Situação dos PSs de Santos é calamitosa

A cada porta ou armário aberto, uma irregularidade que coloca em risco os pacientes

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Irregularidades gritantes, que colocam em risco pacientes e funcionários, foram constatadas pelo vereador Evaldo Stanislau (PT) nos três prontos-socorros municipais de Santos. Em vistorias-surpresa, realizadas entre os últimos dias 9 e 12, o vereador deparou com o sucateamento de instalações e equipamentos, sujeira, material infectante exposto, bagunça na guarda de remédios e até uma grande mancha de sangue no piso de um consultório. 

Presidente da Comissão de Saúde e Higiene da Câmara Municipal de Santos, o vereador apontou publicamente todas as irregularidades em reunião extraordinária que convocou, nesta quarta-feira (dia 16 de janeiro), na sede do Legislativo. As mais de 230 fotos de irregularidades apresentadas confirmaram as denúncias apresentadas por dr. Evaldo e causaram indignação nos participantes, que lotaram o auditório do Legislativo.

O recém-empossado secretário de Saúde de Santos, Marcos Calvo, compareceu e admitiu: “De fato, tudo isto é forte e chocante”. Embora a Câmara esteja em recesso, estavam presentes 12 dos 21 vereadores. A participação de lideranças comunitárias e de representantes de diversos órgãos conferiu ainda maior peso ao evento.

Fiscalização com método
Nas vistorias, dr. Evaldo seguiu metodologias de fiscalização utilizadas pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Saúde. A cada porta ou armário que abriu e em cada sala ou corredor que percorreu, o vereador constatou situações assustadoras, como, por exemplo, a presença de sangue e excretas, na mesma bancada de preparo de medicação, no Pronto-Socorro da Zona Leste.

“Quem lavou as mãos ao entrar ou sair?”, perguntou o vereador, mostrando a imagem de uma pia entulhada de objetos, em pleno isolamento da UTI do Pronto Socorro Central. No PS da Zona Leste, um único funcionário cuidava de vários pacientes, em uma sala de hidratação em que não havia sabão ou álcool gel disponível para higienização das mãos.

Outras imagens exibidas surpreenderam: no lotado corredor de acesso às salas de medicação e exames radiológicos do PS Central, uma idosa, amputada e de muletas, aguardava em pé. Ao seu lado, outra paciente, também vítima da falta de mobiliário, esperava agachada. “Será que não conseguimos fazer melhor?”, indignou-se Evaldo.

Na sala de curativos, o vereador flagrou uma caixa de gordura, e com vedação improvisada. Na geladeira exclusiva para espécimes laboratoriais, alimentos e garrafas denunciavam a utilização para outros fins. No primeiro andar, o hall de entrada funciona como enfermaria. Desorganização, sujeira, camas e macas corroídas e sem lençóis também eram visíveis. Mais ainda: risco de infecções e troca de medicação, devido ao que o dr. Evaldo definiu como “bagunça generalizada”.

No PS da Zona Leste, situações semelhantes foram constatadas, com especificidades próprias: o vereador deparou, por exemplo, com uma paciente em pé, segurando a bolsa de soro e com refluxo de sangue. “É indigno o paciente segurar seu soro”, reagiu Evaldo.

Mais: funcionários denunciaram a presença de roedores à noite. Infestação por cupim em armários também era visível. O vereador constatou ainda sujeira, sucata, medicação exposta ao sol, lixo hospitalar na calçada, entre outros agravantes.

No PS da Zona Noroeste, um avanço: há classificação de risco para atendimento, o que não ocorre nos dois outros prontos-socorros. Mas as cenas de sujeira, bagunça, sucateamento e improvisação se repetem. Chamavam a atenção, também, um paciente sendo hidratado, deitado precariamente em uma longarina, sem suporte para o soro, e psicotrópicos guardados em armários sem chave.

Providências
O vereador dr. Evaldo Stanislau não se limitou a fazer denúncias: sugeriu várias medidas que devem ser adotadas de imediato, em 30 ou 90 dias, e a médio prazo. “Não quero ter que usar a influência de vereador para garantir o atendimento a quem precisa. Todo cidadão tem direito a um sistema de saúde que funcione”, afirmou. Mais ainda: provou que é possível oferecer qualidade ao mostrar imagens de serviços de saúde no Rio Branco, Acre, cidade administrada pelo PT, e instalações do serviço médico na Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) de Botucatu.

Morte por falta de vaga
Quando a palavra foi aberta aos participantes, o aposentado Bartolomeu Pereira de Souza se emocionou ao anunciar que acabara de receber a notícia da morte de uma amiga. Durante dois dias, a família se debatera em busca de uma vaga de UTI, que chegou tarde demais.

Presenças
Na qualidade de presidente da Comissão Permanente de Saúde e Higiene da Câmara, o vereador dr. Evaldo Stanislau presidiu os trabalhos. Além dele, integraram a mesa o secretário de Saúde Marcos Calvo e os vereadores Jorge Vieira Carabina (PR - também membro da Comissão), Douglas Gonçalves (DEM) e José Teixeira Filho (PRP). Do auditório, acompanharam a reunião extraordinária o presidente da Casa, vereador Sadao Nakai (PSDB), e os vereadores Ademir Pestana (PSDB), Adilson Júnior (PT), Benedito Furtado (PSB), Carlos Teixeira Filho (PSDB), Hugo Duppré (PSDB), Murilo Barletta (PR), professor Igor (PSB) e Sérgio Santana (PTB).

Entre as instituições e agremiações representadas, estavam: Associação Paulista de Medicina de Santos, Centro de Direitos Humanos Irmã Maria Dolores, Conselho Municipal de Saúde de Santos, Conselho Regional de Enfermagem (Coren) Subseção Santos, Sindicato dos Enfermeiros do Estado, Fórum da Cidadania, Apeoesp, Grupo Esperança, Unimed Santos, Associação dos Cortiços do Centro, CUT Baixada Santista, e Partido dos Trabalhadores, entre outros.

Apresentação disponível
O audiovisual apresentado pelo vereador dr. Evaldo Stanislau, bem como fotos da reunião extraordinária, estão à disposição dos interessados em seu gabinete, no 2º andar da Câmara de Santos (Praça Tenente Mauro Baptista Miranda, 1, Centro - telefone 3219-1890).

Assessoria do vereador Evaldo Stanislau
Lane Valiengo e Reginaldo Pacheco
Telefone: (13) 3219-1890