Propostas para inibir violência nas escolas

Sugestões foram apresentadas em audiência pública organizada pela Comissão Permanente de Educação e Cultura.

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Retomada imediata dos conselhos de escolas, criação de serviços de apoio psicológico para professores e de terapia familiar; implantação em Santos da Justiça Restaurativa e de equipe técnica social nas escolas públicas. Estas foram as principais propostas apresentadas na audiência pública realizada na última terça-feira pela Comissão Permanente de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Santos para discutir problemas estruturais e de violência que vêm gerando conflitos em unidades de ensino na Zona Noroeste.

Bastante produtivo, o encontro contou com a presença da dirigente de Ensino da Região e Santos, professora Maria Lúcia Ferreira de Santos Almeida; do juiz da Vara da Infância e Juventude de Santos, dr. Evandro Renato Pereira; da presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Santos, Sueli Freitas de Vasconcelos; da presidente da Associação de Pais e Amigos das Escolas Públicas, Ana Maria Pousada, entre outras autoridades.

A audiência foi uma iniciativa da Comissão composta pelos vereadores Reinaldo Martins, Suely Morgado e Fábio Nunes. “Nosso objetivo é unir esforços para solucionar problemas que não se limitam a escolas da Zona Noroeste, mas que se agravaram em duas unidades, o Zulmira Campos e Professor Benevenuto Madureira. Reunir professores, diretores, autoridades, pais e alunos foi extremamente positivo”, disse Reinaldo, presidente da Comissão Permanente de Educação e Cultura da Câmara. Ele ressaltou que a formação de um grupo de trabalho, ao final da audiência, vai garantir continuidade às propostas. “Esse debate não pode se perder. Temos de rapidamente apontar soluções concretas para inibir a violência, garantir a qualidade do ensino e um ambiente mais saudável para alunos, professores e funcionários nas escolas”, concluiu.

Durante o encontro, o coordenador do Conselho Tutelar da ZN, Edmir Santos, fez um breve relato da situação de conflito em algumas escolas e vários professores, pais de alunos e diretores se manifestaram quanto à situação de violência e de degradação no Zulmira Campos e Professor Benevenuto Madureira.

Flávia Lima, psicóloga da PROECO (Projeto Educacional de Conscientização e Orientação), organização não-governamental que atende 60 adolescentes e 56 crianças da Zona Noroeste, defendeu a ampliação das parcerias com as escolas, para desenvolvimento de oficinas e outras atividades artísticas. “Precisamos de uma ação articulada para combater a violência e a evasão escolar. Os professores necessitam de suporte técnico e as famílias dos alunos de acompanhamento”, avalia. Flávia disse ainda que a PROECO está aberta para trabalhar com mais escolas, oferecendo  acompanhamento de psicólogo, de assistente social e de outros profissionais que ministram cursos livres, com ênfase na arte, mas defende a implantação em todas as escolas de uma equipe técnica social para atendimento diário a alunos, pais e professores. “Se não adotarmos uma aão sistemática, com reuniões diárias, dificilmente conseguiremos resultados positivos”.

Daniel Gomes, pai de aluno da Emef Pedro Crescenti, apoiou a idéia, mas desde que a administração das escolas seja mais aberta e que os conselhos funcionem de fato. “A comunidade escolar tem de oferecer condições para que a participação dos pais seja efetiva, marcando reuniões em horários adequados e abrindo o diálogo”. Ele ainda propôs a instalação de grêmios estudantis nas unidades.

Foco de muitos problemas de violência e de relacionamento, a escola estadual Benevenuto Madureira está em condições de abandono. Há falta constante de professores, problemas com a merenda escolar e os pais reclamam que não há como dialogar com a atual direção.  A aluna Bruna, que compareceu à audiência, confirmou a degradação da unidade, a presença de drogas no interior da escola e cobrou uma mudança imediata. “Eu gosto muito de ir à escola, mas nesta situação dá medo sim”.

Professora há vários anos nesta unidade, Rosângela Vieira, salientou que é importante desfazer o estigma de violência que a Zona Noroeste carrega, entretanto, contou que a situação de conflito na escola é fruto de uma administração ruim e que a Diretoria de Ensino da Região precisa intervir. “A escola está em decadência e eu não culpo os alunos”.

Ao final do encontro, a vereadora Suely Morgado e outros parlamentares presentes, como Marcelo Del Bosco e Manoel Constantino, comemoraram a realização da audiência. “A Comissão Permanente de Educação e Cultura, como ocorre com outras da estrutura legislativa, está acostumada a dar apenas pareceres. Hoje, avançamos ao acolher um debate tão necessário, pois estamos vivendo uma situação difícil e é hora de juntar forças”, disse. Suely ressaltou que é preciso também refletir sobre modelos que têm dado certo em outras escolas e citou a E.E. “Professor Fernando de Azevedo”.. Nesta unidade, propôs Suely, será realizada visita dos vereadores para conhecer de perto o projeto de Escola Integral.

Estiveram presentes também audiência o capitão Eli Fraga, comandante da 4ª Cia. Do 6º BPMI; lideranças do Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação, da APEOESP, do Fórum da Cidadania, da Comissão Municipal da Juventude; representantes dos vereadores Braz Antunes, Cassandra Maroni Nunes e da deputada federal Telma de Souza; técnicos da Secretaria Municipal de Educação  e membros do Conselho Tutetar da Zona Leste.

Assessoria Vereador Reinaldo Martins