Vereador se opõe à transferência da imagem de Fátima no cais

Comunidade católica se manifesta em Plenário

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O vereador Benedito Furtado (PSB) defende a permanência da imagem de N.Sra. de Fátima na praça denominada de Santa, na região de Outeirinhos, ao lado do Armazém VII, ali colocada em 13 de dezembro de 1951. Nas sessões da Câmara ele tem defendido veementemente pelo o não remanejamento. Surpreso com o anúncio de transferência da praça para um novo local, Furtado alega ser um desrespeito às tradições culturais, históricas e religiosas e ao desejo de segmentos portuários, tratando-se de um símbolo de fé do maior complexo marítimo do Brasil, há quase 60 anos. “Consultaram o bispo, o Papa, digo o prefeito, mas não a classe portuária”, disse em plenário. No dia 19 de setembro, um grupo de católicos fez um protesto na galeria do plenário Oswado de Rosis contra a mudança. Já na sessão sessão seguinte, o Legilsativo apresentou uma moção de apoio pela permanência da imagem de Fátima. Ao requisitar por meio de requerimento o tombamento da imagem, Furtado descobriu que o local foi tombado pelo Condepasa.
Desde o dia 13 de dezembro de 1951 a imagem de Nossa Senhora de Fátima, de autoria do escultor Heitor Usai é o maior símbolo de religiosidade dos portuários, ornando a Praça que ganhou a denominação de Santa, na região do Outeirinhos, no cais santista. Recentemente, sem qualquer consulta às representações de portuários – sindicatos e associações –, a Codesp, com aval apenas da Prefeitura e da Cúria Diocesana, decidiu mudar a praça de lugar, alegando o programa de reordenamento de área, transferindo a Santa para um outro logradouro a ser erguido na confluência da av. Perimetral com a Av. Senador Dantas e inauguração prevista para 13 de outubro próximo. “O desrespeito com esse local sagrado, o atropelo à história, à religiosidade e às tradições culturais motivaram a reação de lideranças de vários segmentos do Porto, conforme contatos feitos com o meu gabinete”. Segundo Furtado, assim como ele, muitos portuários entendem que tanto a praça como a imagem devem permanecer no mesmo espaço onde diariamente é reverenciada há 60 anos pelos trabalhadores, em manifestações de fé e religiosidade.

História
No passado, a imagem da Santa visava atender a devoção de grande massa de portuários que tinha raízes portuguesas. Ao sair pelo Porto, em 1951, buscando um lugar ideal, o padre Roberto Drummond Gonçalves, se deparou com algumas ovelhas na região de Outeirinhos, ao lado do Armazém VII e inesperadamente os animais começaram a se deitar no chão. Era o sinal que o religioso esperava, decidindo então pela colocação da estátua naquela área.

Solo Sagrado
O parlamentar não tem dúvidas de que é, portanto, um espaço histórico e religioso, um ponto de referência visitado por todos aqueles que passam pelo Porto, mas sobretudo pelos portuários que se sentem protegidos, fazem pedidos, obtêm graças, prestam agradecimentos. “Não se destrói um local de fé, de um dia para outro, para servir de extensão de estacionamento para o Terminal de Passageiros, administrado pela Concais. Essa empresa já dispõe de imensa área para sua expansão e prestação de serviços. Não precisa avançar em solo sagrado, atropelando a religiosidade, a cultura e a história”, afirmou Benedito Furtado.
Furtado vai mais além. Considera um desrespeito também a boa prática da democracia, a decisão arbitrária da Codesp em ouvir apenas duas autoridades, sem levar em conta os valores cultivados pelos trabalhadores. Para dar fim a transferência da Santa, acredita ser fundamental que o Condepasa se manifeste, definindo o espaço como de interesse para tombamento, iniciando os estudos para que a praça e a imagem sejam preservadas no local original.