10/12/04 - Saudação proferida por Marlene Zamariolli

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“Mulher, sua vida recomeça quando a violência termina...

O Soroptimismo Internacional tem como objetivo melhorar a vida das mulheres e meninas, dando especial atenção a projetos que resultem em mudanças fundamentais quanto a seus direitos de viverem livres de todas as formas de violência e discriminação, oferecer condições para que elas possam melhorar sua condição, encorajando-as a alcançar seu pleno potencial e oportunidades de promoção no trabalho com igualdade salarial.

Portanto, não poderíamos, neste dia 10 de dezembro, quando se comemora o nosso dia, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, deixar de falarmos da campanha ‘16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres’.

Esta campanha é realizada desde 1991 em aproximadamente 130 países, iniciativa do Centro para Liderança Global das Mulheres. Busca evidenciar que a violência contra as mulheres é uma violência aos direitos humanos.

Violência contra as mulheres é uma expressão usada desde 1960 para denunciar a invisibilidade dos atos agressivos sofridos pelas mulheres. Quando baseada no simples fato de ser mulher interfere no exercício dos direitos de cidadania e na qualidade de vida das mulheres, limitando seu pleno desenvolvimento como sujeito humano, afeta ainda o desenvolvimento da sociedade em sua diversidade.

Por essa razão, foi escolhido para iniciar a campanha o dia 25 de novembro – Dia Internacional da Não-Violência Contra as Mulheres –, data em que se registrou mais um momento bárbaro na década de 60, na República Dominicana, durante o período da ditadura do general Leônidas Trujillo. Sua fórmula para manter-se no poder era matar todos os que se opusessem a ele. Entre as mais de 30 mil pessoas executadas a pauladas neste dia, as três irmãs Mirabal - Minerva, Patrícia e Maria Tereza, que, com o cognome ‘borboletas’, enfrentaram bravamente a ditadura. Com esta ação perversa acabou, após seis meses, o regime de Trujillo, e o dia 10 de dezembro – o Dia Internacional dos Direitos Humanos – foi escolhido para encerrar a campanha.

Os direitos humanos, em particular os da mulher, encontram-se inscritos em vários textos internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o convênio sobre a eliminação de toda forma de discriminação contra a mulher, o convênio sobre a proteção da maternidade, o convênio sobre os direitos políticos da mulher, etc.

Reconhecemos que tais instrumentos internacionais são conquistas e reivindicamos sua implementação, mas nos cabe assinalar que nenhum deles coloca em xeque os sistemas políticos e econômicos atuais, sistemas que levam à opressão da maioria dos seres humanos e que manifestam particular violência contra as mulheres. Tampouco concebem um novo projeto de sociedade que aponte a proteção e sobrevivência do planeta, tanto no âmbito ecológico como econômico, político, social e cultural, e o respeito à diversidade e à integridade do ser humano.

Devemos defender estes valores: a igualdade entre as pessoas e entre os povos; a solidariedade, cimento da humanidade; a liberdade, garantia da diversidade enriquecedora; a justiça e a paz. Eles são independentes e não se pode optar por um ou outro, de maneira parcial ou optativa, quisermos um mundão no qual as mulheres gozarão de plena cidadania, e no qual mulheres e homens ocuparão igual lugar e poderão satisfazer suas necessidades fundamentais, viver com segurança, e no qual se reconhecerá a diversidade de pensamento, de maneira a viver e agir.

Temos, portanto, que atuar frente aos nossos governos de maneira a pressiona-los para que não só assinem os instrumentos internacionais em vigor, mas os cumpram.

Assim ao divulgarmos esta campanha, registramos que fazem dela o dia 1º de dezembro, Dia Mundial da Luta contra a Aids que se destina a fortalecer o esforço global para enfrentar a epidemia. Os últimos dados demonstram o aumento de casos entre mulheres, sendo que na faixa etária entre 13 e 19 anos, a Aids já é a maior entre as meninas.

Também é lembrado o dia 6 de dezembro – Dia do Massacre de Mulheres de Montreal. Nesta data, um estudante de 25 anos entrou armado na Universidade de Montreal e começou as disparar, gritando que queria “apenas as mulheres”. O saldo da tragédia, 14 mulheres mortas e outras treze pessoas feridas. As vítimas do massacre tornaram-se símbolo da injustiça praticada contra as mulheres, dando origem à Campanha Internacional do Laço Branco – os homens contra a violência doméstica.

Neste ano, esta campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres tem o slogan ‘Pela Saúde das Mulheres, pela Saúde do Mundo. Basta de Violência!’

No Brasil, o trabalho se concentra no fortalecimento da auto-estima da mulher e seu empoderamento como condição para dirimir as situações de violência, adotando como lema principal ‘Uma Vida sem Violência é um Direito das Mulheres’.

Os direitos humanos das mulheres e das meninas são parte integrante indivisível e inalienável dos direitos humanos. Busquemos Direitos Humanos para Todas as Idades.

Mulher, sua história é você quem faz.

 

                                                                  Marlene Zamariolli

                                                                  Em 10 de dezembro de 2004