Relembrando a difícil história do negro no País, Suely Morgado frisou que continuar a luta de antepassados de tanta fibra, visando a igualdade racial, não é tarefa das mais fáceis. “Santos orgulha-se de comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra, pois foi nesta Cidade que, 68 anos antes da Lei Áurea, José Bonifácio de Andrada e Silva recusou-se a utilizar, em sua chácara, mão-de-obra escrava”, comentou, acrescentando que o Patriarca da Independência encaminhou à Assembléia Constituinte, em 1822, representação contra a escravatura.
Conforme destacou a vereadora, o movimento abolicionista cresceu rapidamente em Santos, resultado da ação de ricos comerciantes que decidiram criar um reduto para abrigar os escravos fugitivos, escolhendo Quintino de Lacerda para chefiar o Quilombo do Jabaquara, o maior de toda a região. “Solenidades como esta nos fazem sentir que precisamos resgatar o espírito de nossos antepassados, unindo forças para formar uma sociedade mais justa e mais igualitária”.
Além de Suely Morgado, eleita para o terceiro mandato na Câmara de Santos, e de Sandra Arantes do Nascimento Felinto, reeleita para o cargo e representada por Anderson Felisbino na Sessão Solene, receberam a placa de mérito os seguintes candidatos ao Legislativo: Martinho Leonardo Filho, coordenador da Área Continental de Santos; Silas da Silva, presidente da Associação dos Empregados da Prodesan – Assemprodesan; Bartolomeu Pereira de Souza, Décio Couto Clemente, Jorge Fernandes e Anderson dos Santos Bernardes, representado por Luiz Antônio dos Santos. Joana Prates, coordenadora Regional da Zona Noroeste, e Vera Lúcia Oscar Alves também foram contempladas, mas não estiveram presentes à solenidade.
O presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, José Ricardo dos Santos, comentou que 309 anos após a morte de Zumbi, o legado do herói do Quilombo de Palmares é reverenciado como um exemplo de resistência, coragem e tenacidade. Ele frisou que a população negra e afrodescendente já obteve várias conquistas, lutando agora, entre outras questões, pela decretação de feriado municipal em 20 de novembro, como forma de ampliar a reflexão sobre o Dia Nacional da Consciência Negra. “Muitos municípios já decretam feriado em 20 de novembro, em homenagem a Zumbi, na data de sua morte”.
Após o agradecimento dos agraciados com a placa de mérito, a escrevente de Justiça Walderiz de Barros entoou o Hino Consumado, sendo aplaudida de pé pelo plenário, emocionado com sua voz e interpretação.
Pronunciamento da vereadora Suely Morgado
A população de Santos deve orgulhar-se de comemorar o Dia da Consciência Negra, porque nossos antepassados foram responsáveis por transformar a nossa cidade em um dos principais redutos do movimento abolicionista no país. Santos mostrou ao resto do Brasil a capacidade de resistência e de luta dos negros e a força da solidariedade e o espírito de justiça de nosso povo.
68 anos antes da Lei Áurea, um santista ilustre já se manifestava publicamente contra o regime escravocrata. José Bonifácio de Andrada e Silva possuía uma chácara e recusava-se a utilizar mão-de-obra escrava. Ele propunha que os proprietários agrícolas contratassem agricultores europeus.
Em 1823, ele encaminhou à Assembléia Constituinte do Império uma representação contra a escravatura, na qual dizia: “É tempo, e mais que tempo, que acabemos com um tráfico tão bárbaro e carniceiro, é tempo também que vamos acabando gradualmente até os últimos vestígios da escravidão entre nós, para que venhamos a formar em poucas gerações uma Nação homogênea, sem o que nunca seremos verdadeiramente livres, respeitáveis e felizes”.