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Audiência pública debate violência policial e o caso Matheus Lopes

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A violência policial na periferia foi tema da audiência pública realizada na segunda-feira, 4 de agosto, no Auditório Vereadora Zeny de Sá Goulart da Câmara Municipal. Esteve em discussão o caso de Matheus Lopes, de 21 anos, que no dia 8 de junho foi baleado durante uma ação do Batalhão de Ações Especiais da Polícia (BAEP) no bairro Rádio Clube.

O jovem trabalhador ficou internado em UTI e atualmente está preso, enquanto a família e os amigos lutam para provar sua inocência, contestando a versão da polícia de que ele teria reagido contra os policiais e de que atua no tráfico de drogas. Matheus trabalha em dois empregos, sendo um deles no prédio onde reside o prefeito Rogério Santos.

O caso foi apresentado como exemplo da violência recorrente na Baixada Santista. Desmentindo a versão de que teria havido confronto, a família e os vereadores que participaram da audiência apontaram que o tiro foi dado à queima-roupa e de cima para baixo.

"Ninguém leva um tiro de confronto, com uma bala que entra pela parte superior do abdômen e sai na coxa esquerda; não é possível", disse o vereador Marcos Caseiro (PT), que é médico e participou da mesa da audiência. Ele observou que a lesão poderia ter sido fatal, porque a bala perfurou uma artéria femoral e que o fato de Matheus ser jovem foi decisivo para sua sobrevivência.

 

"Cenário de guerra"

A audiência foi convocada e presidida pela vereadora Débora Camilo (PSOL) e contou com a participação de familiares de Mateus, assessores de outros vereadores e representantes de movimentos sociais, como o Movimento Mães de Maio.

Diversas denúncias e relatos foram apresentados. "Meu neto não pode ver polícia que entra em pânico, chora e passa mal", disse a mãe de Matheus, Ana Paula Balbino. "Quando a polícia entra [na favela], tem aquela gritaria para tirar os filhos, porque senão são baleados também", acrescentou a tia e madrinha de Matheus, Rose.

Gilmara Diniz, mãe de uma das vítimas da Operação Escudo, fez um relato sobre a morte de seu filho e afirmou que as operações policiais resultam em chacinas, e não em confrontos. Ela e outras mães presentes à audiência reforçaram que a Operação Escudo e a Operação Verão não acabaram, mas continuam "a conta-gotas".

A coordenadora do Movimento Mães de Maio, Débora Maria da Silva, comparou a situação na Baixada Santista a um "cenário de guerra" e acusou os governos municipal, estadual e federal de compactuarem com a violência policial. Ela também questionou a ausência de câmeras corporais nos uniformes dos policiais envolvidos, ressaltando a falta de transparência das operações.

 

Judiciário

Os participantes da audiência acusaram o prefeito de Santos e o governador de São Paulo de se omitirem e de não darem o apoio necessário às famílias afetadas. O Judiciário também foi criticado por arquivar casos e negar pedidos de habeas corpus e prisão domiciliar, como no caso de Matheus.

Ao final, os vereadores e os integrantes da mesa se comprometeram a continuar a luta por justiça para Matheus e para todas as famílias vítimas da violência policial. As Mães de Maio anunciaram a criação de um centro de memória, atendimento psicológico e jurídico na Baixada Santista para auxiliar as famílias. A audiência foi encerrada com um grito uníssono de "Fora, Polícia Militar" e "liberdade para Mateus".

 

Assista à íntegra da Audiência.

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