Atualmente Santos possui 507 pessoas adultas vivendo das ruas, sendo as maiores concentrações nas zonas central e da orla

Na terça-feira, 18/08/09, a sala Princesa Isabel foi o local escolhido para a realização de audiência pública, presidida pelo vereador Adilson Júnior (PT), que discutiu a situação da população de rua. O secretário municipal de Assistência Social, Carlos Teixeira Filho, e sua equipe apresentaram os resultados do último censo realizado pelo município em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) em maio deste ano.

O Censo foi aplicado em 507 pessoas, sendo que dessas 388 dormem nas ruas e 119 possuem algum tipo de abrigo. A maior concentração, com 225 pessoas, está na zona central do município, com grande incidência nos bairros do Centro, do Paquetá e da Vila Mathias. Porém a zona da orla e a chamada zona intermediária da cidade não apresentam situação muito diferente, com respectivamente 186 e 96 moradores de rua. Segundo os dados do Censo, a região dos morros ficou com índice zero.

Diante dos levantamentos apresentados e da divulgação dos trabalhos desenvolvidos pela Secretaria de Assistência Social, a conselheira municipal de Habitação dos Moradores de Rua, Vandete da Costa Silva, sugeriu a criação de um Centro de Convivência. “Seria um lugar com alimentação, cursos, sala de leitura, atividades esportivas e culturais, além de um balcão para comercialização dos produtos confeccionados por eles. A idéia é tirá-los da ociosidade para que não sobre tempo para o álcool ou as drogas e que ainda levante a auto-estima”.

Como alternativa a sugestão Teixeira Filho comentou que atualmente a Secretaria possui parceria com entidades para o desenvolvimento de alguns desses projetos. “O Centro de Convivência é uma idéia que será estudada, porém esse local oferecerá respaldo durante o dia, mas é preciso pensar nas 24 horas diárias”, e completou “estamos trabalhando em um projeto que dará auxílio àqueles que trabalham com a coleta de materiais recicláveis para que não precisem dormir sob as carroças”.

ÍNDICES - O censo municipal levantou que do total de população adulta de rua, 89,5% são homens e desses 54,9% possuem entre 30 e 49 anos. Além disso, 79,5% não são de Santos, a maioria 47% veio para a cidade a procura de trabalho.

Dentre os motivos que levam as pessoas a viver nas ruas está em primeiro lugar as brigas em família, responsável por 29% dos casos, e em segundo o desemprego, com 17,7% das conseqüências. Dos 507 pesquisados, 78% disseram que conseguem se alimentar diariamente, 55,6% possuem algum tipo de documento e 29,3% moram nas ruas a mais de 5 anos.

“Acredito que a realização de cursos profissionalizantes e re-inserção no mercado de trabalho é a principal atitude a ser tomada. Eles precisam voltar a ter noção de responsabilidade, porque sem essa noção adianta”, expôs o munícipe José Raimundo de Souza.

Para Uriel Villas Boas, do Fórum da Cidadania, a comunidade também tem de participar. “Além dos três poderes, os munícipes, os comerciantes, a comunidade como um todo também tem de se engajar, afinal são eles que vêem e sentem esses problemas em suas vizinhanças”, enfatizou.

Por conta da sugestão, o secretário se comprometeu a realizar em parceria com os municípios da região uma conferência sobre o tema.

O vereador Adilson Júnior (PT) ressaltou a importância do assunto. “Como representante do povo assumo o compromisso de acompanhar as questões relacionadas ao tema, acreditando que temos de dar ênfase a dois aspetos iniciais, a situação dessas pessoas que estão a mais de 5 anos nas ruas e o desenvolvimento de ações para que esse número não aumente a cada ano”, e finalizou, “Levarei as propostas apresentadas aqui ao Conselho Municipal de Assistência Social e apresentarei junto à Câmara uma proposta de criação de Comissão Especial de Vereadores para tratar essas questões”.

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