28/09/04 - Saudação do vereador Benedito Furtado

Compartilhe!

Curtir

Saudação do Vereador Benedito Furtado a Valdete Moura dos Santos, fundadora e coordenadora da Creche Comunitária Creche da Criança

 

 

Voraz na arrecadação de impostos diretos e indiretos, o Estado brasileiro é medíocre na contrapartida de serviços básicos à população.

Do rico ao pobre, todos pagam seus tributos, seja no imposto de renda ou na compra de arroz e feijão na vendinha da esquina.

O assalariado já vem com seus descontos no holerite e as contribuições compulsórias estão embutidas nos preços de todos os produtos.

Verdade seja dita, é mais fácil os abastados deixarem de honrar suas obrigações fiscais, sonegando às vezes por meio de brechas na legislação ou na fraude deslavada, do que o pobre.

Mas é o pobre a principal vítima dos serviços de péssima qualidade oferecidos pela União, estados e municípios.

Se a família não tem condiões de arcar com um plano de saúde, sofre nas filas do INSS ou nos postos de saúde públicos.

Se a família não tem carro, amarga um transporte coletivo caro, desconfortável e sem constância de horário.

Se a família não mora num bairro bom ou condomínio fechado, com equipamentos e sistema de segurança, fica sujeita à violência das ruas.

Se a família não pode pagar escolas particulares, vê seus filhos submetidos a um ensino desqualificado e até mesmo sem vagas na rede pública.

No setor educacional, a situação é pior ainda na idade pré-escolar, onde praticamente só existem estabelecimentos particulares.

Se falarmos de creches públicas, então, aí a calamidade impera.

Como a mãe pode pensar em trabalhar, ainda que informalmente, se não tem onde deixar os filhos pequenos?

Se a família é de classe média, mesmo baixa, ainda se vira daqui, dali, e consegue pagar a creche.

Mas se não tem condições nem de suprir a casa com alimentação básica, e muitas vezes nem de casa pode chamar os cômodos onde vive, a família se vê em situação delicadíssima.

 

Diante da falta de creches, um pequeno grupo de mães da Vila Gilda, um dos bairros mais carentes de Santos, resolveu, em 1987, ir à luta.

Assessoradas pelas assistentes sociais Maria da Glória Silva Giuffrida e Maria Cecília Peres Neves, elas passaram o primeiro semestre daquele ano articulando a fundação da Creche Comunitária Cantinho da Criança.

Programaram reuniões nas ruas e becos da favela, promoveram bingos e rifas, organizaram bazar e festa junina beneficente, percorreram o comércio local em busca de donativos, plantaram e cultivaram um sonho que se tornou realidade no dia 20 de setembro daquele ano.

A inauguração da creche, então na Rua Tenente Durval do Amaral, 206, Jardim Rádio Clube, foi emoão pura.

A pequena casa, alugada graças à colaboração de um empresário que fez questão de se manter anônimo, de início abrigava 20 crianças de dois a seis anos de idade.

O começo foi difícil, com a ajuda de duas mães, mediante salário simbólico, cuidando dos pequenos que hoje têm de 19 a 23 anos de idade.

A creche era mantida com os donativos e por mensalidades das próprias mães.

Mas a participação delas não se restringia às pequenas taxas pagas. Aos sábados, elas ajudavam na limpeza e na lavagem de roupa.

As necessidades iam e ainda vão de profissionais como professores, monitores e merendeiras até comida, leite, fraldas, material de limpeza, equipamentos didáticos, brinquedos e uma infinidade de itens imprescindíveis ao funcionamento de uma creche.

A primeira ajuda oficial veio na gestão da prefeita Telma de Souza, que cedeu uma professora e uma monitora da rede municipal de ensino.

Atualmente o Cantinho da Criança recebe ajuda não só da Prefeitura, mas também de convênio com o Sesc e de muitas pessoas e instituições sensibilizadas com a grandeza da obra.

Hoje, com a outorga da placa de Mérito em homenagem aos 17 anos da Creche Comunitária Cantinho da Criança, comemorados no último dia 20 de setembro, homenageamos aquele pequeno grupo de abnegados, no momento em que a Diretoria presidida pelo líder comunitário Airton Rabelo de Souza, promete ampliar de 75 para mais de 100 crianças carentes atendidas

A creche agora ocupa um terreno, também alugado, de 303 metros quadrados, com 120 metros quadrados de área construída, na Rua Contra-Almirante Esculápio César Paiva, 408.

São três salas para atendimento diário do maternal, jardim 1 e jardim 2, ou seja, de crianças de um ano e meio e seis anos, das 7 às 17 horas, com três refeiões diárias.

O Projeto de Ampliaão já está sendo executado em uma casa alugada localizada ao lado da Creche.

Quero fazer uma referência especial à coordenadora e também fundadora da creche, Valdete Moura dos Santos, que hoje será homenageada.   Mulher de fibra que desde a época da fundação vem se dedicando de corpo e alma as crianças carentes ali assistidas.

Para finalizar, gostaria de estender esta homenagem aos homens, mulheres e, principalmente, crianças que vivem em condiões subumanas nas favelas, encostas de morros e cortiços em nossa cidade, sob perigo permanente de vida, sem as mínimas condiões de  saúde, educação, habitação, segurança e lazer, mas que ainda continuam acreditando no Brasil,

Continuam acreditando também no respeito e solidariedade humana.

Continuam acreditando, por fim, em nós, políticos, que na maioria só os procuram às vésperas de eleiões para prometer o que não querem ou o que não podem cumprir.

Muito obrigado.

 

Benedito Furtado

Vereador - PSB