25/06/04 - Pronunciamento na íntegra

O grande Fernando Pessoa, referindo-se a empenho, disse que "para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes".

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Entendendo isso, me parece que o famoso português já vislumbrava o nascimento de um grupo que, mesmo de forma despretensiosa, deu-se por inteiro a esta cidade, fazendo-a maior na sua cultura, enriquecendo sua história.

O Rancho Folclórico Verde Gaio nasceu do anseio da comunidade portuguesa, em recordar as belas danças e cantos de nossa Portugal e é, até os dias de hoje, o orgulho do Centro Português de Santos.

Esse Rancho deixou de ser um sonho e passou a ser realidade no ano de 1961, tornando -se o primeiro no Estado de São Paulo. Sua primeira apresentação ocorreu no dia 2 de dezembro do mesmo ano.

Em 1962,após a formação de uma nova organização, sob o comando do Sr. Luis de Figueiredo, o Rancho retoma suas apresentações.

Desde então, não mais parou. Em 1963 foi criado o Rancho Mirim, berçário de excelentes dançarinos.

Com um repertório invejável, que procura abranger todas as regiões de Portugal, composto por viras, rugas, malhão, fandango, modinha, rondas, fados valseados, entre outros e com trajes autênticos, adquiridos em Viana do Castelo, com seu colorido forte e bordados inesquecíveis, o Rancho transborda alegria, que nos contagia e honra.

As apresentações tiveram seu apogeu em 1966, época em que adotaram o nome atual, em homenagem a um pássaro muito comum em Portugal.

O sucesso continuou incessante na carreira deste Grupo que agora homenageamos e, em 1986, o rancho apresentou -se em plagas portuguesas, onde também foi responsável pela divulgação do folclore brasileiro, assim mostrando o quanto nossas Nações estão unidas.

São inúmeras as apresentações em programas de televisão, que vêm desde as extintas TV´s Tupi e Excelsior. Sua jornada ainda nos revela os momentos históricos vividos em festivais no Ginásio do Ibirapuera, organizados pelo programa Caravela da Saudade.

Sua galeria é pequena para abrigar a quantidade de troféus recebidos até hoje.

Utilizo agora, a definição dada pelos autores da revista Centro Português de Santos em seu centenário para o Rancho, que diz:

"Um rancho é a forma de expressão que preserva os usos e os costumes de um povo, seus dançares e cantares na mais autêntica arte popular".

Mas para mim, o Rancho Folclórico Verde Gaio é muito mais que isso, é o despertar de um sentimento de imenso orgulho e gratidão a um povo que dignifica nosso País desde a sua descoberta.

É um aprendizado a cada momento sobre como preservar as tradições e mantê-las vivas.

É sentir o coração pulsando de alegria no ritmo das canções.

É se embebedar com o belíssimo bailar dos dançadores e tentar descobrir qual o segredo para preservar as tamancas nos pés, mesmo quando estes não param no chão.

É se encantar com os trajes sempre tão deslumbrantes com um colorido que nos hipnotiza.

E é sobretudo, o recordar de nossos antepassados, de nossas raízes, daqueles momentos em que escutávamos nossos avós e bisavós relatando as recordações dos tempos vividos em Portugal.

O Rancho não é apenas mais um grupo. Ele traz consigo, toda uma história de amor e tradição, entre um povo e seu País.

Através do Verde Gaio, Portugal se mantém vivo em nossa cidade. Vivo pela chama de orgulho e paixão das suas tradições culturais,que faz com que seus cidadãos, mesmo distantes, mantenham sempre viva a identidade lusitana e amor a Pátria natal.

Por isso, é com muito orgulho que entrego a placa de honra ao mérito a este renomado grupo folclórico, o mais importante expoente de nossa bela cidade, permitindo-me mais uma vez citar Fernando Pessoa:

"Sentir tudo de todas as maneiras,viver tudo de todos os lados, ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo..."

Obrigado Verde Gaio, por criar o espaço para que nós, espectadores, possamos concluir a viagem.