Audiência pública realizada na Câmara Municipal na segunda-feira, 12 de maio, apresentou números preocupantes sobre a incidência da tuberculose em Santos. De acordo com os dados mais recentes, o município registra 121,2 casos por 100 mil habitantes, número bem acima das médias estadual (44,2) e nacional (39,7).
Com 375 pacientes de tuberculose no ano passado, Santos ficou com o sexto maior número de doentes no Estado de São Paulo. No Brasil, houve mais de 84 mil casos, com 6.025 mortes – o maior total dos últimos 20 anos.
Após a queda da infecção pela covid-19, a tuberculose voltou a ser a doença infecciosa que mais mata no mundo, segundo informou o consultor do Ministério da Saúde Luiz Henrique Arroyo, que participou do evento por videoconferência.
Grupos de risco
Em Santos, a Zona Noroeste apresenta o maior número de casos (171 casos em 2023), mas é o Centro que tem a maior incidência, com 375,5 casos por 100 mil habitantes.
O vereador Marcos Caseiro (PT), que convocou e presidiu a audiência, apontou a concentração de cortiços como um dos fatores para a elevada incidência de tuberculose no centro da cidade. A região das palafitas e o BNH são outros dois locais considerados clusters da doença.
Os grupos populacionais com maior risco de contrair tuberculose são os pacientes de HIV/Aids, as pessoas privadas de liberdade e a população em situação de rua.
Fatores estruturais
Luiz Henrique Arroyo listou ações do Ministério da Saúde para a prevenção e controle da tuberculose. Segundo o consultor, o governo federal está lançando editais para seleção de projetos de mobilização social e de base comunitária, além de uma parceria com movimentos e organizações da sociedade civil para a criação de um aplicativo de monitoramento da doença.
Arroyo informou ainda que o Ministério incluiu a tuberculose em um pacote de custeio das ações de vigilância, prevenção e controle das infecções sexualmente transmissíveis, HIV/Aids e hepatites virais, com a destinação de R$ 100 milhões para estados e municípios.
A diretora de Atenção Primária em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Rubia Lorraine Valente, destacou a necessidade de o poder público atuar sobre fatores estruturais que contribuem para a propagação da tuberculose, como a falta de moradia adequada.
O vereador Marcos Caseiro afirmou que é urgente os órgãos responsáveis pautarem sua atuação pelos dados epidemiológicos já disponíveis e prometeu destinar emendas ao Orçamento municipal para ações contra a tuberculose em Santos.
Também compuseram a mesa da audiência a coordenadora do Programa de Tuberculose da Prefeitura de Guarujá, Ana Cleia Justo Lourenço; o médico e ex-secretário municipal de Saúde Marcos Calvo e o vereador Benedito Furtado (PSB).