A necessidade de políticas públicas que cuidem da saúde mental das mães foi o tema da audiência realizada na quarta-feira, 4 de junho, no Auditório Vereadora Zeny de Sá Goulart. A discussão focou a importância de abordar as especificidades e desafios enfrentados pelas mães nos campos psíquico, psicológico e emocional.
Foram apresentados dados estatísticos que dimensionam o problema do adoecimento mental entre as mães. No ano de 2024, 50% das mães foram diagnosticadas com algum transtorno. Nove entre 10 mães sofrem de esgotamento parental, problema que é 2,5 vezes mais recorrente entre as mães solo. No Brasil, mães adolescentes geram 12% dos nascimentos e apresentam duas vezes mais casos depressão pós-parto. Além disso, as mães adolescentes possuem acesso limitado a serviços acolhedores e cuidados integrados.
Entre os fatores de risco para a saúde mental das mães, estão a pressão social, a romantização da maternidade, a privação do sono, a sobrecarga de tarefas e a falta de uma rede de apoio, além de mudanças hormonais e físicas, dificuldades financeiras, discriminação no trabalho, experiências traumáticas e problemas nas relações familiares e conjugais.
"Mãe tem pressa"
"Precisamos criar espaços onde essas mães sejam acolhidas, onde essas mulheres possam conversar das suas condições", disse Dorian Rojas, diretora do Departamento de Saúde Mental da Prefeitura de Santos e uma das integrantes da mesa da audiência pública.
"A falta de políticas públicas vem causando nosso adoecimento", acrescentou Carolina Ferreira, coordenadora do Fórum Maternidade e Infância da Baixada Santista.
Para a secretária da Mulher e de Direitos Humanos de Cubatão, Jaque Barbosa, o caminho para a conquista dessas políticas passa pelo aumento da participação das mulheres nos espaços de decisão. "Quando temos mães em espaço de decisão, certamente fazemos isso com mais celeridade, porque mãe tem pressa", afirmou.
"Não existe saúde mental enquanto as mulheres forem sobrecarregadas pelos cuidados de crianças, de filhos, enquanto forem invisibilizadas e afastadas da universidade e de espaços políticos como esse", disse a professora da Unifesp Priscila Cardoso.
"Acredito muito na dedicação do poder público, mas a conversa se torna mais rica quando nos aproximamos da sociedade civil para que a política pública se torne mais efetiva", declarou a vereadora Renata Bravo (PSD), que convocou e presidiu a audiência.
Também compuseram a mesa Nina Barbosa, secretária da Mulher, Cidadania, Diversidade e Direitos Humanos de Santos; Érika Perina, psicóloga do Instituto da Mulher e Vivi Paiva Reis, fundadora do Projeto InclusivaMente.
O evento ofereceu um espaço de atividades lúdicas para as crianças (foto).
Assista à integra da Audiência.