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'Ainda estou aqui': a história de Rubens Paiva em Santos

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A repercussão do filme “Ainda estou aqui”, dirigido por Walter Salles e candidato brasileiro ao Oscar, trouxe de volta ao debate público a história do engenheiro e deputado federal Rubens Paiva, que foi cassado, preso e morto pela ditadura militar. Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens, o filme está em cartaz em todo o país, com sucesso de público e de crítica.

Muita gente não sabe, porém, que parte importante da memória de Rubens Paiva está abrigada na cidade de Santos, onde ele nasceu em 26 de dezembro de 1929. O deputado estudou no Colégio Santista, então pertencente aos Irmãos Maristas, e que recebia apenas alunos do sexo masculino.

Localizada no bairro da Vila Nova, a escola completou neste ano 120 anos de fundação, depois de ter passado por um incêndio em 1953 e de ser municipalizada em 2009, tornando-se a UME Colégio Santista. Além de Rubens Paiva, outras personalidades famosas frequentaram suas salas de aula, como o ex-governador Mário Covas, o ex-prefeito João Paulo Papa e o ator Nuno Leal Maia.

Edifícios e homenagem no terminal de ônibus

Rubens Paiva morou durante alguns anos no bairro do Boqueirão e, mais tarde, casado e com filhos, mudou-se para São Vicente. Formou-se em 1954 no curso de Engenharia da atual Universidade Mackenzie e fundou a Paiva Construtora, responsável por alguns empreendimentos também na cidade de Santos.

O Edifício Portofino, que foi inaugurado em 1964 na esquina das avenidas Presidente Wilson e Senador Pinheiro Machado (próximo ao canal 1), ficou sob responsabilidade técnica de Rubens Paiva, assim como o Edifício Portovelho, construído na mesma época no número 45 da Avenida Presidente Wilson, no Gonzaga.

Em junho de 1992, a então prefeita e atual vereadora Telma de Souza (PT) inaugurou o Terminal Deputado Rubens Paiva, no bairro do Valongo, homenageando o ex-deputado federal cuja morte ainda não havia sido reconhecida pelo governo brasileiro. Mais conhecido como Terminal do Valongo, o equipamento possibilitou a integração das linhas de ônibus municipais. A família de Rubens Paiva compareceu à inauguração.

Cassação e tortura

Rubens Paiva foi líder estudantil, vice-presidente da União Estadual dos Estudantes e elegeu-se deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em 1962, exercendo o mandato até abril de 1964, quando foi incluído na primeira lista de cassações da ditadura. Na madrugada de 1º de abril de 1964, havia feito um discurso conclamando estudantes e sindicalistas a resistir ao golpe militar.

Ele chegou a se exilar na antiga Iugoslávia e, depois, na França. Voltou ao Brasil em 1965 e passou a morar no Rio de Janeiro, onde os militares o levaram de casa no dia 20 de janeiro de 1971. Seu corpo nunca foi encontrado e a família teve de iniciar uma luta de quase quarenta anos para o Estado reconhecer a morte e a responsabilidade dos agentes públicos, como mostra o filme de Walter Salles.

Em março de 2014, o coronel reformado Paulo Malhães contou à Comissão Nacional da Verdade que Paiva foi torturado até a morte e teve seu corpo jogado em um rio na região serrana do Rio de Janeiro. Malhães foi encontrado morto em sua casa um mês depois do depoimento.

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