Associação Japonesa de Santos recebe placa da Câmara

Entidade completa 60 anos de atividades

Compartilhe!

5 curtiram

A Associação Japonesa de Santos completará 60 anos da retomada das atividades, interrompidas durante à Segunda Guerra Mundial, no dia 1º de maio, data em que também será realizado o 60º Undokai, tradicional festa da comunidade japonesa.

A Câmara Municipal de Santos entregará uma placa em comemoração à data, nesta sexta-feira, 27, às 19 horas, no Plenário Oswaldo de Rosis, na sede da instituição (Pça Tenente Mauro Batista Miranda, Centro, antigo castelinho dos bombeiros). De autoria do vereador Sadao Nakai (PSDB), o ato marca a perpetuação da difusão da cultura japonesa em Santos.


Nakai estava entre os integrantes da comunidade nipônica, na cerimônia de assinatura para a cessão do imóvel à Associação Japonesa, em 2006, em Brasília. "Este momento histórico foi obtido graças ao esforço de toda comunidade nikkey, em Santos, que lutou bravamente pela devolução do imóvel situado na Rua Paraná, 129. Nesta conquista para reerguer nosso lar, aprendemos a ser fortes, como todos os brasileiros.

Ao retomar este casarão, reescrevemos nossa história através das lições do passado, espelhando a saga dos imigrantes japoneses que colaboraram com o desenvolvimento econômico, com a miscigenação cultural, educando uma geração para serem homens de bem. Olhando o futuro, devemos continuar desenvolvendo neste local, para o povo brasileiro e para as gerações dos descendentes, um Centro de Cultura Japonesa", afirma o parlamentar.


Durante décadas, vários imigrantes japoneses e parlamentares lutaram para que a sede da Associação Japonesa fosse devolvida à comunidade nipônica. Tomada pelo Exército durante à Segunda Guerra Mundial, o famoso imóvel da Rua Paraná, que recebeu a visita do príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, em 2008, foi devolvido somente após mais de 60 anos do confisco do casarão.


No dia 1º de maio de 1952, a Sociedade Japonesa, hoje denominada Associação Japonesa, reativou sua representatividade junto à colônia e ao Consulado Japonês e, em 1990, formalizou sua constituição jurídica. Os registros de fundação da Sociedade Japonesa de Santos sito à Rua Paraná, 129, datam de 14 de junho de 1939, tendo como seu primeiro presidente o Sr. Fumito Myoshi e o Sr. Manhiti Dói como vice-presidente.


Intervenção militar


Diante do Decreto-Lei nº 4166, de 11 de março de 1942, e com o anúncio oficial da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos aliados, em 8 de julho de 1943, todo o sistema organizacional da Sociedade Japonesa foi destruído, obrigando os japoneses e seus descendentes a deixarem a cidade de Santos num prazo de 24 horas.


O Decreto-Lei nº 9727 de 1946, de autoria do então presidente Gal. Eurico Gaspar Dutra, um ano após o término da guerra, dissolveu as sociedades civis de imigrantes dos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), tendo os seus bens sido incorporados ao patrimônio nacional.A baixa estima e o constrangimento causado pela expulsão da cidade, além da perda dos seus bens imóveis e negócios, motivou muitos membros da colônia em não mais retornar para Santos.

Assim, desestruturada, a Sociedade Japonesa entrou em declínio perdendo por completo a sua identidade. As atividades culturais renasceram com a fundação de clubes e associações, através dos descendentes da segunda geração, os nisseis, contando com inestimável apoio dos imigrantes remanescentes. Deste modo, surgiram os clubes Associação Atlética Atlanta, Estrela de Ouro FC e Grêmio Recreativo Nissei Vicentino.


História


A história da comunidade japonesa em Santos remonta o processo de adaptação dos primeiros imigrantes, que, a procura de melhores condições de vida, deixaram seus contratos de trabalho antes mesmo de completarem um ano de permanência no Brasil (os primeiros imigrantes chegaram ao Brasil em 18 de junho de 1908), e radicaram-se em Santos.


Aproximadamente oito famílias vindas da Província de Okinawa (ilha ao sul do Japão) deram início a colônia japonesa no município de Santos. Trabalharam como estivadores em pedreiras e iniciaram a cultura de hortaliças nas chácaras localizadas no bairro do Campo Grande.


Em 1925, os imigrantes japoneses somavam cerca de 1600 pessoas, sendo a maioria (60%) procedente da Província de Okinawa. Esse fato deu-se em parte a similaridade de Santos com as respectivas cidades de origem. Conforme informações obtidas nos catálogos do Museu da Imigração, historicamente, ao formar agrupamentos de famílias numa determinada localidade, uma das primeiras preocupações era criar uma Associação a fim de desenvolver trabalhos de caráter social e, também, de construir escolas da língua japonesa, objetivando dar suporte na formação cultural das crianças.


Dessa maneira surgiu a Sociedade Japonesa de Santos, tendo como objetivo principal ensinar a língua japonesa aos filhos de seus associados. Naquela época, 245 famílias (940 pessoas) atuavam na horticultura, 65 famílias (245 pessoas) envolvidas nas atividades de pesca, 49 famílias (222 pessoas) artesãos especializados em carpintaria, marcenaria e tinturaria e 37 famílias (193 pessoas) no ramo do comércio.


Propriedade do Imóvel


Na década de 30 existiam 3 escolas para suprir o ensino aos descendentes: a Escola Matriz, localizada na Vila Mathias, recebia os filhos das famílias do próprio bairro, do Centro e da Ponta da Praia. Os filhos das demais famílias, maioria de origem da Província de Okinawa, eram atendidos em imóveis alugados nos bairros do Marapé (próximo ao do Campo Grande) e Saboó. Na mesma década, o movimento imigratório de japoneses ao Brasil atingiu o seu auge. A colônia formada em Santos destacava-se das demais pela sua pujança econômica.


Segundo levantamentos do Jornal Seishu Shimpo, em 1933, havia, na cidade de São Paulo, cerca de 159 lojas de japoneses e, em Santos, 99.
Como incentivo à imigração de japoneses ao Brasil, o governo do Japão instalou em 1936, um Consulado daquele país na cidade de Santos, tendo como representante o cônsul Sakae Nanjo. Nesse período, os líderes da colônia eram Sr. Toshiro Fujita e o Sr. Naokatsu Uehara.


Através de concentrado esforço dos japoneses radicados em Santos, foi adquirido o imóvel da Escola Japonesa em 31 de dezembro de 1928, conforme atesta a transcrição de nº 35633 do 1º Cartório de Registro de Imóveis de Santos, tendo recebido importante cooperação técnica do Japão através de envio dos professores Yanaguizawa e Anbe. Vieram para ensinar a língua japonesa, bem como, difundir a cultura daquele país entre os descendentes de japoneses.


Em 14 de junho de 1939 foi oficialmente fundada a Sociedade Japonesa de Santos sita à Rua Paraná, 129, tendo como seu primeiro presidente o Sr. Fumito Myoshi e o Sr. Manhiti Dói como vice-presidente.Na época, enquanto o Brasil da era Vargas enfatizava a Campanha de Nacionalização do Ensino Primário, outras potências mundiais de regime militar encontravam-se envolvidas na política de expansão territorial.

Assim, quando, em 1939, teve início a II Grande Guerra Mundial a Sociedade Japonesa de Santos alterou um ano depois, o nome da escola para Sociedade Instrutiva Vila Mathias, numa tentativa de não prejudicar os trabalhos de educação em pleno andamento.


Devolução do imóvel


Com referência a devolução do imóvel da Sociedade Japonesa, não houve avanço significativo durante todo esse tempo, tendo em vista a seqüência de Governos Militares, apesar de esforços feitos nesse sentido, ao longo do tempo, pelos ex-deputados federais Yukishigue Tamura e Koyu Iha, ex-deputado estadual Paulo Nakandakare, e ex-vereador Matsutaro Uehara. Encontra-se em tramitação no Congresso o Projeto de Lei nº 4476/94 de autoria do ex-deputado federal Koyu Iha.

Ressalta-se também o esforço dos políticos não nikkeis, ex-vereador Adelino Rodrigues, Deputado Federais Vicente Cascione e Telma de Souza. A dificuldade na tramitação do referido projeto parece sofrer fortes pressões contrárias de algumas instituições governamentais que não querem desfazer desse patrimônio confiscado pela União.


Assessoria de Imprensa
7811-4708 / ID: 96*54818 / 3222-3268