18/08/04 - Agradecomento de Luiz Galina

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Agradecimento do Sr. Luiz Galina, diretor regional em exercício, à  homenagem prestada pela Câmara Municipal de Santos ao SESC/SP pelos 40 anos do trabalho social com idosos

É uma grande satisfação e uma grande honra ter a oportunidade de manifestar-me nesta Casa.

Oportunidade da qual faço uso para expressar os mais vivos agradecimentos do SESC pela homenagem que ora recebe, suscitada por quarenta anos de trabalho social em favor da terceira idade.

Esses agradecimentos, eu os dirijo ao excelentíssimo presidente da Câmara Municipal de Santos, senhor Odair Gonzalez, à ilustre vereadora senhora Suely Morgado, propositora desta homenagem, e a todos os partidos aqui representados.

Como bem sabem, este preito constitui vigoroso incentivo ao esforço realizado pelo SESC, em todo Estado de São Paulo, no sentido de contribuir para a melhoria das condições de existência dos trabalhadores que atuam nas áreas do comércio e serviços, assim como de seus familiares.

O envelhecimento populacional é, sem dúvida, um fenômeno planetário. Excetuando-se os países muito pobres, a grande maioria das nações de todos os continentes apresenta um acelerado crescimento numérico da chamada Terceira Idade. Os idosos atualmente perfazem cerca de 9% da população mundial, ou seja, aproximadamente 600 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade.

 

Segundo o IBGE, somos 160 milhões de brasileiros dos quais 9% idosos, isto é, cerca de 14 milhões de indivíduos. As projeções estatísticas indicam que em 2020, o Brasil será o sexto país do mundo em quantidade de velhos.

O número crescente de pessoas idosas, e cada vez mais saudáveis, exige das sociedades, e da sociedade brasileira em especial, um imediato posicionamento tanto na promoção de estudos e debates sobre a qualidade do envelhecimento, como também e principalmente na luta reivindicatória por maior agilidade e eficiência das atuais políticas governamentais.

Exige, portanto, um posicionamento que priorize a dignidade do idoso buscando integrar os múltiplos aspectos de sua vida: a física, a psíquica, a econômica, a política, a social e a cultural.

Iniciativa pioneira do SESC de São Paulo, o programa denominado Trabalho Social com Idosos teve início no ano de 1963 em um dos centros sociais de nossa instituição, situado no centro velho da capital paulista.

Naquele ano, sensível à situação de inatividade dos idosos e aposentados dessa região, a equipe técnica do SESC os estimulou a formarem um grupo de convivência. Nos anos seguintes o número de participantes foi crescendo de modo acelerado confirmando forte demanda, ao mesmo tempo em que grupos dessa natureza foram sendo criados nas unidades do SESC, tanto na capital, quanto no interior do Estado.

Essa ação foi implantada, portanto, em uma época em que a questão da velhice ainda não despertava muita atenção dos organismos públicos, das instituições de bem-estar social, dos órgãos de comunicação e da sociedade em geral. Demograficamente o Brasil era considerado um país jovem os idosos ainda não possuíam suficiente visibilidade social.

Até então, as entidades sociais brasileiras executavam apenas programas de asilamento a idosos carentes e sem amparo familiar. Para o idoso válido tanto física quanto mentalmente, a sociedade não oferecia alternativas de convivência e participação.

Esse empreendimento social, ao longo de quatro décadas, não parou de afirmar-se, aprimorar-se, expandir-se, despertar admiração, acumular prestígio e encher de orgulho aqueles que dele participam.

O Trabalho Social com Idosos do SESC de São Paulo beneficia, hoje, cinqüenta e cinco mil pessoas e propaga-se por cinqüenta cidades paulistas, além da Capital.

Esse sucesso foi possível porque o programa conseguiu atingir inteiramente seus objetivos, aos quais sempre se manteve fiel.

Criou e nutriu atividades voltadas ao processo de socialização, participação e inclusão social da pessoa idosa.

Ele se ocupou em estimular o processo de educação permanente, atualizando conhecimentos, proporcionando informações e fomentando a disposição para o pensamento crítico e criativo.

Promoveu a reflexão sobre a dinâmica do envelhecimento sob o ponto de vista físico e psicológico, oferecendo oportunidade de preparo para uma vida de qualidade, mesmo em idade avançada.

Provocou em seus participantes, graças, sobretudo às oficinas de expressão cultural, a vontade e a habilidade de comunicar-se e exprimir-se através de diferentes formas e manifestações, como o teatro, a dança, a música e as artes plásticas.

Instigou a elaboração de novos projetos de vida, uma vez encerrada, com a aposentadoria e com a educação dos filhos, a fase dos grandes compromissos e obrigações profissionais ou familiares.

Pesquisou, estudou e concebeu métodos de trabalho sócio- educativo junto a adultos jovens e pessoas idosas.

Formou e aperfeiçoou, via cursos, estágios e bolsas de estudo, inclusive no exterior, profissionais capacitados para essa tarefa de grande responsabilidade.

Serviu de modelo, exemplo e referência para organismos governamentais, instituições privadas e empresas desejosas de criar programas semelhantes.

Disponibilizou ao público especializado um dos maiores acervos brasileiros de livros, revistas e teses na área da gerontologia social.

Edita, há 15 anos, relatos de experiência e pesquisas na revista A Terceira Idade, um das principais fontes de consulta especializada em velhice e envelhecimento em nosso país.

Passados quarenta anos, o Trabalho Social com Idosos do SESC de São Paulo continua dando mostras da vitalidade e do entusiasmo que já o caracterizavam no momento de sua criação.

Aí estão os Grupos de Convivência que prosseguem firmemente com um objetivo muito claro: estimular a formação de amizades em uma época da vida em que muitos se isolam e se deprimem.

Aí estão as Escolas Abertas da Terceira Idade que, acompanhando a evolução das necessidades dos idosos, ainda anos 70, visou a crescente necessidade de atualização cultural do idoso, através de um processo de educação permanente. Essa idéia propagou-se por universidades do todo o país, que também abriram suas portas às pessoas idosas.

O SESC realiza um amplo trabalho de assistência e acompanhamento a grupos que não param de se multiplicar, expandindo-se por novas cidades e regiões, assim como o apoio e consultoria a empresas e órgãos interessados em estabelecer programas de preparação para a aposentadoria.

Como mais um exemplo de pioneirismo, há o novo programa denominado SESC Gerações, destinado a congregar diferentes gerações num processo de co-educação baseado nas trocas de experiências entre jovens e velhos. Através desse relacionamento os idosos têm a chance de exercer sua principal função social: a transmissão de nossas raízes culturais. Ao narrar aos moços, a sua história, a história da família, do bairro e da cidade, os mais velhos são imprescindíveis para que se fixem nos jovens valores fundamentais como solidariedade e retidão de caráter. Além disso, a aproximação de velhos e moços é importante premissa para o combate à intolerância e o preconceito que uma geração ainda nutre pelas demais.

Toda essa gama de atividades está presente de modo exemplar na unidade do SESC de Santos. Desde sua inauguração tem oferecido uma rica programação cultural aos milhares de idosos e aposentados da Baixada Santista.

Tudo isto nos dá o ensejo de justificado orgulho, resultante do contentamento de vermos cumpridos nossos objetivos.

Hoje, graças, em grande parte, às primeiras experiências do SESC, constatamos a expressiva mobilização dos idosos e dos aposentados na defesa de seus direitos, consubstanciada na criação de conselhos municipais e estaduais, e, mais recentemente, no Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, do qual o SESC faz parte. O próprio Estatuto do Idoso é outra notável conquista dessa saudável mobilização e organização da Terceira Idade.

A estratégia do SESC se escuda na convicção sobre a capacidade de produção e realização dos mais velhos, que, devidamente estimulados, são competentes para criar um espaço para sua existência social. Essa proposta educativa tem buscado incentivar tais pessoas a adquirir uma maior compreensão sobre esse período da vida e a desenvolver a consciência de seus direitos de cidadão.

Acreditamos firmemente que é da conjugação de esforços das diversas instituições sociais como o SESC, empenhadas na melhoria da qualidade de vida do cidadão brasileiro, que avançaremos rumo a uma sociedade mais justa, igualitária e democrática.

Muito obrigado.

                                                               

 

Luiz Galina,

Diretor Regional do Sesc, em exercício