Dia da Consciência Negra é comemorado na Câmara

Dez representantes da comunidade negra que disputaram as últimas eleições na condição de candidatos ao Legislativo – dois dos quais reeleitos para o cargo - foram homenageados com Placa de Mérito na noite do dia 19 de novembro, durante Sessão Solene realizada pela Câmara Municipal em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, que transcorre em 20 de novembro. A cerimônia foi presidida pela vereadora Suely Morgado (PT), que também recebeu a distinção outorgada pelo Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, organização comandada por José Ricardo dos Santos.

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         Relembrando a difícil história do negro no País, Suely Morgado frisou que continuar a luta de antepassados de tanta fibra, visando a igualdade racial, não é tarefa das mais fáceis. “Santos orgulha-se de comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra, pois foi nesta Cidade que, 68 anos antes da Lei Áurea, José Bonifácio de Andrada e Silva recusou-se a utilizar, em sua chácara, mão-de-obra escrava”, comentou, acrescentando que o Patriarca da Independência encaminhou à Assembléia Constituinte, em 1822, representação contra a escravatura.

         Conforme destacou a vereadora, o movimento abolicionista cresceu rapidamente em Santos, resultado da ação de ricos comerciantes que decidiram criar um reduto para abrigar os escravos fugitivos, escolhendo Quintino de Lacerda para chefiar o Quilombo do Jabaquara, o maior de toda a região. “Solenidades como esta nos fazem sentir que precisamos resgatar o espírito de nossos antepassados, unindo forças para formar uma sociedade mais justa e mais igualitária”.

         Além de Suely Morgado, eleita para o terceiro mandato na Câmara de Santos, e de Sandra Arantes do Nascimento Felinto, reeleita para o cargo e representada por Anderson Felisbino na Sessão Solene, receberam a placa de mérito os seguintes candidatos ao Legislativo: Martinho Leonardo Filho, coordenador da Área Continental de Santos; Silas da Silva, presidente da Associação dos Empregados da Prodesan – Assemprodesan; Bartolomeu Pereira de Souza, Décio Couto Clemente, Jorge Fernandes e Anderson dos Santos Bernardes, representado por Luiz Antônio dos Santos. Joana Prates, coordenadora Regional da Zona Noroeste, e Vera Lúcia Oscar Alves também foram contempladas, mas não estiveram presentes à solenidade.

         O presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, José Ricardo dos Santos, comentou que 309 anos após a morte de Zumbi, o legado do herói do Quilombo de Palmares é reverenciado como um exemplo de resistência, coragem e tenacidade. Ele frisou que a população negra e afrodescendente já obteve várias conquistas, lutando agora, entre outras questões, pela decretação de feriado municipal em 20 de novembro, como forma de ampliar a reflexão sobre o Dia Nacional da Consciência Negra. “Muitos municípios já decretam feriado em 20 de novembro, em homenagem a Zumbi, na data de sua morte”.

         Após o agradecimento dos agraciados com a placa de mérito, a escrevente de Justiça Walderiz de Barros entoou o Hino Consumado, sendo aplaudida de pé pelo plenário, emocionado com sua voz e interpretação. 

        

 Pronunciamento da vereadora Suely Morgado

 

           A população de Santos deve orgulhar-se de comemorar o Dia da Consciência Negra, porque nossos antepassados foram responsáveis por transformar a nossa cidade em um dos principais redutos do movimento abolicionista no país. Santos mostrou ao resto do Brasil a capacidade de resistência e de luta dos negros e a força da solidariedade e o espírito de justiça de nosso povo.


           68 anos antes da Lei Áurea, um santista ilustre já se manifestava publicamente contra o regime escravocrata. José Bonifácio de Andrada e Silva possuía uma chácara e recusava-se a utilizar mão-de-obra escrava. Ele propunha que os proprietários agrícolas contratassem agricultores europeus.


           Em 1823, ele encaminhou à Assembléia Constituinte do Império uma representação contra a escravatura, na qual dizia: “É tempo, e mais que tempo, que acabemos com um tráfico tão bárbaro e carniceiro, é tempo também que vamos acabando gradualmente até os últimos vestígios da escravidão entre nós, para que venhamos a formar em poucas gerações uma Nação homogênea, sem o que nunca seremos verdadeiramente livres, respeitáveis e felizes”.

 

Leia o pronunciamento na íntegra...