A Câmara Municipal de Santos realizou, na última sexta-feira (04/01), uma audiência pública com foco nas condições ambientais das unidades escolares da cidade, especialmente diante das altas temperaturas que têm afetado o cotidiano de alunos, professores e demais profissionais da educação. O encontro, realizado no auditório Vereadora Zeny de Sá Goulart, reuniu representantes da sociedade civil, lideranças estudantis, sindicatos, parlamentares e membros da administração municipal.
Com o tema “Como estudar e aprender em sala de aula sem condições ambientais e no calor extremo”, a audiência teve como objetivo dar voz à comunidade escolar, especialmente estudantes e educadores que vêm enfrentando dificuldades nas salas de aula sem climatização adequada, infraestrutura insuficiente e outros desafios que comprometem a qualidade do ensino.
A mesa da audiência foi composta pelo vereador Chico Nogueira (PT), que conduziu os trabalhos; a secretária de Educação, Audrey Kleys (NOVO); a representante da APEOESP, Sônia Maciel; o assessor da deputada estadual Bebel, Reinaldo de Souza; e a estudante da UPES, Ana Manoela.
Durante a audiência, foram relatados episódios de mal-estar entre estudantes por conta do calor excessivo, escolas com problemas na infraestrutura, falta de manutenção e ausência de planejamento urbano que contribua com a ventilação natural nas unidades escolares. Os estudantes destacaram ainda a necessidade de mais espaços verdes, bebedouros com água potável e acessibilidade em tempos de chuva intensa, reforçando que a crise climática agrava as deficiências já existentes.
A Prefeitura informou que 90% das escolas municipais já estão climatizadas e que a meta é alcançar 100% ainda em 2025. A secretária destacou a existência de dois contratos em vigor: um para aquisição e instalação de aparelhos de ar-condicionado, e outro para manutenção corretiva e preventiva. Também foi ressaltada a capacitação das diretoras escolares para uso do sistema digital de manutenção.
Entretanto, representantes da rede estadual de ensino apontaram o contraste entre os avanços municipais e o cenário nas escolas estaduais, onde ainda há graves deficiências. Segundo dados apresentados, apenas 34% das salas de aula no estado de São Paulo são climatizadas, e muitos prédios são antigos, com infraestrutura inadequada para instalação dos equipamentos.
A audiência evidenciou a importância de políticas públicas integradas entre os entes federativos, assim como o fortalecimento de investimentos na educação pública. Além disso, reforçou a necessidade de diálogo entre as Secretarias de Educação e de Saúde para melhor atendimento às crianças com necessidades específicas, como no caso do autismo.
Ao final, foi proposta a realização de novas reuniões de acompanhamento com a comunidade escolar, reforçando o compromisso da Câmara em ser um canal aberto para escuta e construção de soluções junto à população.