Trânsito portuário: tragédia anunciada

Safra de grãos causa transtornos à população

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Ano após ano, a história se repete. Tão certo quanto os desastres no Rio de Janeiro e as enchentes na cidade de São Paulo (causados pelas já esperadas chuvas de verão) são os enormes transtornos previsíveis, mas mesmo assim não evitados, que o escoamento da safra de grãos continuará trazendo à população da Baixada Santista.

Segundo a mais recente estimativa do IBGE, a produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas no Brasil deve atingir 183,4 milhões de toneladas em 2013, o que representa alta de 13,2 % sobre as 162,1 milhões de toneladas de 2012. 

A região Sul deve ser responsável por 71,9 milhões de toneladas em 2013. Enquanto isso, o Centro-Oeste deve responder por 71,4 milhões de toneladas; o Sudeste por outros 19,4 milhões de toneladas; o Nordeste deve chegar a 16,4 milhões de toneladas e a do Norte, a 4,3 milhões de toneladas. Desse montante, 86% da safra do Centro-Oeste e toda a produção do Sul e Sudeste são escoadas pelos portos do Sul e Sudeste, com destacada liderança do Porto de Santos.

A constatação de que os portos e seus acessos encontram-se despreparados para receber tal concentração de cargas é absolutamente óbvia. Os noticiários são recorrentes e repetitivos: congestionamentos e mais congestionamentos. As Ilhas de São Vicente e de Santo Amaro têm hoje, como alguns de seus limites, ao sul nosso lindo Oceano Atlântico e ao norte um mar de caminhões. 

Na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, o que se vê são longas filas, em alguns dias com mais de 20 km, obstruindo acostamentos e faixas de rolamento, literalmente fechando aquela rodovia.

E como ficam os moradores e trabalhadores de Cubatão e de Guarujá, que precisam chegar às suas casas ou locais de trabalho? Como ficam ambulâncias e viaturas de resgates que têm que atender emergências? E os moradores de Santos, que trabalham em Cubatão ou no Planalto, e voltam para suas casas após um exaustivo dia de trabalho? A resposta é uma só: ficam parados. Essa verdadeira tragédia repete-se ano após ano, e pouco ou nada se faz para resolvê-la.

A ECOVIAS limita-se a sinalizar, por meio de avisos luminosos, os congestionamentos na Domênico Rangoni e na entrada da cidade de Santos, mas nada faz para evitá-los ou minimizá-los. A gigante CODESP, envolta em sua má gestão, transfere a responsabilidade para os terminais privados. Sequer a Via Perimetral, alternativa que já nasceu obsoleta, a estatal consegue concluir.

Os terminais privados, não os únicos, mas os maiores responsáveis pela instalação do caos, não possuem áreas de espera adequadas para que os caminhões aguardem o horário agendado para descarga. Com isso, as áreas de espera dos terminais privados são as margens e leitos de rodovias e vias urbanas, em uma indevida ocupação do espaço público.

A imprensa noticiou recentemente, que os municípios de Santos e Guarujá teriam aplicado multas em alguns terminais. Mesmo que tenham feito isso, ainda é muito pouco. Basta transitar pela Av. Mário Covas (antiga Av. Portuária, em Santos) para observar a escandalosa invasão do espaço público por caminhões, com a conivência e omissão da Companhia de Engenharia e Tráfego de Santos.

Por onde andam os recursos da União e do Governo do Estado para minimizar essa situação? Em tempo recorde, foram construídos estádios de futebol Brasil afora, para sediar as Copas das Confederações e do Mundo, mas as obras necessárias para melhorias do escoamento de produtos pelo principal Porto da América Latina ainda podem esperar. As riquezas nacionais e a população da Baixada Santista que se lixem. É o fim do mundo. 

Artigo do vereador Marcus De Rosis (PMDB)