Baixada tem déficit de quase 2 mil leitos

Informação foi divulgada durante audiência pública

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A Baixada Santista precisa de mais 1.776 leitos hospitalares para atingir a meta preconizada pela Organização Mundial de Saúde como ideal para um bom atendimento médico-hospitalar. O déficit atinge todos os municípios, menos Santos, que tem superávit de 697 leitos e, por isso, acaba sendo procurado por pacientes de outras localidades, gerando sobrecarga na rede municipal. No ano passado, os atendimentos de pessoas de fora chegaram a 42%, dois por cento a mais do que em 2008.

Essa informação foi divulgada segunda-feira, durante audiência pública realizada na Câmara Municipal de Santos, convocada pela Comissão Especial de Vereadores (CEV) que estuda melhorias na rede municipal de Saúde. A questão da dengue também foi abordada e o secretário municipal de Saúde, Odílio Rodrigues Filho, revelou que o número de notificações já atingiu 1.267, todas do vírus 2 da doença, com 18 casos de febre hemorrágica. O secretário admitiu, porém, que pode haver mais casos, já que muitas pessoas não procuram atendimento médico.

O presidente da CEV, vereador Manoel Constantino, propôs, ao final, que todas as Câmaras Municipais constituam Comissões com o objetivo de estudar alternativas e encaminhar soluções para ampliar o número de leitos na região e sugeriu que o Governo Federal adquira o Hospital dos Estivadores para que o Estado e a Prefeitura possam colocá-lo em funcionamento.

Déficit
Segundo os dados apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde, a recomendação da OMS é de 2.5 a 3 leitos por 1.000 habitantes. Como a região, de acordo com o IBGE, tem 1.666.428 habitantes, o número de leitos à disposição da população deveria ser de 5.005. O secretário Odílio Rodrigues Filho, no entanto, mostrou, por meio de tabelas projetadas em um telão, que existem hoje 3.229 leitos disponíveis, assim distribuídos: 1.771 leitos SUS e 1.077 não SUS; 246 leitos complementares SUS e 135 leitos complementares não SUS. A situação mais grave é de São Vicente, que tem 263 leitos e precisaria 827. Logo em seguida estão Praia Grande (que tem 219 leitos e precisaria de 749) e Guarujá (que tem 362 leitos e precisaria 924).

A situação é agravada pelo fato de que a maioria desses municípios sequer conta com UTIs. Santos é o único sem déficit: com base em uma população de 417.098 habitantes, precisaria de 1.251 leitos disponíveis e tem 1.948.
O diretor da Regional de Saúde (DRS-4), José Ricardo Di Renzo, confirmou a situação e disse que o Governo do Estado já está tomando providências para reverter esse quadro, principalmente nos municípios mais carentes de recursos e com ênfase na ampliação do número de leitos de UTI. Ele revelou que em São Vicente já serão comprados mais leitos no Hospital São José, conforme convênio assinado na semana passada pela Prefeitura local.

Diante de uma pergunta do vereador Constantino, o secretário Odílio Rodrigues Filho confirmou que os recursos do SUS liberados para os outros municípios não retornam a Santos, mesmo quando os atendimentos são realizados na rede hospitalar santista, o que gerou várias críticas. O secretário também revelou que a maioria dos hospitais filantrópicos não disponibiliza todos os leitos reservados ao SUS devido aos baixos valores pagos pelo sistema. Segundo ele, se os hospitais cumprissem o acordo para reserva de leitos “quebrariam imediatamente”.

Dengue
Sobre a dengue, além de atualizar o número de casos, o secretário de Saúde de Santos fez questão de afirmar que a população precisa se conscientizar de que os criadouros do mosquito Aedes aegypti são intradomiciliares, ou seja, ocorrem nas residências e muito próximo a elas, já que a fêmea do mosquito procura colocar os ovos a menos de 200 metros de locais onde haja seres humanos. Já o diretor da DRS-4, José Ricardo Di Renzo, negou que as autoridades estejam escondendo o real número de casos e disse que o surgimento da dengue vem seguindo curvas de ampliação a cada três anos, em todo o Estado. “E sempre com maior gravidade”, observou.

Participação
Apesar da chuva forte que atingiu a cidade durante todo o dia, a audiência teve a presença de cerca de 100 pessoas, entre lideranças comunitárias, vereadores dos municípios de Guarujá, Praia Grande, Peruíbe e Itanhaém. Também participaram a deputada estadual Maria Lúcia Prandi e os vereadores santistas Manoel Constantino, presidente da CEV, Adilson Jr, Sadao Nakai, Hugo Duppre, Cassandra Maroni, Braz Antunes, Marcelo Del Boco e Valdir Nahora.

Assessoria de Imprensa
Gabinete: Vereador Manoel Constantino