O mundo gira, a bola corre, a vida segue

Homenagem ao Santos F.C. veste a Câmara de branco e preto

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Cem é um número mágico. A camisa dez também. Cem anos, então, é a própria magia multiplicada. Os números podem ser muito relativos. Por exemplo: a população de Santos é de 430 mil pessoas, aproximadamente, mas o Santos F.C. tem 13 milhões de torcedores, em todo o Mundo. Este total foi citado pelo Presidente do Clube, Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro, ao agradecer a concessão de Placa de Honra ao Mérito em homenagem ao Centenário do Peixe, em solenidade realizada na noite de quarta-feira, 25 de abril. O autor da proposta, Vereador Braz Antunes Mattos Neto, fez o discurso de saudação, em Sessão dirigida pelo Presidente do Legislativo, Vereador Manoel Constantino.


O Presidente do Santos F.C. afirmou  que o Santos F.C. é um time mágico, próximo ao sobrenatural, e não deixou por menos e citou passagens bíblicas para dizer que Deus também é santista. Literalmente, Ele disse aos apóstolos: "Sêde santos".
Além de muitas camisas alvinegras na platéia, também os funcionários da Câmara vestiam o manto sagrado santista.


O Presidente da Câmara, por sua vez, lembrou que Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro foi fundamental, quando era funcionário graduado do Banespa, para viabilizar a instalação da priemira agência bancária da Zona Noroeste. 
Em seu discurso, o Vereador Braz traçou um paralelo entre a afirmação do Santos F.C., do seu início modesto até tornar-se o maior time de todos os tempos, com a evolução da Cidade. "Através do Santos, a nossa Cidade tornou-se conhecida no Mundo todo; e sempre houve uma simbiose, essa mútua influência entre a Cidade e o Clube: quando o Município vai bem, o Santos também vai, e vice-versa".


No início da solenidade, foi exibido um clipe sobre o Santos, realizado pela TV Tribuna, com o Hino ao Centenário, música composta por Ricardo Peres e seu filho, Bio Peres.
 


  Leia a seguir a íntegra do discurso do vereador Braz.


DISCURSO DO VEREADOR BRAZ ANTUNES MATTOS NETO, LÍDER DO PPS, NA SOLENIDADE DE ENTREGA DE PLACA DE HONRA AO MÉRITO AO SANTOS F.C., EM COMEMORAÇÃO AO SEU CENTENÁRIO, EM CUMPRIMENTO AO DECRETO LEGISLATIVO Nº 26/2010, REALIZADA EM 25 DE ABRIL DE 2012, NO   PLENÁRIO " DR. OSWALDO CARVALHO DE ROSIS",   DA CÂMARA  MUNICIPAL DE SANTOS.

         *

 SENHORAS E SENHORES, SAUDAÇÕES ALVINEGRAS!
         *

A esfera gira, o globo roda, a bola corre, a vida segue, os destinos se cruzam. E se cruzar, eu me projeto, me aprofundo, entro de cabeça e faço mais um. Bate batucada, bate-bola, bate coração! É gol, é festa, festa que não acaba nunca, dura a vida inteira, devoção que não morre, é o jogo da existência. É um jogo visceral, existencial, de alegria infinita durante noventa minutos. O mundo é mesmo uma bola. E se falar em bola, tem de falar em paixão, e tem de falar a palavra sagrada: San-tos! San-tos! San-tos!

De repente, chegamos ao número mágico, Cem Anos. Muito mais que um Centenário, estamos celebrando a própria existência de um Clube que ensinou ao Mundo o que é jogar futebol, determinou o verdadeiro caráter do jogo, revelou a sua essência, criou parâmetros definitivos, desenvolveu nas pessoas o gosto pelo esporte.
Os ingleses inventaram uma outra coisa: Futebol mesmo quem criou fomos nós, os santistas! Pois não jogamos, apenas; assim como na vida, inventamos novos traçados, criamos novos espaços, recriamos a magia. Esbanjamos alegria, sem deixar a competência de lado. E não foi nenhuma coincidência que o primeiro jogo oficial foi justamente contra o Santos Athletic Club, o Clube dos Ingleses, clube do qual também sou associado e fiz questão de homenagear  em 2009, pelos seus 120 anos.
A vitória foi do Santos,  3 a 2!

O Feitiço engrandece o feiticeiro; quem tem Pagão nunca morre sem gols; quem com Gasolina fere, com Neymar será feliz. Quem conta um Coutinho, aumenta um ponto no placar e pronto. Futebol é uma caixinha de felicidades. Futebol é bola no chão e sonhos nas nuvens. 
     
Meus amigos, minhas amigas:

O  Projeto que apresentei nesta Câmara em 2009, aprovado por unanimidade, e que se transformou no Decreto Legislativo Nº 26/ 2010, concedendo placa de Honra ao Mérito ao Santos F.C. -modéstia à parte, talvez a primeira ação concreta rumo ao Centenário-, é tão somente a projeção de toda a minha gratidão. Da mesma forma, insisti muito na aprovação do Projeto de Lei que transferiu o Governo Municipal para a Vila Belmiro no dia 14 de abril, data do Centenário. Trata-se de um projeto inédito na vida do Clube, sem dúvida, que exigiu discussões acirradas neste Plenário. Mas que gerou frutos interessantes, como a construção de um monumento no jardim da Praia do José Menino; a parceria para a manutenção das equipes masculina e feminina de futsal  e voleibol sub-20; e também o Projeto Saúde na Praia, medidas assinadas pelo Prefeito Papa lá na Vila Belmiro, no dia 14.


A Vila Belmiro foi Prefeitura por um dia e lá foram determinadas ações positivas para o Santos e para a Cidade.
Há um outro motivo para o orgulho pessoal: a partir de uma sugestão minha, foi urbanizada a Praça Pelé, ali no Canal 5, com estátua e tudo, que  se tornou um ótimo ponto turístico.
Mas a gratidão mencionada é pelo Santos ter feito da minha alma uma alma essencialmente santista, repleta de imensas alegrias. Gratidão por toda a emoção, toda a satisfação, toda a fantasia.

 

Gratidão por toda uma vida como um felizardo e orgulhoso torcedor. Gratidão por esta imensa paixão que me comove. Gratidão por me transformar para sempre, em meu coração, em um feliz Menino da Vila. 
Somos todos, graças a Deus, Meninos da Vila, desde 1912. Desde que Arnaldo Silveira, apelidado apropriadamente de Miúdo, fez o primeiro gol do Peixe.   
Falando em meninos, surgem lembranças que valem ouro: a paixão peixeira, transmitida por meu pai, Nelson Antunes Mattos, Conselheiro Efetivo e depois Honorário do Clube, que me levou ao estádio pela primeira vez, num jogo contra o Corinthians, logicamente; muitas tardes e noites nas arquibancadas, assistindo ao futebol dos sonhos; as comemorações de muitos e muitos títulos; as arrancadas fulminantes de Pelé, que geralmente só acabavam no fundo das redes; a batalha dos 4 a 2 contra o Milan, no dia em que a terra tremeu com o gol do "seo" Pepe; o gol de pênalti do Dalmo; as fintas incomparáveis de Edu; o milésimo gol Dele; a técnica incomparável de Cejas; e, mais tarde, o meu querido e saudoso primo Luiz Rodrigues Moço me encaminhando para ser Conselheiro do Santos F.C., em 1992, dentro do grupo de apoio ao Antonio  Aguiar.

E a torcida que não se calou nem mesmo no intervalo, os jogadores que permaneceram em campo, sob as bençãos do messias Giovani, naqueles cinco a dois contra o Fluminense, que abalaram convicções e abriram novos caminhos.  Sem falar na felicidade de ver Manoel Maria, Pita, João Paulo, Ailton Lira,  Robinho, Diego, Neymar, Ganso e tantos outros gênios. Inclusive o Afonsinho,  o Dr. Afonso, o contestador que o Peixe recebeu de braços abertos, com barba e cabelo comprido. E que em seus últimos meses no Santos dividiu seu salário com os funcionários.
Por fim,  recordo bem o dia em que voltei ao gramado da Vila e fiz um belo gol de falta, no jogo entre Vereadores de Santos e de São Paulo, dois a dois, cujo time tinha até o Ademir da Guia; e o dia em que entreguei em Brasília uma camisa do Santos ao ex-Presidente Lula. Antes, já havia jogado no solo sagrado da Vila, com os Conferentes de Carga e Descarga e em alguns jogos colegiais, e defendi o Santos no basquete mirim. E tenho o grande orgulho de ter meus dois filhos, Pedro e Júlia, torcendo- e torcendo muito!- pelo Peixe.


Aprendi, de tudo isso, é que o Santos F.C. representou e representa  a afirmação e a expressão de uma raça que sempre foi pioneira em tudo, que sempre foi vanguarda, que sempre fez da arte de viver o seu  cotidiano, que sempre exportou para muito além do Planalto os seus valores. E que continua ensinando ao País o valor da liberdade, da criatividade, da solidariedade,  da caridade,  da democracia plena e da arte pura.
Através do Santos F.C., a nossa Cidade tornou-se conhecida em todo o Mundo. E sempre houve essa simbiose entre o Clube e a Cidade, essa mútua influência: quando o Município vai bem, o Santos também vai, e vice-versa. No último dia 14, por exemplo, a Cidade estava mais linda, mais feliz, mais risonha, mais empolgante.


Quando o Santos tornou-se grande, o único time fora das capitais a se projetar de verdade, a Cidade vivia a sua própria afirmação econômica. Lado a lado, foram crescendo, se desenvolvendo, se agigantando, desafiando os poderosos, abrigando os humildes, desafiando todas as lógicas, inventando novas artes a cada geração, enxergando sempre para além dos horizontes comuns.
 
A vida tem coisas realmente interessantes. Por exemplo, muitos dizem que não se deve misturar futebol com política. Mas o nosso Presidente Luiz Álvaro me confidenciou que, depois que ele viu todos os Vereadores santistas, em Plena Sessão da Câmara do dia 16 de abril, vestindo a camisa do Peixe, mesmo os que torcem para outros times, decidiu que os funcionários do Santos também devem trabalhar devidamente uniformizados. Como se vê, é a política influenciando o futebol e vice-versa. Isso sim é que é ideologia!

Mas agora vamos falar de uma verdade cristalina: quem gosta de futebol de verdade, ama profundamente o Santos F.C. Repetindo: todos amam o Santos F.C., indistintamente. Mesmo que alguns tentem se enganar, dizendo que torcem para outras camisas, outras histórias, outras arquibancadas.


Todos amam o Santos, mesmo que muitas vezes seja um amor doído, que fere e machuca em caso de derrota. Derrota dos adversários, é lógico...
Mas aquilo que os olhos testemunham, coração nenhum há de negar. E quem viu o Santos, quem acompanhou o Peixe através da História, sabe  bem  que  esse amor é algo muito natural. Nunca se viu História igual, nunca um Time colaborou tanto com a trajetória da sua Cidade. As camisas alvinegras, desfilando pelo Planeta, tornaram a Cidade de Santos conhecida em todo o Mundo. Despertou curiosidades, atraiu milhares de visitantes. E assim fez e ainda faz a economia girar.


Algo que na minha visão deveria ser ainda mais aproveitado, não só com o futuro Museu Pelé, predestinado a se tornar uma das maiores atrações de todo o País. Mas com a demonstração clara e objetiva de que a memória dos feitos e glórias do Santos F.C. será sempre louvada. Algo como um projeto em que os locais históricos fossem demarcados com placas à altura: nesta casa viveu Pelé; neste prédio fundou-se o Santos; ali pedalou Robinho; neste local foram realizados os primeiros jogos do Santos F.C.; neste cais desembarcaram as duas primeiras bolas de futebol trazidas ao Brasil por Charles Miller; e, num futuro breve, aqui viveu Neymar. 
E muito mais.


A identidade do Santos F.C. com a Cidade é total, indissolúvel. Somente aqui, sob o sol que nos alimenta e no mar que nos renova, seria possível surgir esta tradição de futebol ofensivo, alegre, o autêntico futebol arte. É da natureza dos santistas, é da essência do Santos F.C.
Sim, somos diferentes, somos únicos! 
É uma filosofia de vida que serve a ambos, Clube e Cidade: abrir sempre espaço para os mais jovens, ao mesmo tempo em que oferece abrigo aos veteranos. E ambos se reinventam de tempos em tempos, se renovam, ressurgem com a força avassaladora do talento. E ambos resistiram, em diversos pontos da História, às injustiças, ao arbítrio, aos Rauls Soares, aos golpes, aos Armandos Marques, aos Márcios Resendes e Carlos Robles da vida.

  
Agarrados ao alambrado, muitos dedicaram toda a sua vida emocional ao prazer de ver o Santos jogar. Hoje, muitos mais entoam cantos que arrepiam, que envolvem, que complementam uma existência.
É por isso que muitos vieram de longe para jogar no Santos e aqui ficaram; e cidadãos santistas se tornaram. E ficarão outros tantos, como Zito, Formiga, Tite, Serginho, Abel, Robert, meu amigo Lima.É por isso que muitos só conseguem atingir a plenitude de seu talento aqui, na Vila. 
 É por tudo isso, que ouso dizer: ah, Barcelona, pode esperar que a tua vez ainda vai chegar... Infelizmente não será neste ano, pois o Chelsea fez o serviço por nós!
 O "Produto Interno Futebolístico Santista" rende tantos dividendos que é muito natural perguntar assim: nos próximos cem ou duzentos anos, quanto novos gênios produziremos?


Pois já desafiamos os céticos e repetimos o milagre da multiplicação dos craques e dos gênios; e um Peixe só -um único Peixe!-alimenta a fome e a fantasia de milhões de pessoas. Fome de bola, fome de arte, fome de devoção ao espetáculo.
Afinal,  foram exatamente 11.800 gols marcados na história até agora. É óbvio que daqui a pouquinho, essa conta irá aumentar, lá na Bolívia.
Por isso, soltem seus fogos, senhores e moços da Rua XV!
 Bradem suas palavras de ordem, catraeiros!


Gritem seus cantos de guerra, gente de Caruara, da Nova Cintra, do São Bento, do Boqueirão, da Areia Branca, do Embaré, do Gonzaga, do Macuco, de todo lugar!
Dancem todos os vultos históricos na Praça da Independência!
Cantem despachantes, bagrinhos, conferentes, estivadores, consertadores, ensacadores! Toquem os antigos torcedores do Bloco Bola Alvinegra e da Escola de Samba Sangue Jovem! Batuquem e pulem todos os integrantes da Torcida Jovem, da Sangue Jovem e de todas as outras torcidas!


Chorem todos os Carlinhos da Padaria, vibrem todos os padres e os pastores, todos os pescadores e peixeiros, todos os feirantes e motoristas, todas as famílias das Casas Populares!   
Orai por nós, Nossa Senhora do Monte Serrat!
Finalizai por nós, Neymar!
E vamos todos nos preparar para novas epopéias, novas sinfonias e um novo centenário, o do Estádio Urbano Caldeira, em 2016. Meus amigos da Diretoria e do Conselho, ao qual pertenço, vamos começar a pensar nesta nova celebração.

Pois a História precisa ser cultuada, revivida. História que nos diz que tudo começou na Rua do Rosário18  numa assembléia convocada por Francisco Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior.  Que Sizino Patusca foi o primeiro presidente. Que o primeiro jogo oficial ocorreu em 15 de setembro daquele ano e que Arnaldo Silveira fez o primeiro gol. Que em 1913 veio o primeiro título: Campeão Santista, com  seis vitórias em seis jogos. E que em 1915 foi
Campeão Santista novamente.
  
Que em 31 de maio de 1916 foi comprado o terreno de 12 mil
metros quadrados no centro da vila operária da Vila Belmiro e que em 12 de outubro foi inaugurado o Estádio Urbano Caldeira. Que  o primeiro jogo na Vila registrou vitória do Peixe contra o Ypiranga por dois a um, em 22 de outubro. Millon marcou o primeiro gol.
Que em 1919 três jogadores foram convocados para a Seleção Brasileira, Millon, Haroldo e Arnaldo Silveira. Que em 1920 Araken Patusca estréia de forma inesperada, com apenas 15 anos, fazendo nada menos que quatro gols contra o Jundiaí. Que em 1927 os primeiros meninos da Vila, com Siriri, Araken, Feitiço, Camarão e Evangelista,  foram vice-campeões paulistas, sendo o primeiro time a fazer cem gols (em dezesseis partidas, média recorde), e perdendo o título de forma muito discutível, num 3 a 2 contra o Palestra.  

Que no mesmo ano o Santos ganhou de 8 a 3 do Corinthians. Que em 1928 foi novamente vice-campeão. Que foi tri-vice em 1929 e que em 9 de fevereiro de 1930 o lendário Friedenreich jogou com a camisa do Santos e em 1931 a luz se fez na Vila.
Que em 1935 Cyro; Neves e Agostinho; Ferreira, Martteleti e Jango; Sacy, Mário Pereira (o Diabo Loiro), Raul, Araken e Junqueirinha
ganharam o primeiro título de campeão estadual, vencendo por dois a zero ao Corinthians, em pleno Parque São Jorge. Que os anos 40 não foram muitos felizes mas o Santos contou com o "arquiteto" Antoninho, o mesmo que seria um dos mais vitoriosos técnicos, nos anos 60, além dos artilheiros Odair e Piegas.


Que em 1948 foi vice-campeão e completou sua milésima partida oficial. Que em 1949 ganhou a Taça Cidade de São Paulo e foi vice estadual em 1950, ano em que foi comprado Francisco Ferreira de Aguiar, o grande Formiga. Que em 1951 chegou Tite e em 1952 surgiu Zito, vindo de Roseira. Que em 1953 chegaram Álvaro, Feijó, Del Vecchio e um dos grandes craques da história, Vasconcelos. Que em 1954 o técnico Lula , o homem certo para o lugar certo, muito mais competente do que insinuam, assumiu o time principal .


Que em 1955, depois de um ano da sua estréia, Pepe assinou contrato e surgiu um dos maiores gênios do futebol brasileiro, Pagão, Paulo Cesar Araújo, idolatrado até pelos adversários, o Mestre de Pelé. E que o Santos foi Campeão estadual pela segunda vez, com um golaço de Pepe no último jogo, contra o Taubaté; e nasce o "Leão do Mar", o nosso hino alternativo. Que em 1956 foi bicampeão paulista, com Jair da Rosa Pinto, o grande armador da Copa de 50. 
 E então surgiu na Vila o menino Dico, de 15 anos, trazido pelas mãos de Waldemar de Brito. O Rei chegava à sua Fortaleza e todos os cantos do Mundo virariam domínios de Sua Alteza.
  
E o mundo assistiria a algo nunca visto, a maior e mais intensa coleção de glórias e títulos. Nenhum time reinou tanto por tanto tempo. Nenhum time foi tão temido e tão arrasador, desfilando pelos principais gramados do Mundo, aplicando goleadas impensáveis, exibindo o futebol perfeito, embalado pelo Hino oficial, datado de 1957. Em 1958, Campeão Paulista marcando inacreditáveis 144 gols. Campeão do Rio São Paulo em 1959 e vice campeão paulista, com 156 gols. Em 6 de março, contra o Palmeiras, acontece aquela que muitos consideram o maior jogo de todos os tempos: vitória por 7 a 6! Nomes mágicos vão surgindo, Mauro, Mengálvio, o genial Coutinho, Calvet, Lima, Dorval, Gilmar. Campeão Paulista em 1960, gol de placa no Maracanã, excursões, Campeão Paulista em 1961, Campeão da Taça Brasil em 1961,  Tricampeão paulista, Campeão da Taça Libertadores contra o Penãrol de Pedro Rocha e Sassía e o técnico húngaro Bella Gutman; e Campeão Mundial em 1962.


Pela primeira vez, um time brasileiro ganhava o Mundial Interclubes, fazendo em Lisboa talvez a sua maior exibição: 5 a 2 contra o Benfica de Eusébio e Coluna.
Bicampeão da Taça Brasil em 1962, goleando o Botafogo de Didi e Garrincha por cinco a zero. Bicampeão da Libertadores,  ganhando do Boca Juniors de Rattin e Sanfilipo no Maracanã e na Bombonera. Bicampeão Mundial contra o Milan de Mazzola e Amarildo, e o Santos sem Pelé, sem Zito, sem Calvet. Mas tinha Pepe e Lima, que foram heróicos na batalha do Maracanã em que o Santos devolveu os quatro a dois; e tinha Almir, o "Pelé branco", o rebelde mais querido da história.
E tinha a tranquilidade de Dalmo ao bater o pênalti mais importante de todos os tempos. 

Tricampeão da Taça Brasil em 1963, Campeão Paulista em 1864, Tetracampeão da Taça Brasil em 1964, Bicampeão paulista em 1965, Pentacampeão da Taça Brasil em 1965, Campeão Paulista em 1967 e Bicampeão em 1968. Edu, Carlos Alberto, Clodoaldo, Cláudio, Ramos Delgado, Rildo, Joel, Toninho Guerreiro. E o Tricampeonato Paulista em 1969. O Santos parou uma guerra na África e Pelé fez o milésimo gol, em 19 de novembro. Carlos Alberto, Clodoaldo, Joel, Pelé e Edu são tricampeões mundiais com a Seleção Brasileira. O goleiro titular, que seria o pequeno gigante Cláudio de Aguiar Mauriz, infelizmente não pôde ir...

Em 1973, Campeão Paulista, dividindo o título com a Portuguesa, no mais clamoroso exemplo de ignorância matemática de um juiz.
E em 1974, braços em cruz no meio de campo, o senhor Edson Arantes do Nascimento substitui Pelé: depois de vestir a camisa do Santos em 11.116 jogos, o Rei dava adeus... E até os deuses do futebol choraram.

A nossa história poderia até ter acabado ali. Sem o Rei, o Maior Atleta do Século, ah, o Santos jamais se recuperaria... Isso é o que os inimigos falavam. Mal sabiam eles que, em todos aqueles anos em que o Santos não brilhou, foi apenas um presente, uma concessão aos outros times. Só para assustar, vieram os novos Meninos da Vila, campeões paulistas em 1979 e vice-campeões em 1980, com Pita, Juari, Ailton Lira, Nilton Batata e João Paulo.


E em 1983, vice-campeão brasileiro, naquela histórica final contra o Flamengo de Zico, em que não marcaram dois pênaltis no Pita, no mesmo dia e local em que Santos pedia a volta da sua autonomia. Já com Serginho, Zé Sergio e o fantástico Rodolfo Rodrigues, responsável pela maior sequência de defesas em um único jogo, foi Campeão Paulista de 1984.
Em 1995, não deixaram que o óbvio acontecesse e fomos vice-campeões brasileiros, graças ao juiz, que botou fogo na lógica. Giovani e companhia trouxeram de volta a euforia. Em 1996, campeão do Rio-São Paulo contra o Flamengo de Romário. Em 1998, campeão da Conmebol.

E aí entramos em um mundo de felicidade, com um time de novos meninos da Vila e a recriação do futebol arte,  com Robinho, Diego, Elano, Renato, Leo, Alex: Campeão Brasileiro em 2002 e 2004, Vice-campeão da Libertadores em 2003,, Campeão Paulista em 2006 e 2007. Os fatos estão bem próximos de nós, a memória ainda  pulsa: vivemos desde 2010 a era Neymar e Paulo Henrique Ganso. Campeões Paulistas e da Copa do Brasil em 2010 com um futebol vertiginoso, generoso, vistoso, genial. E veio o esperado e abençoado tricampeonato da Libertadores.

Agora, falta reencontrar os espanhóis.
Mas esta saga que mais parece sonho, que é grande demais mas é a mais pura verdade, seguirá em frente. Pois nós, que amamos mesmo esse Clube, que nos dedicamos a ele e respiramos Santos em cada minuto,  saberemos transmitir às novas gerações esse sentimento especial. Nosso olhar foi treinado a partir do que existiu de melhor e do que existe de melhor, também.

Peixeiros, meninos, boleiros, artistas e santistas. Eis o que somos, eis o que nos move e ilumina. Um século de existência em que deslumbramos o Mundo e traçamos as linhas mestras de um esporte que é a paixão de milhões mundo afora.
Um século de orgulho e lealdade.
E isso, meus amigos, é só um novo início, só o começo de uma nova aventura em que, com certeza, conquistaremos o mundo novamente.


Somos santistas. Somos diferentes, realmente.
Somos alvinegros da Vila Belmiro. E ainda teremos muitas histórias para contar, sob as bençãos de todos os que já se foram, os atletas,  os diretores,  os funcionários, os Presidentes, os Conselheiros e torcedores que, lá de cima, continuam a cantar: San-tos! Sant-tos! San-tos!

 

  Muito obrigado a todos.

 

 


  Braz Antunes Mattos Neto
  Vereador - Líder do PPS.