Audiência aponta desassoreamento do Rio Furado

Urbanização da Vila Alemoa também foi tema do debate

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Um novo projeto de urbanização, mais simples e viável, e que inclui o  desassoreamento do  Rio Furado  poderá  ser elaborado pela Prefeitura,  em conjunto com a Cohab, e com apoio de órgãos municipais, estaduais e federais. O objetivo é  para dar melhores condições de vida às cerca de 1.100 famílias que residem na Vila Alemoa, em área insalubre,  a maioria em palafitas.

De toda forma,  qualquer projeto de urbanização implica na transferência de pelo menos 300 famílias para o conjunto habitacional Caneleira IV em fase  de construção, permitindo dessa forma que haja o desassoreamento na área mais densamente ocupada pelas invasões sobre o  Rio Furado. Também será necessária implantação de reformas na entrada da Cidade, com sentido único  na Marginal Anchieta  e utilização do canal  sob o controle da Dersa, segundo opinaram técnicos da Prefeitura.

A urgência de várias melhorias, sobretudo o desassoreamento do Rio Furado e canais,  e o início da  urbanização da Vila Alemoa  foram as principais conclusões da audiência pública realizada na noite da última terça-feira (dia 9 de abril), na Câmara Municipal de Santos. O debate contou com a participação de cerca de 40 moradores dessa comunidade, que fizeram reivindicações aos representantes de órgãos públicos.

O vereador Benedito Furtado (PSB) convocou e presidiu o encontro,  na medida que acompanha de perto  os problemas dessa comunidade. Várias fotos tiradas pela assessoria do parlamentar demonstraram os principais problemas da área.

Enchentes periódicas trazem esgoto in natura  e lixo jogado no Rio Furado, hoje totalmente obstruído, às moradias, inclusive às casas de alvenaria erguidas em terra firme. Há problemas também de acesso às casas, serviços precários da  Sabesp, deficiências na escola do bairro, e muitos buracos no recuo da marginal Anchieta, onde a comunidade aguarda condução em situação de insegurança, conforme relato da líder comunitária Maria Lúcia Cristina de Jesus Silva.

Durante quase três horas,  lideranças e moradores desfilaram uma série de queixas ao microfone. A maioria  demonstrou  total descrédito em relação à viabilidade do projeto Santos Novos Tempos, prometido há vários anos pela Prefeitura,  como a implantação da macrodrenagem na área e a transferência da população da vila para prédios de apartamentos financiados pelo poder público.

Os moradores da Vila Alemoa preferem um projeto mais simples, viável,  a curto e médio prazos, permanecendo na própria área, mas em condições mais dignas, enfatizou Furtado, ao resumir os anseios da população. Muitos moradores, contrários à transferência para conjuntos habitacionais, citaram o alto custo de morar em apartamentos,  lembrando a frustrante experiência de cerca de 160 famílias que foram transferidas para o conjunto habitacional Cruzeiro do Sul 2, no Morro da Nova Cintra, há três anos.

Parte desses moradores desalojados da Vila Alemoa em consequência do incêndio que destruiu mais de 200 barracos em 2006,  desistiu de seus apartamentos e voltou a morar na vila, por falta de condições financeiras para arcar com as prestações, condomínio e manutenção de um prédio cheio de problemas estruturais de construção. Pisos soltos, infiltrações, invasão de cupins, mofo e rachaduras estão entre os problemas dos apartamentos,  resumiu Furtado durante a audiência, abrindo um espaço para o debate dessa questão.

As falhas de construção do Cruzeiro do Sul II podem motivar ação do CDHU contra a Caixa Econômica Federal que financiou o projeto, conforme assinalou o presidente da Cohab, Hélio Hamilton Vieira Jr., ao responder a um dos moradores do residencial,  presente à audiência.

Além do presidente da Cohab, participaram da reunião vários representantes de órgãos públicos, como o  arquiteto José Marques  Carriço, da Secretaria de Desenvolvimento, o engenheiro Morgado, da  Administração Regional da Zona Noroeste , e  o Secretário Municipal de Segurança, Cel. Del Bel, que analisou a questão do controle de invasões.  Ele  deixou claro que ninguém invade área de risco e insalubre  porque quer, mas sim pela necessidade, razão pela qual  considera que o controle de invasões passa por  um olhar social, e  precisa da participação de outras secretarias como Assistência Social e Saúde, além de apoio da Guarda Municipal e da PM, em casos de decisões oficiais pelo desmonte de barracos.

Programa Viva o Bairro
Algumas ações  já começarão a ocorrer na Vila Alemoa a partir de segunda-feira, quando equipe da Prefeitura vai ingressar no bairro como parte do programa municipal de melhorias em comunidades carentes.  Segundo o que foi exposto na audiência, o início da desobstrução do Rio Furado será realizada com máquinas e limpeza manual, dependendo porém da liberação de passagem por parte da família Mathias,  cuja propriedade  impede a entrada do maquinário. Essa questão está em negociação.

Outra medida importante, segundo resumiu Furtado ao final da audiência é a constituição de uma força tarefa visando o controle das invasões, com coordenação da Secretaria de Segurança, conforme desejo expresso pelos próprios moradores, que também cobraram ações da Sabesp e Ecovias, em relação a problemas de saneamento e a falta de segurança nas marginais da Via Anchieta.

Já a elaboração do projeto de urbanização deverá ser atribuída à Secretaria de Desenvolvimento Urbano, razão pela qual a pasta foi convidada a participar da audiência.

No entender do  arquiteto José Marques Carriço, que representou o secretário de Desenvolvimento Urbano, Nelson Gonçalves de Lima Jr., a questão da Vila Alemoa, que ele acompanha há  24 anos, está condicionada a alguns  determinantes  como a canalização do Rio Furado e reformulação  da entrada da cidade, com implantação de sentido único na marginal, além da transferência de pelo menos 300 famílias para o projeto habitacional  Caneleira IV, criando condições para que se alavanque um projeto de urbanização. É um projeto social que precisa ser implantado com vários cuidados, já que há famílias em diferentes situações, razão pela qual ele acredita que a solução é de ¨alta costura¨  (individual) e não  “prêt-à-porter”.

Também citou a necessidade de parcerias com a comunidade e apoio do Departamento de Educação Ambiental. “O Caminho se faz ao caminhar”, resumiu, citando o poeta Antonio Machado. A educação ambiental em relação ao descarte irregular do lixo junto às palafitas  também foi ponto destacado pelo vereador  Murilo Amado Barletta (PR),  que integrou a mesa de autoridades.


 Assessoria do vereador Benedito Furtado
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