Com o plenário e a galeria lotada de amigos, o advogado emocionou-se com a homenagem proposta pelo vereador Benedito Furtado (PSB), aprovada por unanimidade pelo Legislativo, e com o Hino ao Jabaquara Atlético Clube, cujos acordes o surpreenderam quando subia à tribuna para o seu pronunciamento. A solenidade foi presidida pelo vereador Geonísio Pereira de Aguiar (PMDB), que fez questão de ressaltar os elogios que sempre ouviu em família sobre o homenageado.

        Dirigindo-se a Furtado e chamando-o de companheiro, Oliveira comentou que poucas pessoas saber o significado cristão dessa palavra – compartilhar sentimentos e sentir o sabor da verdadeira amizade. “Sinto-me feliz em ver tantos amigos deste dia. Meu Deus, que alegria! Esta honraria que recebo é resultado da bondade dos vereadores desta Casa e, como eles representam esta Cidade, recebo a comenda, que acredito não seja merecedor, com muito orgulho e como um grande gesto de generosidade dos vereadores”. 

         Dirigindo-se depois a sua mãe, Tereza Jesus de Oliveira, que aos 93 anos fez questão de comparecer à cerimônia e até marcou o ritmo do Hino do Jabaquara com o pé esquerdo, agradeceu o fato de ter nascido em Santos, “terra da liberdade e da caridade”. Relembrando o passado, Oliveira comentou sobre os desafios enfrentados por seus pais, vindos da Europa, fugindo da Primeira Guerra Mundial. “Eram duas crianças. Meu pai, que não tinha cultura, mas honra e dignidade, nem mala trouxe, pois veio só com a roupa do corpo. Por isso tenho tanto carinho pelos imigrantes, porque vejo neles as dificuldades que meus pais passaram”.

         O sindicalismo começou a infiltrar-se em sua vida quando tinha apenas 7 anos, idade com a qual entrou pela primeira vez em uma entidade de classe. A partir daí envolveu-se, como advogado, com as lutas dos empregados na Administração Portuária, com outros sindicatos e com o Sindaport, onde atua até hoje. “Sempre achei que precisava ser a voz daqueles que não tinham como se defender e já aos 30 anos entendi que o meu altar era a minha mesa de trabalho”.

         Oliveira também fez um agradecimento especial à esposa Iracema Fabiane, que o acompanha há 41 anos. “Sou privilegiado em tê-la como mulher. Ela soube criar e educar meus quatro filhos, que são meu orgulho maior”.

         Já Furtado destacou, em sua saudação a Oliveira, outra de suas grandes paixões – o esporte, “que começou cedo nas ruas do Mercado, chutando laranja, bola de meia e bola de borracha”. Ele acabou atuando em diversos cargos de entidades desportivas e, graças ao amor desmesurado pelo Jabaquara Atlético Clube, ainda menino tornou-se sócio-praticante e ganhou o apelido de Jabuca, como ainda hoje é conhecido por seus amigos”.

         Comentando sua satisfação em ser o autor da homenagem, Furtado destacou o orgulho em ser amigo e companheiro de Oliveira e cumprimentou-o por sua família, “alicerce necessário a qualquer homem de bem, formada com base na ética, na decência, no respeito, na dignidade e no trabalho árduo”.

         Ao encerrar a solenidade, Geonísio Aguiar lembrou que as portas do escritório de advocacia de Oliveira sempre estiveram abertas para os necessitados, aos quais jamais foi-lhes perguntado se tinham recursos para contratar o trabalho de seus profissionais. “A Câmara se sente honrada em prestar-lhe hoje esta homenagem, que não é apenas desta Casa de Leis, mas sim de toda esta Cidade, à qual o senhor dignifica com os muitos exemplos de trabalho, honra e dignidade que vem dando ao longo de sua vida particular e profissional”. Após a cerimônia, os convidados participaram de coquetel e jantar, servidos no Salão dos Vereadores.

Saudação do Vereador Benedito Furtado (PSB) ao advogado Wilson de Oliveira, agraciado com a medalha de Honra ao Mérito Brás Cubas, durante Sessão Solene realizada na noite do dia 12 de novembro de 2004

Pronunciamento do vereador Benedito furtado

Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores

Esta Casa de Leis homenageia hoje, com a Medalha de Honra ao Mérito Brás Cubas, um dos mais destacados advogados da nossa Região: DR. WILSON DE OLIVEIRA.

Santista, filho de Bernardino de Oliveira e Tereza de Jesus Oliveira, imigrantes portugueses, nasceu em 14 de outubro de 1937, na Rua Bittencourt n 319, bairro do Mercado.

Nosso homenageado iniciou os estudos na antiga escola do Sindicato dos Operários Portuários, localizada no atual Largo Tereza Cristina. Concluiu o curso ginasial na Associação Educacional e Instrutiva Jos Bonifácio e o clássico (antigo curso médio) no Colégio Monte Serrat.

 Formou-se pela Faculdade Católica de Direito de Santos, a tradicional Casa Amarela, bacharelando-se em Ciências Jurídicas e Sociais no ano de 1964.

 Wilson de Oliveira começou a labutar cedo, aos dez anos de idade. Trabalhou na Padaria Fidalga, situada em frente à sua casa, nos boxes de verduras do Mercado Municipal, numa banca de jornal e num armazém de secos e molhados.

 Aos 13 anos, virou cobrador do Sindicato dos Metalúrgicos, que na época funcionava na rua João Pessoa.

 É possível que o gosto pela advocacia tenha surgido ao exercer as simples tarefas de office-boy no Escritório de Contabilidade e Advocacia Veloso e Vitali, de 1951 a 1958.

 Em 1958, depois do serviço militar, passou em concurso para escriturário e foi admitido na então Companhia Docas de Santos.

 Em 1961, foi aprovado no vestibular da Faculdade Católica de Direito de Santos.

 Dois anos depois, casou-se com Iracema Fabiani de Oliveira.

 Após o bacharelado, em 1964, lançou-se definitivamente ao exercício da advocacia, embora com jornada de seis horas diárias na CDS, de onde se desligou em 1966.

 Na época gerenciou a primeira cooperativa habitacional do estado de São Paulo, a dos doqueiros de Santos.

 Como associado do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária, nosso homenageado se destacou por intensa militância em assembléias, eleições e representações em congressos.

 Após sair da CDS foi admitido como advogado do Sindaport, onde permanece até hoje, atuando, ainda, em vários sindicatos ao longo de quatro décadas.

 No regime autoritário, defendeu os direitos trabalhistas de diversos dirigentes sindicais perseguidos pelos militares, auxiliando o legendário Raphael Sampaio Filho, hoje nome do Fórum Trabalhista de Santos.

 Na grande greve de 1980, a primeira no porto depois do golpe militar de 64, participou ativamente na condução dos dissídios coletivos dos quatro sindicatos portuários.

 Por meio de sua brilhante atuação, no Departamento Jurídico, que o Sindaport foi o primeiro a conseguir, no período da ditadura, aumento real, além de outras vantagens, como conseqência de memorável sustentação oral perante o pleno do Tribunal Regional do Trabalho.

 Foi sócio fundador da Associação dos Advogados Trabalhistas de Santos, onde exerceu as funções de presidente, vice-presidente e conselheiro.

 Atuou, ainda, como conselheiro da Associação dos Advogados de Santos e, como tesoureiro e vice-presidente na Ordem dos Advogados do Brasil, em Santos.

 Com sua mulher e filhos, teve destacada colaboração no corpo diretivo do Grupo de Escoteiros Morvan Dias de Figueiredo.

 Em sua banca de advocacia, atua com mais 12 advogados, secundado por seu filho Dr. Ricardo Fabiani de Oliveira.

 Na área do Direito do Trabalho, é uma das maiores autoridades do Estado, mantendo cerca de seis mil processos em andamento.

 Estima-se que, durante a sua trajetória profissional, atuou em cerca de 40 mil processos.

 Uma de suas grandes paixões é sem sombra de dúvida o esporte. Essa paixão começou cedo nas ruas do Mercado, ainda menino, chutando laranja, bola de meia e bola de borracha.

 Foi boleiro no Largo Teresa Cristina, nos campinhos da Rua Bittencourt, 7 de Setembro, calçadão do Mercado e no campo do Brasil (antigo Açúcar Pérola).

 Chutou as primeiras bolas de capão nos campos do Colégio Santista, participou dos primeiros jogos de futebol de praia nos torneios do Sesi e atuou em várias equipes de várzea.

 Foi também atleta de futebol de salão, praticou tênis-de-mesa e sua maior frustração é não ter participado da equipe de futebol profissional do Jabaquara Atlético Clube.

 Foi presidente do Clube de Futebol Infantil XV de Novembro do Mercado e diretor do XI Republicano, Harmonia Futebol Clube, Círculo Operário de Santos, Almoxarifado Atlético Clube da CDS, Associação Atlética Acadêmica Alexandre de Gusmão, Associação Atlética dos Portuários e Clube Internacional de Regatas. É sócio do Santos Futebol Clube e da Associação Atlética Portuguesa.

 Ainda menino, entrou no clube de seu coração, o Jabaquara, como ‘sócio praticante’, título concedido pela diretoria em razão do seu amor pela entidade.

 Antes disso, seu apelido era ‘Jabaquara’ a partir de então, tornou-se o famoso ‘Jabuca’, como ainda hoje é conhecido por seus velhos amigos.

 No Leão rubro amarelo, ascendeu como sócio titular, sócio benemérito e conselheiro nato. Já exerceu os cargos de presidente, vice-presidente de futebol profissional, vice-presidente social e hoje é diretor social.

 Dr. Wilson tem duas irmãs: Dona Neusa, casada com o construtor Albino Pinto de Souza, e Dona Zulmira, casada com Walter Alves Pinheiro, portuário aposentado.

 Ele é casado há 41 anos com Iracema Fabiani de Oliveira e é pai de quatro filhos:

 Ricardo Fabiani de Oliveira, advogado, casado com Denise Teixeira Fabiani de Oliveira.

 Mônica Fabiani de Oliveira, advogada, mas exercendo a atividade de aeronauta.

 Cecília Fabiani de Oliveira e Nascimento, psicóloga, casada com o médico Paulo Eugênio Nascimento.

 E Paulo Fabiani de Oliveira, médico, também formado em Direito, casado com Adriana Rossi Canteruccio de Oliveira, formada em Marketing e Direito.

 Seus filhos lhe presentearam com os netos : Frederico, Matheus, Raissa, Alexandre, André, Rafaella, Mirella, Felippe e Ana Vitória.

 E a última geração da família foi iniciada pelo bisneto Gabriel.

 Finalizando, gostaria de manifestar a minha satisfação em ser o autor da homenagem. Do orgulho de ser amigo e companheiro deste brilhante advogado. Queria cumprimentar sua bela família, alicerce necessário a qualquer homem de bem, formada com base na ética, na decência, no respeito, na dignidade e no trabalho árduo.

 As boas árvores, quando bem tratadas, sempre dão bons frutos.

Deus o abençõe !

                             Vereador Benedito Furtado (PSB)