Neide Pinho Cardozo recebe título

A Câmara Municipal de Santos entregou ontem, dia 14 de setembro, o Título de \'Cidadã Santista\' à Neide Pinho Cardozo.

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Evento aconteceu na Sala Princesa Isabel da Câmara Municipal de Santos.

Neide Pinho nasceu em Cubatão, mas escolheu Santos para construir parte da sua história de vida. É formada em Ciências Jurídicas e Sociais, também pedagoga e artista plástica.

Foi presidente do Clube Soroptimista Internacional de Santos (2002 a 2004) e Coordenadora Regional de Expansão e Desenvolvimento da Região Brasil.

Como presidente do clube foi autora do projeto do livro \'Presença das mulheres nos logradouros santistas\', que consta biografias das mulheres que emprestaram seus nomes às ruas e praças de Santos.

Em 31 de agosto de 1999 tomou posse como presidente da UEBS - União de Entidades da Baixada Santista, exercendo até agosto de 2000. O projeto de sua gestão foi o Docecafé tendo sido sucesso nacional graças à equipe de trabalho. Foi parceria com toda a comunidade e teve auxilio de empresas e da Secretaria Municipal de Turismo.

Já recebeu ao longo de sua vida várias premiações:
Medalha Ernesto Home - Direito Internacional Privado - 1973
Medalha Honra ao Mérito - Sec. de Educação do Estado de S. Paulo - 1976
Special Woman - 1996
XXVI Premio \'Robalo de Ouro\' - 1997
Mulher Destaque - 1998 - Prefeitura Municipal de Cubatão
Troféu Afonso Schimidt - Câmara Municipal de Cubatão - 2000
Troféu Lídia Federicci - abril de 2004

O Vereador José Antônio Marques Almeida (PDT), será o orador da Solenidade.


CIDADÃ SANTISTA

A virtude da liberdade está na justiça da caridade. Para aqueles que reconhecem essa verdade, servir é um privilégio.

Enaltecer as qualidades de uma pessoa, suas virtudes, produz um sentimento que engrandece a quem o faz. Homenagear as pessoas que se destacam no exercício da cidadania, para o político, é parte da liturgia do mandato, que visa a construção de uma sociedade melhor. Significa, a oportunidade de exteriorizar as suas convicções pessoais, acerca da valorização da cidadania e de sua prática, que ele expõe publicamente como modelo para a sociedade, recorrendo à figura da homenageada.

Como ente abstrato, a cidadania é referencial da sociedade. Seus valores condicionam e determinam relações entre o cidadão, o estado e suas estruturas. Esse relacionamento e a energia que possibilita a organização do espaço geopolítico nas cidades.

É na cidade que os indivíduos habitam, formam a memória e sonham seus planos. É nela que se vive a vida. Nela os cidadãos trabalham, descansam e se divertem. A cidade é a acumulação de bens, de sinais, de personagens, de equipamentos. Ela é, portanto, memória captação de fluxo, máquina de máquinas que codificam e decodificam.

O processo histórico de formação de cidades é contínuo. Em cada época, diferentes matrizes de valores e papéis, interagem para formar o cotidiano, criando uma situação estrutural em pulsante movimento. Mas, tudo converge para princípios que norteiam as energias daquela comunidade...Em Santos, tais virtudes estão inscritas no brasão do município: Patriam Caritatem et Libertatem Docui. À Pátria ensinei a Caridade e a Liberdade. Esse lema,  é um marco de qualidade, que une os bons santistas.

Nesse cenário, o cidadão participa como escritor e ator da sua própria história...e da história da sua cidade.

No desenrolar desse processo, valores pessoais acabam por se destacar. É da constituição humana, admirar as virtudes e buscar imita-las. Enaltecê-las passa a ser uma prática espontânea, que permite perseguir o ideal social que imaginemos. No rastro das idéias filosóficas e científicas, assim como nos exemplos de virtude, está a vida da pessoa comum, com seus sistemas de valores individuais e sociais, seu modo de ver o mundo, profundamente enraizado nas idéias que os intelectuais, do seu tempo e do tempo que os procedeu, plantaram no solo dia-a-dia.

Entretanto, basta olhar em volta, para dar-se conta de que muito poucas são as pessoas que têm vontade firme e constante para praticar o bem, nas inúmeras ocasiões que a vida lhes apresenta. E tantas são as possibilidades para se praticar o bem...

Como nos mostra a reportagem ontem publicada no jornal A Tribuna, sobre um ato de humanidade da Irmã Dolores. Nas suas próprias palavras, mais do que oferecer um prato de comida para quem tem fome, a missão de dar cidadania àqueles que irão se alimentar no restaurante que pretende construir em São Vicente, é garantir aos carentes, uma boa alimentação com dignidade e preço simbólico...mas, que possam falar: “eu fui comer em um restaurante e paguei minha comida”.  Assim, a pessoa se sente pessoa, se sente gente e não um coitado que está pedindo esmola.

A Virtude é dar esse passo pequeno- que entretanto, requer um esforço tremendo. Desse modo, é possível cobrir a distância entre viver nesse eterno parecer, e viver plenamente; entre o aparentar e o ser. É necessária uma vontade firme de Virtude para não se curvar diante da pressão. O ato de não desistir resiste o sucesso.

No pensamento de Heráclito, é possível sintetizar essa realidade: lutar contra o coração é difícil; pois o que ele quer, compra-se a preço da alma.

A prática da virtude, de início não é fácil, assim como nunca é fácil quebrar barreiras. Mas, depois de quebradas, estas barreiras caem por terra, servindo de piso firme, para os que seguem a marcha. E fica cada dia mais fácil, viver desta forma, até que nenhuma ameaça ou grande castigo abala o ser virtuoso em suas convicções.

O exercício da Virtude é amar ao próximo como a si mesmo.

Nas últimas décadas da nossa exausta era moderna, a luta pela Liberdade é cada vez mais vigorosa. Igualdade de direitos, igualdade de sexos, igualdade entre crianças e adultos, entre raças, credos idéias e ideais...No cerne da Liberdade, está a justiça de tratar a todos, ainda que diferentes em essência, de forma igualitária.

Lutar por uma sociedade justa, com igualdade de condições em seus vários sentidos, é trabalho virtuoso, feito com consciência.

O sonho, a idéia e o pensamento precedem a ação. Agir, ligado ao outro, com objetivo comunitário, humanitário e de bem ao próximo, é a concretização de uma filosofia de vida maior, cujos pilares encerram espírito, ideal e luta, com a missão de conquistar um mundo de felicidade e dignidade para todos.

Hoje estamos aqui para prestar homenagem  a uma grande mulher, que faz do lema da nossa cidade uma prática diária de virtude, o que a credencia para merecer o título de cidadã santista.

Advogada, Pedagoga, Pintora e Retratista, nascida em nossa vizinha Cubatão e radicada em Santos, onde estudou desde o seu curso ginasial...no meu inesquecível Colégio Tarquínio Silva.

Deu seus primeiros passos em artes plásticas muito jovem. Em 1975 despertou para a pintura a óleo, aplicando-a em baixo relevo, espelhos e vitrais. Apaixonada pela pintura passou a dedicar-se  a ela com afinco, com grandes mestres nacionais, como referência  principalmente os temas ligados a nossa Costa da Mata Atlântica, recebendo muitas premiações. Destacam-se nelas, para mim particularmente, os matizes da nossa cidade.

Como educadora, começou a lecionar como professora concursada do Estado nas cidades de Cubatão e São Vicente, até o ano de 1992, quando se aposentou.

Ao assumir a presidência do Clube Soroptimista Internacional de Santos, o seu discurso de posse, que evocava a oração de Francisco de Assis, já foi um claro manifesto da sua intenção de servir ao próximo. Com ele em mente, a sua ação em frente daquela importante entidade foi destacada, merecendo a atenção à frente daquela importante entidade foi destacada, merecendo a atenção da sociedade santista. O livro “Presença de Mulheres nos Logradouros Santistas”, realização de sua gestão, foi um trabalho entusiasmado e profundo de pesquisa, evidenciando sua visão humanitária e que promoveu as mulheres valorosas desta cidade. E ainda, entre outros, o projeto Doce Café, que destacou a criatividade feminina para criar um edulcorado símbolo da cidade turística e do maior porto exportador de café do mundo.

Seu lema: “Servir é um privilégio”, é a síntese da vida de nossa homenageada.

A quem honra, honras. Com alegria, convido para receber o título de Cidadã Santista...uma  justa homenagem da Câmara Municipal de Santos, que ficará registrada para sempre nos anais desta casa e na história da cidade, a doutora Neide Pinho Cardozo.