Srs. e Sras. presentes....

                   Grandes estruturas são difíceis de administrar. Especialmente quando estas estruturas envolvem a Saúde da população. 

                    Pois a Saúde, no Brasil,  é uma questão ligada  à concepção de humanidade, aos  problemas,  contradições  e afirmações do nosso povo. 

                   Administrar um hospital que é uma verdadeira cidade é tarefa para pessoas preparadas para enfrentar imensos desafios.

                   A Santa Casa da Misericórdia de Santos foi fundada e administrada por um fidalgo ilustre, Braz Cubas, que também fundou e administrou a nossa Cidade. Mas não é esta, somente, a razão de se afirmar que a história da Santa Casa concentra a própria história de Santos. São trajetórias que se mesclam, se confundem, se entrelaçam, se complementam.

                   Desde seus primeiros tempos, a Irmandade contou com pessoas importantes, seja como  provedores, administradores, mordomos, diretores,

consultores, voluntários ou colaboradores. Habitualmente, nomes de destaque para a vida da Cidade,   em diversas áreas de atuação, também marcaram sua presença no hospital, com grande destaque e uma enorme dedicação.

                   E este aspecto não ocorreu, através dos tempos, por mero acaso.

                   Tudo isso  na verdade aconteceu porque a Santa Casa está dentro do peito de cada santista. É a nossa  origem como  formação urbana e a nossa maioridade enquanto comunidade.

                   Por isso, é de uma forma toda especial que olhamos para a Santa Casa. Sabemos muito  bem avaliar quando um trabalho é bem feito ou quando uma tarefa espinhosa é desempenhada com louvor.

                   Sabemos  reverenciar o talento e  a criatividade.

                   Sabemos  reconhecer a dedicação e a persistência.

                   Sabemos  louvar aqueles que dignificam as suas profissões.    

                   E  sabemos  homenagear aqueles que emprestam o seu brilho pessoal        à manutenção e ao desenvolvimento  do primeiro hospital das Américas.

                   Aliás, é exatamente isto que estamos fazendo nesta noite festiva: em síntese, estamos homenageando alguém que abrilhanta o cotidiano da Santa Casa com seu valor, suas qualidades, seu determinação e sua capacidade de avaliar a realidade e propor soluções.

                   Pois então, vamos falar  um pouquinho do Erimar:

                   Erimar Carlos Brehme de Abreu tem 51 anos, é casado   com a  Sra. Ivelise  Barros Fernandes de Abreu e tem dois filhos, o Bruno e a Ingrid.          

                   Descendente de alemães e portugueses, é santista, nascido ali na Rua Godofredo Fraga. Viveu dos 16 aos 26 anos em São Paulo, aonde estudou. Bacharel em Administração de Empresas, formado pela Universidade Liceu Camilo Castelo Branco, tem especialização em Marketing, Administração Hospitalar e Comércio Exterior, além de  Pós Graduação em Administração de Serviços de Saúde.

                   Trabalhou no posto de gasolina do seu pai, na Penha e estagiou na Volks, vendendo peças para caminhões.

                   De repente, casou e mudou. Ou melhor, casou e voltou.

                   Voltou para Santos.  Entre idas e vindas, é importante ressaltar uma particularidade importante do seu currículo: abriu uma choperia na Epitácio Pessoa, provavelmente uma forma de honrar a parcela alemã do seu sangue...

                   Foi Diretor de Marketing do Grupo São Camilo durante três anos e Gerente de Vendas para Exportação da Volkswagem do Brasil. É membro do Painel Comunitário da Dow Química do Guarujá.

                   E, acima de tudo, integra o quadro técnico da Federação das Santas Casas de Misericórdia e dos Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de São Paulo. É o representante da Confederação das Misericórdias junto à Agência Nacional de Saúde - ANS

                   Professor de Pós-Graduação em Administração de Empresas da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e da Universidade Santa Cecília. A propósito, toda sexta-feira e sábado sobe a Serra para dar aulas em outras cidades, como São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e Marília.

                   Em 2006, recebeu o Prêmio “Administrador Emérito da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares e do Conselho Nacional de Gestão em Saúde.

                   Montou o primeiro Plano de Saúde do Hospital Santo Amaro, em Guarujá.

                   Para nós, santistas, o essencial é que Erimar ingressou na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos em 17 de maio de 1993 -portanto, há 16 anos-, assumindo o cargo de Chefe do Departamento de Convênios e Faturamento. De uma hora para outra,  em do convênio com a Codesp, passou a administrar um plano de saúde que saiu do zero para chegar a trinta e três mil associados.

                   Pelas mãos do então Provedor Alberto Eduardo Levy, foi levado ao cargo de Diretor Administrativo, em 1º de março de 1994. Depois, ocupou a função de Diretor Administrativo e Financeiro, já  na Provedoria de Manoel Lourenço das Neves. Em maio de 2001, assumiu a Superintendência Hospitalar da  Irmandade da Santa Casa de Misericórdia.

                   Hoje, na realidade, é o responsável legal da Entidade, trabalhando  ao lado de 65 profissionais que fazem parte da  Grande Administração da Irmandade. Esta equipe tem a fantástica missão de comandar o nosso maior complexo de Saúde, que envolve  3.286 funcionários, incluindo 878 médicos fixos. Ou seja, são praticamente

cinco mil profissionais atuando na área da Saúde, computando-se os contratados, prestadores de serviços, especialistas, residentes e voluntários, entre outros.

                   E não é só isso: atualmente, o Plano de Saúde atende mais de cem mil pessoas .

                   Tudo isto exige uma atenção extraordinária a dois pontos fundamentais: um olho nas questões administrativas e nos números, e outro olho nas questões institucionais relativas à Saúde. Para se buscar o desejado equilíbrio, é preciso estar atento e forte, equilibrando os recursos – que geralmente são insuficientes e a concepção democrática do atendimento de Saúde no Brasil, após o advento do Sistema ùnico de Saúde – SUS-, em 1988.

                   Mais ainda: é preciso ter o conhecimento técnico, de um lado, e de outro, a compreensão da realidade da situação da Saúde no Brasil e na nossa Região. Como tempero,  a condição histórica e pioneira do primeiro hospital do País.

                   Todos nós sabemos que a questão da Saúde no Brasil carece, ainda, de definições mais claras, mais realistas. A cada um real gasto pelos hospitais filantrópicos, o ressarcimento pelo SUS é de cinquenta e cinco centavos. O SUS, conforme a visão do Administrador Erimar, é o melhor convênio de Saúde do mundo, pelo seu caráter universal e democrático. Mas até hoje não foram definidas, sem sombras de dúvidas, as fontes de custeio necessárias. Talvez isto se modifique com a aprovação da Emenda 29, que está  parada esperando votação no Congresso Nacional há quase dez anos.

                   Oitenta por cento dos municípios do Estado de São Paulo contam somente com as Santas Casas. Por isto mesmo, é possível dizer, sem qualquer ufanismo, que Santos é, em comparação com a grande maioria das cidades do Estado, uma cidade bem equipada em termos de Saúde. Mas todos nós sabemos que não basta, é preciso buscar outros recursos, outras fontes que possam oferecer rendimentos e, especialmente, um grande investimento em atendimento básico, para valorizar cada vez mais o dinheiro público e buscar uma estrutura mais profissional.  

                   Talvez  assim seja possível, finalmente, acabar com a prática habitual e cruel de se conseguir uma consulta para seis meses depois. Talvez seja possível humanizar cada vez mais o atendimento. E talvez, através de um decisão política séria, seja possível acabar com as enormes distorções existentes, como a constatação de que a remuneração por diversos procedimentos, pelo SUS, não cobre os gastos mínimos.

                    Talvez, os administradores públicos tenham que aprender com os administradores das Misericórdias a equilibrar orçamentos,  dentro dos milagres diários que acontecem nos corredores dos hospitais.

                   E talvez, ainda, um dia seja perfeitamente normal que uma consulta seja marcada  para, no máximo, sete dias. Aí então, como comenta o nosso querido Erimar, começaremos todos a acreditar realmente no Sistema de Saúde como um todo.

                   A vida do administrador Erimar sempre foi assim, bastante  atribulada. É assim que acontece com as pessoas que são movidas a desafios, a grandes tarefas. Administrar a Santa Casa de Santos é , sem dúvida, viver dentro de um turbilhão, permanentemente. Por isso mesmo,

ao sugerir o nome de Erimar  Carlos Brehme de Abreu para ser homenageado como o “Administrador do Ano”, com a devida aprovação dos demais vereadores, minha pretensão era, antes de mais nada,   reconhecer o seu grande valor e a importância do trabalho de todas as pessoas que contribuem para o funcionamento do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Santos. Todos os santistas, na verdade, deveriam  conhecer o Hospital, o seu funcionamento, a sua pulsação, para ter uma pequena ideia do que significa  prestar atendimento de Saúde à população e dos imensos sacrifícios cotidianos que ali acontecem.

                   É para mim uma grande honra promover  esta homenagem , em conjunto com os demais Vereadores da  Câmara Municipal de Santos. A propósito, não poderia deixar de citar que recentemente apresentei um projeto que modifica um aspecto importante da lei que instituiu esta premiação: numa época em que o estudo é menosprezado e o diploma universitário é relegado a último plano, estou incluindo a condição de que a pessoa indicada como “Administrador do Ano”  seja  devidamente diplomado nesta área específica. Na minha modesta visão, trata-se de um  compromisso com as futuras gerações, no sentido de valorizar o  estudo sério e o diploma universitário.

                   Por fim, apresento meus sinceros cumprimentos ao Administrador Diplomado e Pós Graduado Erimar Carlos Brehme de Abreu. Sinceramente, devo atestar que esta homenagem é perfeitamente justa. Meus parabéns!

                   Braz  Antunes Mattos Neto

                   Vereador – Líder do PPS.