Discurso: Vereador Braz Antunes Mattos Neto

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DISCURSO PROFERIDO NA SOLENIDADE DE ENTREGA DO TÍTULO DE CIDADÃ SANTISTA À SRA. MARIA DE LOURDES VIEIRA DO VALLE - CÂMARA MUNICIPAL DE SANTOS, EM 23 DE NOVEMBRO 2005.


Um gesto de carinho nos enobrece.

Um passo em direção à Solidariedade nos enriquece.
Uma ajuda permanente aos necessitados nos eleva.

E a compaixão nos revela.

E nos faz respirar o ar mágico que existe nas nuvens cósmicas habitadas por anjos. E nos faz mais completos. E nos torna mais felizes. Porque existem pessoas muito especiais que têm a capacidade de sentir toda a extensão das dores e necessidades do próximo. E quando o próximo se aproxima, estas  pessoas especiais abrem os braços, oferecendo o carinho, o conforto.

Oferecendo aquele sentimento que alguns chamam de identificação e outros chamam de irmandade.

E então percebemos qual é o verdadeiro significado da palavra humanidade. Humana, meus amigos, é aquela pessoa que naturalmente, sem esforço algum, sem racionalização alguma,  consegue enxergar a alma das outras pessoas. A alma de todas elas. E se compadece. E se enternece.

Humana é aquela pessoa que tem tantas verdades dentro de si e tanta bondade no olhar, que torna abençoado o ato de viver. Exatamente como Deus desejou que fosse ao criar esta raça.

Raça que poderia e deveria ser cada vez mais humana.

A cada dia mais humana. A cada instante mais humana. E mais evoluída e mais calorosa.

Porque para isso nos foi dada a graça divina da compaixão e o tesouro absoluto da consciência.

Meus queridos amigos e amigas, não é nenhum segredo que todas estas palavras referem-se a esta pessoa singular chamada
Maria de Lourdes Vieira do Valle. Uma pessoa iluminada, sem dúvida alguma.

Mas vamos deixar que o também iluminado Luiz Gonzaga Alca Sant’Anna nos revele quem é e o que representa Lourdes do Valle. Pois este grandioso e sábio Luiz escreveu estas palavras:

“ Sempre disse que a Lourdes do Valle é uma notável figura humana. É assim que a chamo. Porque nela a caridade não está na filantropia apenas, mas no ato de ajudar as pessoas desinteressadamente. É espontâneo, natural dela. Como comprar passagem para quem precisa viajar e não tem dinheiro, levar o remédio e etc. De forma anônima. Por outro lado, ela é mestra em pequenos gestos de carinho aos amigos. Mandando rezar missa para os nossos entes queridos que já se foram, lembrando das datas antes da gente, trazendo água de Lourdes ou pílulas de Frei Galvão aos doentes. Ou fazendo uma torta ou outro prato quando sabe que um amigo está precisando de um agrado, um carinho.

Faz para os outros, tanto quanto faz por esta pequena família que ela adora: o Waldir, o Vicente, a Izaura, os netos. Considero a Lourdes uma irmã muito querida, que tem estado ao meu lado pela vida, conhecendo o verdadeiro valor da amizade e o calor da presença  nas horas boas e más, certas e incertas”.
Assinado: Luiz Alca Sant’Anna.

Depois destas palavras de um especialista das boas vibrações e das boas palavras, dizer o quê?

Talvez dizer que é a qualidade da homenageada que faz a qualidade da homenagem.

Ou dizer respeitosamente que, nesta minha ainda pequena e breve trajetória pelos ensinamentos políticos, prestar esta homenagem é motivo de muito orgulho para mim - mas muito orgulho mesmo. Por um instante, cara Lourdes, eu me sinto melhor como pessoa e como Vereador. O que confirma integralmente todas sílabas e palavras faladas no início deste humilde discurso. A bondade quando nos é apresentada realmente nos enobrece. A todos.                   

Nos abençoa e nos presenteia com a compreensão imediata dos segredos do universo. E o grande segredo é que não há nenhum segredo assim tão grande, tão insondável, tão misterioso.

Pois apesar de tudo , tudo  é simples, muito simples.

Tão simples que nossos pequenos gestos podem ter a dimensão do Planeta, se são feitos com humildade e generosidade.

Tão simples quanto a defesa de uma boa causa.

Ah, meus senhores e minhas senhoras, esta sim é uma palavra obrigatória: A CAUSA!

Mas antes de chegar lá, me permitam citar alguns dados, algumas datas, alguns fatos.

O primeiro fato é este: bendito o dia em que Duarte e Maria do Rosário vieram para o Brasil, diretamente de Portugal. Lá em Santo André, iniciaram a aventura de se tornarem brasileiros. Lá, nasceu Maria de Lourdes.

Lá, o “seo” Duarte,  como bom empresário, tornou-se dono de restaurante. E naquela mesma terra de além Serra, Lourdes em 1957 casou-se com o Waldir, de sobrenome nobre: Ferreira do Valle! No ano seguinte, uma estrela brilhou, uma lágrima cristalina escorreu, uma benção se derramou e nasceu Izaura.

O tempo avançou, os ciclos foram se completando, a história foi sendo tecida, os corações foram se abrindo e então outra alma cristalina chegou ao nosso mundo e lhe chamaram Vicente.

Uma empresa foi montada em São Paulo, a Usisal. Que venceu barreiras e atravessou a Serra, para conhecer outras terras, outras ares marinhos. E o sal da terra conheceu a terra dos Andradas. E aqui a família ficou  e fincou raízes. Fincou sentimentos, construiu a sua História.       

A usina cresceu, gerou negócios, gerou empregos. Gerou uma trajetória vencedora. Sempre com o Waldir contando com o respaldo espiritual da esposa Lourdes.

Mas a visão sensível de Lourdes viu bem que existiam muitas carências nesta comunidade  santista. E ela foi ajudando, ajudando... ajudando sem parar. Juntou seu entusiasmo com a sua sensibilidade, seu esforço com a sua dedicação, seu vigor com as suas certezas, com as suas crenças pessoais, com a sua disposição, com a sua coragem.

E foi voluntária da Aliança Auxiliadora Feminina, entidade da qual participou como diretora de 1967 até 1974. E logo depois disso, tornou-se Relações Públicas de uma das mais conhecidas e reconhecidas entidades filantrópicas de Santos, a Associação Prato de Sopa Monsenhor Moreira.

Os tempos voam, os tempos mudam. Os tempos às vezes promovem torvelinhos, promovem redemoinhos. E os anos OITENTA trouxeram um novo e assustador flagelo, a Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida.

Pronto! Estava descoberta uma nova CAUSA. Em 1988, Lourdes passou a se dedicar à ACAUSA, entidade que criou o respeito e a admiração de todas as gentes santistas pelo trabalho incansável de auxílio aos Soropositivos.

Durante QUINZE anos, Lourdes ocupou a presidência executiva desta entidade. E recentemente, passou o cargo a uma sucessora de respeito e de igual sensibilidade, que é a Senhora Diva Kodama. Mas Lourdes continua ligada à ACAUSA, ocupando o posto de alto nível que é o de Presidenta de Honra!

O CORAÇÃO AINDA SENTE E A MENTE AINDA SABE QUE É PRECISO CADA VEZ MAIS  AUMENTAR A AJUDA AOS NECESSITADOS.

Vivemos em um País que ainda não conseguiu encontrar o seu caminho definitivo e que ainda balança ao sabor das inconstâncias financeiras e políticas.

Um País em que ainda é básico pensar em cestas básicas, quando deveríamos ter cestas fartas em todas as casas.

Mas é um País que é capaz de gerar exemplos superlativos como é o trabalho da ACAUSA, que consegue atender entre 800 a mil pessoas mensalmente, angariando recursos com promoções próprias, sem receber nenhum tipo de subvenção. O que sustenta ACAUSA é mesmo o coração e o esforço de quem dela participa.
 
Minha cara e abençoada Lourdes do Valle: eu tenho um grande orgulho de ser santista. E tenho neste momento a imensa satisfação de dizer à mãe dos meus amigos Vicente e Izaurinha,  que ela é, de fato e de direito, também uma Cidadã Santista. Aliás, este ato presente é na verdade uma homenagem a toda a família, com quem tenho grande amizade, incluindo o “seo” Waldir, com quem tantas vezes caminhei pela praia de Barra do Una; e os netos Marcos e Marcelo, jovens companheiros ao lado de quem disputei e ainda disputo  grandes partidas de futebol.

Neste momento festivo e de reflexão, só resta dizer que o nome Maria de Lourdes Vieira do Valle representa o aperfeiçoamento da expressão contida no brasão de Santos, que fala que aqui ensinamos o que é liberdade e o que é caridade.

Pois continuamos ensinando e assim continuaremos através dos tempos!

Muito obrigado a todos.


BRAZ ANTUNES MATTOS NETO
Vereador – PPS.