20/08/04 - Pronunciamento Lascane

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Meus irmãos, neste eterno lapidar, desbastando a PEDRA BRUTA, coube-me a responsabilidade de preparar este singelo trabalho que passo a expor de forma reduzida:


Durante o processo de Independência do Brasil, a ausência de partidos organizados leva os locais de encontro dos maçons, as lojas maçônicas, a funcionarem como centros de atividade política nas principais cidades do país.
Os mais importantes líderes do movimento de independência, incluindo membros do clero, pertencem à sociedade secreta, que se torna mais forte núcleo de irradiação das idéias do liberalismo. Liberal e maçom tornam-se  sinônimos, identificados na defesa e divulgação dos ideais antiabsolutistas da Revolução Francesa e Constitucionalistas da Independência dos EUA. Nas lojas, os liberais denunciam o colonialismo e o absolutismo, defendem a emancipação do país e a constitucionalização do Estado.


No Brasil podemos falar que o absolutismo teve sua maior influência no período pós Independência quando proclamado por D. Pedro I (maçom) apoiado pelos Irmãos Andradas (maçons) e o Visconde de Cairu. Em 1823 realizou-se sob pressão da maçonaria a Assembléia Constituinte sendo então eleito a 1ª Constituição do Império Brasileiro, Logo fechado por divergência com D. Pedro I que pregava a Independência sem mudança do regime, ou seja, sem Proclamação da República e sem nenhuma mudança social importante, como por exemplo, a extinção da escravatura. Em 1831 a maçonaria diante do absolutismo do Imperador o convenceu que naquela hora o melhor era renunciar ao cargo, o que fez entregando para seu filho D. Pedro II e assim ainda aclamado, retornou a Portugal, sua origem.


José Bonifácio, foi na realidade o concretizador de nossa independência política; apesar das afirmações apaixonadas e contrárias de Assis Cintra. Inquestionavelmente ele foi um dos grandes cientistas de seu tempo, sendo formado em Matemática, Direito e Mineralogia. Era um homem de formação universalista e adepto das idéias iluministas. De estatura mais para baixa, bem falante e com uma linguagem bastante livre, grande capacidade de trabalho, teimoso, orgulhoso, honesto, de caráter escorreito e sobretudo, tinha um especial reconhecimento a corte portuguesa, na qual exerceu vários cargos, inclusive, tenente-coronel do corpo voluntário português que lutou contra a invasão napoleônica. Daí a sua idéia de formar um forte e grande império luso-brasileiro, sob uma monarquia constitucional do molde da inglesa, adaptada à nossa latinidade.


Todos pertencem a espécie humana, cuja finalidade é sair do instinto animal, para angelitude, caminhando do egoísmo ao altruísmo que é o caminho da felicidade com o domínio sobre as paixões para encontrarmos a harmonia social e psicológica.


Em Santos, por volta de 1853, a cidade se resumia a um quadrilátero de aproximadamente, 750.000 m2, inclusive os arrabaldes, limitada a oeste pela Rua do Valongo e a leste pela Rua Josefina ou Rua da Palha (Rua da Constituição), tendo ao norte, o mar e, ao sul, a Rua do Rosário (Rua João Pessoa) e seu prolongamento, Rua de São Leopoldo. Ainda não existiam as Rua Amador Bueno, Bittencourt, Sete de Setembro e São Francisco. A área situada entre a Rua do Rosário (Rua João Pessoa) e a Chácara do Alferes Domingos José Rodrigues, mais tarde conhecida como Chácara de D. Angélica era um denso matagal, salpicado por capinzais e charcos, com uma ou outra casa isolada margeando o velho Caminho da Barra (Rua Brás Cubas). O charco predominava em toda parte, ao ponto de existir, onde mais tarde se situaria a esquina da Rua Brás Cubas com a Rua das Flores (Rua Amador Bueno), uma grande lagoa, permanentemente com água estagnada, esverdeada, por isso conhecida como Poço Verde (Praça José Bonifácio). Na Chácara do Alferes Domingos José Rodrigues havia uma nascente, as “Duas Pedras”, onde mais tarde foi construído o Chafariz “SETE DE SETEMBRO”. Um aqueduto conduzia água dessa fonte para o chafariz da Alfândega. A Rua Áurea, que o povo conhecia como Rua Nova (Rua Gal. Câmara), partia do Largo do Rosário (Praça Rui Barbosa) e não passava da Rua Josefina (Rua da Constituição) que o povo conhecia como Rua da Palha. A Rua Josefina (Rua da Constituição) nascia na Rua dos Quartéis (Rua Xavier da Silveira) e ia tão somente até se encontrar com a Rua Áurea. Desse ponto, dirigindo-se para o sul, existia uma trilha, até o local conhecido como “PEDRA DA FEITICEIRA”, onde havia uma nascente de água muito procurada pelas lavadeiras. A Rua dos Quartéis (Rua Xavier da Silveira) situava-se nos arrabaldes  e não passava da Chácara do Comendador Antônio Ferreira da Silva, pai do futuro Visconde do Embaré.

Dessa chácara, até as proximidades do Paquetá, florescia um mangue, em terreno lodoso e intransitável. Na Rua da Penha (Rua Marquês de Herval), eram poucas as construções. A Rua de São Leopoldo era conhecida como “RUA VERMELHA” por causa da cor de uma série de casas ali construídas. A Rua do Sal (Rua José Ricardo) tinha essa denominação devido aos armazéns para receber sal e que ocupavam toda uma das faces. Atrás do Convento de Santo Antônio, situava-se uma travessa conhecida como “RUA DO MANECO DO MURO”, ligando a Rua da Penha do Valongo. Com a construção da ferrovia, essa rua ficou interrompida e a parte dela, entre a Rua de São Leopoldo e a Estrada de Ferro, passou a ser denominada de “Rua Caiubí” que em abril de 1999 passou a se denominar Rua Mansueto Pierotti. Havia em Santos, o Cemitério dos Ingleses, ou Cemitério Protestante, particular. O Cemitério Público do Paquetá (significa “lugar de atoleiro forte”) seria inaugurado em 1854, embora os enterros já fossem realizados ali, desde outubro de 1853.

Até então, as pessoas abastadas eram enterradas nas igrejas, os pobres em áreas em torno destas e os escravos e indigentes eram envolvidos em lençóis e jogados no mar ou nos mangues. Os enterros eram realizados à noite; se o finado pertencesse à família de recursos, havia acompanhamento com banda de música. O Largo da Cadeia Nova (Praça dos Andradas) era um banhado, onde se matava narcejas a tiro, a qualquer hora do dia. O Largo da Coroação (Praça Mauá) era um local infecto e nojento, pouso dos tropeiros que traziam açúcar do interior e ali soltavam seus burros e depositavam, para secar, as mantas de capim que serviam para forrar os jacás que traziam os sacos de açúcar. A população girava em torno de 7.500 a 7.800 pessoas, conforme recenseamento da época. Predominavam dez ou doze famílias “paulistas”, muito aparentadas entre si. Havia a colônia portuguesa e algumas famílias alemãs e inglesas. Eram raros os indivíduos de outras nacionalidades. O resto da população era o que chamavam de “arraia miúda”. Como a cidade era pequena, todos andavam a pé, salvo os que preferiam andar a cavalo, por luxo, ou ostentação. A “cadeirinha” florescia e era “um traste de luxo”, exclusivo de famílias privilegiadas pelo nascimento e pela posição. O estado sanitário da cidade era péssimo. As febres palustres eram endêmicas. Santos era considerada a mais insalubre, a mais suja e a menos procurada das cidades da província de São Paulo. Nessa Santos em 1853, na Rua do Sal (Rua José Ricardo), é que, a 5 de janeiro, foi fundada por 28 Irmãos, a Loja Fraternidade de Santos, a mais antiga Loja Maçônica em atividade em nossa terra.


A princesa Isabel no dia 13 de maio de 1888, data da abolição da escravatura, recebeu vários presentes, entre eles a famosa caneta de ouro, cravejada de brilhantes e rubis, utilizada para assinar a Lei Áurea. Porém, o presente que emocionou a princesa e chamou a atenção da platéia que acompanhava o ato foram dois buquês de flores de CAMÉLIA artificiais e naturais. Exibidas nas lapelas, as CAMÉLIAS funcionavam como uma SENHA para os abolicionistas se identificarem e por isso se tornou o principal SÍMBOLO da luta pela libertação dos escravos.


Ser maçom é muito mais que ir à Loja em todas as reuniões, e participar dos ensinamentos.


Ser maçom é ser como Cristo, imitá-lo em tudo.


Ser maçom hoje, é muito mais que um ato de fé, é um ato de amor entre os irmãos, é um desafio para aqueles que buscam um mundo mais justo e perfeito. Só quem carrega a maçonaria no coração pode semear AMOR e PAZ . Temos que acabar com essa imagem de que os grandes maçons estão mortos. Nós hoje, podemos ser os grandes maçons de OUTRORA.


Fazemos parte de uma irmandade viva e atuante com filosofias milenares.


Hoje dia 20 de agosto, “DIA DO MAÇOM”, faço todo este histórico, porque sem história não há  passado, mas, com passado, temos história, por isso, HOJE estamos na cidade de Santos, na Praça Mauá, no Palácio “José Bonifácio” e na Sala Princesa Isabel nos CONFRATERNIZANDO.

           

Santos, 20 de agosto de 2004.

 

Prof.  José Lascane