinita para o trabalho, para o amor, para a arte, para a ciência, para a vida.

O poeta português Fernando Pessoa parece que escreveu essas linhas pensando em pessoas como a nossa professora Maria Floriscena:
“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.

Das salas de aula para o mundo mágico da Literatura. Maria Floriscena foi sócio-fundadora e primeira vice-presidente da Academia Feminina de Letras de Santos. Diretora da Academia Santista de Letras, na qual ocupa a cadeira número 1, que tem como patrono Agenor Silveira.

Maria Floriscena não se contentou em ser Professora, e nos deu muito mais presentes, como poetisa, escritora e tradutora de Espanhol e Francês. Um ser humano que ao formar homens e mulheres, com certeza se aprimorou.
Minha querida professora, em incansáveis 55 anos ininterruptos de Magistério, vale repetir, a Medalha de Honra ao Mérito Braz Cubas ainda será pequena frente à magnitude de uma vida de doação que começou ainda no florescer de uma vida.

Ser Professora, dizem, é uma tarefa difícil, mas não impossível. É uma tarefa que pede sacrifício incrível!
Tarefa que exige abnegação, mas é uma tarefa feita com o coração.

Maria Floriscena Tassara Giraldes, esta Casa foi unânime em aprovar a sua homenagem. Ficará escrito nos anais desta Câmara para sempre a reverência de uma Cidade a uma pessoa que teve toda uma vida dedicada ao Magistério, que formou muitos profissionais que hoje atuam brilhantemente nesta Cidade e em outras paradas.

É com muita honra que a Câmara Municipal de Santos lhe confere a Medalha de Honra ao Mérito Braz Cubas. O mérito é todo seu! Parabéns!