Traçado prejudica Outeirinhos

Projeto tem investimento de R$ 266 milhões

Compartilhe!

Curtir
Se não bastam os prejuízos às vidas de milhares de pessoas e os impactos negativos para o trânsito santista, o traçado escolhido pela Dersa para construção do túnel Santos-Guarujá ainda implicará na destruição de parte da obra de alinhamento do cais de Outeirinhos. A afirmação foi feita pelo diretor de Infraestrutura e Serviços da Codesp, Paulino Moreira Vicente, durante debate sobre a ligação seca entre as duas, realizado esta semana no Unimonte. Reivindicação histórica, a obra está custando R$ 266 milhões e vai dobrar a capacidade de atracação do terminal de passageiros Giusfredo Santini.

Além do diretor da estatal, também participaram como debatedores o promotor de Justiça Daury de Paula Júnior, o gerente regional do Serviço de Patrimônio da União (SPU), Sérgio Martins, e o urbanista Manoel Lemes. O vereador Evaldo Stanislau (PT) foi o mediador das discussões, acompanhadas por centenas de moradores de Santos. O novo presidente da Codesp, Angelino Caputo e Oliveira também esteve presente.

“Após estudos técnicos bastante detalhados, nós defendemos que o túnel seja construído a partir da Alemoa. Nosso parecer conta com apoio da Secretaria Nacional de Portos”, explicou o diretor de Infraestrutura da Codesp. Paulino lamentou que uma obra tão importante e ainda em execução, como o alinhamento do Outeirinhos, seja jogada fora. “É dinheiro público desperdiçado. E o comprometimento do principal porto brasileiro”, enfatizou. Segundo ele, a proposta da Dersa trará também perdas de eficiência a avenida Perimetral, que não foi projetada para receber o volume de tráfego que o túnel imporá.

Usando como parâmetros experiências internacionais, o urbanista Manoel Lemes defendeu que o túnel seja construído numa área de baixo impacto populacional, como é a alternativa partindo da região da Alemoa. Outra preocupação de Lemes é que o túnel venha acompanhado de obras viárias que permitam fluidez nos acessos. “Caso contrário, o fluxo de veículos ficará estrangulado nas saídas, colocando em risco a segurança das pessoas ali confinadas”, enfatizou o profissional.

Direito garantido

Gerente regional do SPU, o jornalista Sérgio Martins enfatizou que os moradores da Prainha, em Guarujá, terão direito à uma indenização caso precisem ser removidos para construção do túnel. Isto se deve ao fato deles terem recebido um título de posse por parte da União, dona da área.

“Não é como a Dersa pensa que vai chegar lá tirar todo mundo, levar para um conjunto habitacional e as pessoas ainda terem que pagar pela nova moradia. Se quiser insistir nesta proposta, o Estado terá que indenizar aquelas famílias”, enfatizou Martins, que ainda apontou uma série de falhas técnicas e legais nos documentos apresentados até agora pela Dersa.

O promotor de Justiça Daury de Paula foi taxativo: os estudos apresentados até agora pelo Estado são falhos e várias questões ainda estão sem respostas. “O Ministério Público não está convencido da viabilidade da obra. Queremos que as análises levem em conta o volume de tráfego que será atraído do Sistema Anchieta-Imigrantes e não apenas o de veículos que usam a balsa”, enfatizou, ressaltando ainda que se o viário for receber tráfego de caminhões de forma alguma poderá ser feito no traçado escolhido pela Dersa.

Mediador do debate, o vereador Evaldo Stanislau ressaltou que a discussão técnica apontou um caminho a ser seguido e que é fundamental o estado ouvir as críticas construtivas. “Todos aqui são a favor do túnel. O que queremos é que ele seja feito no melhor local, evitando perdas irremediáveis para a população. Sem contar a questão portuária. A alternativa na Alemoa é a mais adequada estrategicamente para a região e para a economia nacional”, arrematou o parlamentar.


Assessoria do vereador Evaldo Stanislau
Reginaldo Pacheco ou Lane Valiengo
(13) 3219-1890