26/10/04 - Coluna Prestes

Pronunciamento do vereador Fábio

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Pronunciamento do vereador Fábio

 

Coluna Prestes -  80 anos de marcha pela Democracia

 

                  Feliz iniciativa do Centro Cultural Luiz Carlos Prestes - CENPRE, no sentido de solicitar sessão solene à Câmara Municipal de Santos em homenagem aos 80 anos da Coluna Prestes. Marcha popular de 25 mil quilômetros Brasil adentro, deflagrada em busca de um novo modelo democrático para a Nação Brasileira, até então governada pelas oligarquias agrárias da Velha República.

 

                  O trabalho de preservação da memória de Luiz Carlos Prestes e de sua militância política merece aplausos e reconhecimento dos cidadãos santistas e de todo povo brasileiro, que endossamos e transcrevemos, para constar dos registros desta Casa da Democracia.

 

                  Aos 03 de Janeiro de 1898, em Porto Alegre, nascia Luiz Carlos Prestes, único filho homem, de Antônio Pereira Prestes, e Leocadia Felizardo Prestes.

 

                  Com 5 anos de idade a família Prestes mudou-se para o Rio de Janeiro, buscando melhores condições de vida. Porém, cinco anos mais tarde falecia o pai e arrimo da família, assumindo Dona Leocádia a mantença da casa e educação das filhas e do único filho homem, Luiz Carlos Prestes.

 

                   Aos 18 anos de idade, em 1916, Prestes ingressa na Escola Militar no Rio de Janeiro, de onde saiu aspirante a oficial aos 20 anos de idade.

 

                  Naquela época o chamado mundo civilizado fervia com as conseqüências da 1º Guerra Mundial, dos movimentos operários e da revolução russa, que havia deposto o poder dos czares com a proposta um governo popular das classes trabalhadoras e para as classes trabalhadoras, sob inspiração do modelo político-econômico marxista.

 

                  No Brasil, simultaneamente, o movimento operário - especialmente no eixo Rio-São Paulo -  crescia, ganhava força e se organizava sob a mesma ideologia do conflito das classes, com reivindicações tipicamente laborais e anseios políticos democráticos, opostos ao governo oligárquico ruralista. Muitas vezes, porém, as manifestações públicas dos trabalhadores eram identificadas pela classe patronal e pelo Estado como meras “arruaças” e assim tratadas pelo aparelho repressivo.

 

                  Nesse contexto é que Luiz Carlos Prestes, aos 24 anos de idade, participa da primeira Revolta dos Tenentes e por conta disso acaba punido com a transferência, para compor a guarnição da Engenharia Ferroviária no Rio Grande do Sul.

 

                   Dois anos depois, precisamente em 1924, Prestes afasta-se definitivamente do Exército e em Santo Ângelo com 300 soldados, seus antigos comandados do Batalhão Ferroviário, forma o primeiro núcleo da Coluna Prestes.

 

                  Logo em seguida incorporaram-se à Coluna o Tenente Siqueira Campos, João Alberto  e  de São Luiz Gonzaga partem 2.000 homens, incluindo civis armados para se juntarem em Foz do Iguaçu às forças paulistas.

 

                  “Surge daí, para registro da História do Brasil, a COLUNA PRESTES e com ela a imagem definitiva do Cavaleiro da Esperança, que à cavalo ou à pé, percorreu o Brasil de Norte a Sul, de Leste a Oeste.

 

                   Foram 25 mil quilômetros de caminhada; para além do desgaste físico-mental advindos dos passos que fincavam o chão e das batalhas travadas contra as armas da força legal, as saudações populares, o retrato da miséria e do abandono vivido pelos homens e mulheres do “sertão brasileiro”; a solidariedade, o desejo de seus homens de combater as tropas e de mudar a realidade sofrida do povo marcaram a alma do jovem comandante da Coluna.

  

                  Em 1927, aos 29 anos de idade e sem qualquer derrota o Cavaleiro da Esperança cruza a fronteira para o seu primeiro de muitos outros exílios. Como exilado, na Bolívia, assiste à queda da “República Velha” e a ascensão da “Nova República” e em Getulio Vargas vê a implantação de um dos seus objetivos, a Integração Nacional.

 

                   Com a Coluna, o jovem oficial Luiz Carlos Prestes, demonstrou sua sintonia com os anseios do seu povo. Após a Coluna, o “Velho Luiz Carlos Prestes” iria demonstrar que a sua persistência ideológica, para além dos rótulos e títulos, sintonizava o povo brasileiro ao sonho da humanidade em construir uma sociedade universal destituída de explorações e baseada na simplicidade da liberdade e do exercício permanente da solidariedade entre os homens e dos homens com a natureza.

                   O Coronel, Senador, Secretário Geral do Partido Comunista, Estadista e Intelectual Luiz Carlos Prestes falece no Rio de Janeiro no dia 07 de março de 1990, aos 92 anos de idade. Além das 10.000 pessoas que acompanharam o seu corpo pelas avenidas do Rio de Janeiro  até o Cemitério de São João Batista, estavam a sua viúva Maria Ribeiro Prestes e seus nove filhos, bem como Anita Benário Prestes, sua filha com Olga Benário Prestes”

                                     

                   A contribuição de Luiz Carlos Prestes para a construção da Democracia em nosso País, seja pela sua liderança na Coluna, seja por sua incansável militância política desde então, é marca indelével na História do Brasil.

 

                  Honra-nos participar desta homenagem justa e merecida pelos 80 anos da Coluna Prestes. Viva Prestes! Viva a Democracia! Viva o Brasil!

 

 

                  Santos, 26 de outubro de 2004.