Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores.

A saga da família Cirino dos Santos, vinda do Nordeste para tentar vida melhor em São Paulo, é praticamente igual à de milhões de retirantes que, durante décadas, fizeram percursos semelhantes.
Em 1951, seu Antônio Cirino dos Santos saiu de Carmópolis, Sergipe, onde deixou a mulher, Maura de Jesus Santos, e dois filhos: Edirani, 2 anos, e Everandi, de 1, para procurar emprego no mais rico Estado brasileiro.
O patriarca escolheu Santos como destino e aqui chegou disposto a arranjar uma boa colocação.
Seu Antônio se inscreveu na Companhia City de Santos, que explorava o serviço de bondes na cidade, e aguardou meses sem ser chamado.
Não agüentou viver longe da família e voltou para dona Maura e seus dois meninos.
Em menos de um ano, porém, um comunicado mudou completamente suas vidas: a City convocou o sonhador sergipano para o cargo de ajudante geral.

Seu Antônio retornou rápido, começou a trabalhar com afinco e dedicação, carteira assinada, todos os direitos trabalhistas, feliz da vida.
Nas primeiras férias, voltou a Carmópolis para buscar esposa e filhos.
Reanimado com a presença e ajuda de dona Maura, além da responsabilidade de criar os meninos, seu Antônio dedicou-se de corpo e alma à City, onde virou mecânico, eletricista e posteriormente motorneiro
Tudo caminhava bem, casinha modesta no Morro, quando os Cirinos enfrentaram uma grande fatalidade, comum à milhares de moradores dos morros de Santos.
Foi a histórica chuva de 1956, que levou morte e desespero às encostas e vertentes da cidade.
Seu Antônio, dona Maura e as crianças escaparam ilesos, mas engrossaram a leva de desabrigados alojados pela Prefeitura nos então desocupados e enormes terrenos localizados no quadrilátero entre o Canal 5, Avenida Pedro Lessa, Ruas Alexandre Martins e Conselheiro Ribas.
Foi nesse alojamento que nasceu o nosso homenageado, Edinaldo Cirino dos Santos, em 13 de abril de 1957.

Logo após o desabamento que enlutou a cidade, o governo estadual iniciou a construção de casas populares no Jardim Rádio Clube, onde se instalou, já nos anos 60, a família Cirino.
Apesar das imensas dificuldades, os garotos cresceram, estudaram e honraram a tenacidade de seu Antônio e dona Maura.
O primeiro filho, Edirani, chegou ao cobiçado cargo de encarregado de navios da companhia docas.
Everandi, o segundo, hoje é presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), um dos mais importantes da América Latina.
Ednaldo, o terceiro Cirino, é o tenente-coronel da Polícia Militar que homenageamos nesta solenidade.
Falecido há dois meses, aos 78 anos, seu Antônio com certeza gostaria de estar aqui entre nós, neste momento, para sentir a emoção que, espero, seus filhos e dona Maura estejam sentindo.
O casamento de 56 anos deu bons frutos e simboliza a trajetória de muitas famílias retirantes que chegam a São Paulo em busca de dias melhores.
Pena que nem todas tenham o mesmo destino dos Cirinos.

O Tenente-Coronel Edinaldo começou a trabalhar bem cedo, na Cooperativa de Consumo dos Servidores Municipais de Santos, como auxiliar de escritório, passando a ser responsável pela área de RH e auxiliar na escrituração contábil.
Do primeiro casamento, interrompido face às divergências matrimoniais, teve dois filhos: Luis Cláudio Aragão Cirino, hoje com 23 anos, e João Gabriel Aragão Cirino, 20 anos.
As adversidades afetivas e os problemas pessoais que todos carregam, uns mais, outros menos, não desestimularam o Cirino caçula.
Interessado, dedicou-se ao Kadercismo, quando então conheceu a psicóloga Valéria Christina de Souza Santos, reencontrando-se sentimental e emocionalmente, vindo a contrair com ela novo matrimonio, reconhecendo legalmente Gabriely de Souza Santos, atualmente com 16 anos, filha do primeiro casamento de Valéria, como sua filha natural, sendo ainda o casal presenteado com a vinda da filha Catherine de Souza Santos, hoje com 9 aninhos de idade.

Atualmente convivem harmonicamente toda a família de Edinaldo, sua esposa, filhas e filhos, bem como seus sogros, Daniel de Souza e Wilma Praeiro de Souza.

Apesar da profissão que o coloca diariamente defronte ao crime, à violência e à estupidez humana, Edinaldo é um sujeito tranqüilo, conversador, inimigo de confusão e grande benemerente.
Maçom da Loja Irmãos e Amigos, Edinaldo, como podemos observar, veio de camada humilde e hoje detém o segundo posto da PM no litoral paulista.
Ele foi subcomandante do 6º. BPMI de Santos e obteve a promoção de tenente-coronel em 24 de maio último sendo designado, em 2 de junho, comandante do 29º BPM/I, em Mongaguá, com área de responsabilidade naquela cidade, Itanhaém e Peruíbe, onde presta serviços atualmente.
Edinaldo concluiu o curso de formação da academia da PM de Barro Branco e foi declarado aspirante a oficial em 15 de dezembro de 1979, quando foi classificado no 6º BPM/M, região do ABCD.
Concluiu também o curso de operações de choque, de aperfeiçoamento de oficiais e estágios de aprimoramento profissional.
Edinaldo atuou em diversas unidades da PM, nos postos de segundo-tenente a major, e exerceu as funções de comandante de pelotão de policiamento a pé, motorizado e de choque, de companhia de policiamento, chefe de seções de estado maior de batalhões, instrutor de cursos de formação de soldados e cabos.

Foi subcomandante e comandante interino nas unidades do 6º BPM/I Santos, 3º Batalhão de Polícia Ambiental Guarujá, 6º BPM/M São Bernardo do Campo, 17º BPM/M Mogi das Cruzes, 32º BPM/M Suzano, 29º BPM/I Mongaguá e 39º BPM/I São Vicente.
Edinaldo tem medalha de valor militar em prata pelos mais de 20 anos de bons serviços, láurea de mérito pessoal em quarto grau, medalha do centenário do 6º BPM/I e a do cinqüentenário do policiamento ambiental.
Foi também agraciado com o diploma de amigo do 2º Batalhão de Caçadores, “Batalhão Martim Afonso”, unidade onde prestou o serviço militar no ano de 1976.
O hoje tenente-coronel participa de atividades sociais e beneméritas no âmbito civil, destacando-se o Grupo Espírita André Luiz e a Loja Maçônica Irmãos e Amigos.
Finalizando, gostaria de reafirmar ao meu Amigo Edinaldo que esta Casa, representante do povo de Santos, se sente honrada em homenageá-lo.  Homem de origem humilde, mas de moral ilibada.  Pobre de recursos materiais, mas rico em conceitos éticos.
Deus o abençõe.

            BENEDITO FURTADO