Relatos reforçam luta em defesa da democracia

Comissão da Verdade resgata a história

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Dois depoimentos de mulheres que foram vítimas da repressão do Estado e de uma terceira que fez o resgate da história da ativista política e agitadora cultural Patrícia Galvão (Pagu) deixam uma certeza: a luta pela manutenção e fortalecimento dos pilares da democracia é fundamental e deve ser permanente. Este momento ímpar de reflexão, particularmente na atual conjuntura política, aconteceu durante sessão pública da Comissão da Verdade Prefeito Esmeraldo Tarquínio, da Câmara de Santos, na última quarta-feira no Consistório da UniSanta.

“Esta discussão é mais atual do que nunca pelas manifestações que se alastram pelo Brasil. O golpe de 1964 foi precedido por ações similares às de agora. Temos que valorizar a democracia reconquistada após décadas de luta à custa de muitas vidas”, enfatizou o vereador Evaldo Stanislau (PT), presidente da Comissão.

Representando o Poder Executivo de Santos, o secretário municipal de Defesa da Cidadania, Marcelo Del Bosco, saudou a Câmara de Vereadores pela iniciativa e afirmou: “A luta vale à pena”.

Depoimentos

Autora de um livro que resgata a história de lutas de Pagu, a professora Lúcia Maria Teixeira Furlani foi a primeira a depor. Ela narrou os enfrentamentos feitos por Pagu, primeira mulher presa política do Brasil, e que escapou por pouco de ser enviada para morrer nas prisões dos regimes fascistas da Itália e Alemanha. O crime de Pagu era ser comunista e \'desafiar\' os padrões conservadores da sociedade brasileira. Além disso, também foi exibido um documentário baseado no livro \'Viva Pagu\'.

Em seguida, falou Débora Maria da Silva, líder do Movimento Mães de Maio, que reúne parentes de jovens sem envolvimento criminal, vítimas da guerra entre a polícia e uma facção criminosa em maio de 2006.  “O que fizeram com nossos filhos é fruto de uma guerra e da ditadura continuada. Mais de 600 jovens foram assassinados em apenas uma semana de conflito. Há, ainda, 25 que continuam desaparecidos. Houve vítimas que foram enterradas em covas coletivas, como indigentes, exatamente como acontecia no tempo da ditadura”, afirmou.

O último depoimento foi da advogada Sônia Morozetti, que era filiada ao Partido Comunista nos anos da ditadura e acabou presa no DOI-CODI. “Durante 14 dias, fiquei incomunicável. Fui torturada diariamente. Deixavam-me nua, apenas com um capuz. Eram choques por toda parte do corpo. Além disso, nos torturavam uns na frente dos outros. Mães e filhas. Marido e mulher. Queriam quebrar nossa autoestima”, recorda, num relato que deixa marcas em quem ouve.

Sônia também ressaltou a importância das novas gerações aprenderem o que aconteceu naquele período nebuloso da história brasileira. “Um povo que não conhece sua história não pode ter futuro. Só fui votar para presidente da República pela primeira vez aos 43 anos de idade. Os jovens precisam saber o que isso representa. Só a democracia permite a liberdade de expressão e a organização popular”, afirmou.

Assessoria do vereador Evaldo Stanislau
Reginaldo Pacheco ou Lane Valiengo
(13) 3219-1890